PARIS JULHO 2021 /2

worldfashion • 26/07/21, 13:50

Damien Hisrt na Fondation Cartier

by PhD. Sylvia Demetresco*

photo-2021-07-21-16-56-50-9“Cherry Blossoms” …Esta é a exposição mais recente de pinturas da superestrela da arte contemporânea Damien Hirst. Foi durante um encontro em Londres, em 2019, que Hervé Chandès diretor da Fondation Cartier e o artista, resolveram montar esta exposição no espaço da Fondation Cartier em Paris, no prédio realizado pelo arquiteto Jean Nouvel.

photo-2021-07-21-16-57-24-17A convite de Rafael Lupo Medina gemólogo da Cartier, nossa colunista Sylvia Demetresco, junto com o filho Lucas Demetresco VP de alimentos e bebidas da Accor, para França, Itália, Portugal, Espanha e Grécia estiveram na exposição. Na foto à esquerda de blazer Rafael Lupo Medina ao lado de Lucas e Sylvia.

photo-2021-07-21-16-57-40-3A série completa inclui 107 telas divididas em painéis individuais, dípticos, trípticos, quadrípticos. Somente 30 pinturas da coleção foram selecionadas, dentre as 107 realizadas em seu atelier londrino.

Nestas extravagantes obras repletas de flores de cerejeira em fundos azuis-claros, sopra um imenso e surpreendente vento de liberdade. Ao mesmo tempo as flores de cerejeira falam de beleza, vida e morte. São extremos que se cruzam, são decorativos, são cores e formas retiradas da natureza, mas que rememoram sempre as outras obras ou fazes pelas quais Hirst já passou.

As obras foram pintadas sobre telas de fundo azul, com tinta industrial e com pincéis grosseiros a até brochas. As cores nestas pinturas brotam por toda a parte, vibrando por meio de pequenas flores brancas e rosas em vários tons, voláteis como jardins primaveris, pinceladas rápidas e com muita tinta formam a textura de cada obra.

photo-2021-07-21-16-57-40Hirst combina várias técnicas que ali podem ser avistadas: pinceladas grossas, elementos de pintura gestual, remetendo-nos tanto ao impressionismo quanto ao pontilhismo, bem como à pintura de ação (action painting). Todas as telas foram pintadas na vertical, o que é impressionante visto seus tamanhos.

As telas monumentais, inteiramente recobertas de cores vivas e densas, envolvem o espectador numa vasta paisagem floral oscilando entre a figuração e a abstração. Poderíamos dizer que “Cherry Blossoms” é uma subversão e uma homenagem aos grandes movimentos artísticos do final do século XIX e XX.

Hirst diz: “A pandemia me deu muito mais tempo para conviver com as pinturas, olhar para elas e ter a certeza absoluta de que tudo acabou. Elas são espalhafatosas, bagunçadas e frágeis e me levam para longe do minimalismo e da ideia de um pintor mecânico imaginário e é tão excitante para mim. Tive um romance com a pintura toda a minha vida, embora o tenha evitado. Como jovem artista, você reage ao contexto, à sua situação. Na década de 1980, a pintura não era realmente o caminho a percorrer. ” Esta exposição nos propõe algo que interage com a longa exploração pictórica de Hirst.

photo-2021-07-21-16-57-40-4A morte sempre é o tema central da sua obra, que sempre esteve rodeada de grande polémica mais ou menos premeditada e por conseguinte de um grande seguimento mediático: os cadáveres de um touro, uma vaca um tubarão, uma ovelha flutuando em formol, da série, Natural History. Ele ainda é conhecido por seus “spin paintings”, realizados sobre uma superfície giratória, e pelos seus “spot paintings”. O seu trabalho mais iconico e polemico, The Physical Impossibility Of Death In the Mind Of Someone Living (Impossibilidade física da morte na mente de alguém vivo);

E sua obra ‘Pelo amor de Deus’, que consiste num crânio com mais de oito mil diamantes incrustados.

Concluindo Damien Hirst consegue por meio da pintura, um modo tradicional na arte, a conquistar seu público, continuar na sua pesquisa de vida e morte. Tanto pelo fato de que as flores de cerejeira vivem por pouco tempo… assim como sua obra, não será eterna, pois, a tinta passará por uma transformação, de uso ou de deterioração no tempo. Como sempre… ele nos coloca em situações de pensar na fragilidade entre… vida e morte!

photo-2021-07-21-16-56-50-14*Sylvia Demetresco (foto acima com o à direita, com vestes Issey Miyake ) é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica no Instituto Universitário da França, em Paris.

Professora de Visual Merchandising na Ecole Supérieure de Visual Merchandising, em Vevey, na Suíça.

É autora de livros sobre vitrinas, entre os quais: Vitrina Construção de Encenações (Educ/Senac), Vitrinas Entre-Vistas: Merchandising Visual (Senac),Vitrinas E Exposições: Arte E Técnica Do Visual Merchandising (Editora Érica, 2014) e Vitrinas: Arte, História e Consumo de São Paulo (Via das Artes, 2014).

contato: sylvia@vitrina.com.br   Fotos: by Sylvia Demetresco

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