Varejo no século 21
worldfashion • 04/07/18, 10:56Patrícia Cotti, Diretora Executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo – Ibevar, conversou com exclusividade com a World Fashion Revista, destacando alguns pontos relacionados a um dos principais temas que dizem respeito ao varejo no século XXI, o digital. A executiva destaca que especialistas da área que palestraram na edição de 2018 da NRF – Retail´s Big Show, em abril último, em New York, trazem como ponto chave de discussão hoje a “Experiência do Cliente”, o que se verifica em todos os campos do consumo e, logicamente, na moda.
Vale lembrar que o Ibevar é um instituto sem fins lucrativos que visa congregar os profissionais varejistas, por meio de conteúdo, networking e negócios, de forma a agregar em suas carreiras e crescimento de mercado.
Dentro do pilar de conteúdo, o instituto possui uma série de pesquisas realizadas em conjunto com o pessoal da USP, como Intenção de Compra, Intenção de Compra na Internet, Prevenção de Perdas, e o Ranking.
Este ano, segundo a executiva, o ranking conta com destaque especial para seus cortes de eficiência e imagem. “Muito além do faturamento, é importante entender quais empresas são destaque do ponto de vista do mercado (imagem) e quais são as mais eficientes na alocação de seus recursos. Isto porque, o faturamento por si só, é muito vazio para que se consiga entender as dinâmicas varejistas”, observa. Os principais e maiores em faturamento, segundo Patrícia Cotti, estão a “anos luz do que a maior parte do mercado consegue desenvolver, por número de lojas e investimentos necessários”, comenta. Na visão da executiva, os grandes benchmarkings estão geralmente relacionados a menores operações.
Com exclusividade para a World Fashion Revista, a executiva do Ibevar apontou os novos direcionamentos para o varejo brasileiro de moda, assinalando as perspectivas na área digital, levando muito em conta também o relacionamento humano visando aos negócios.
WORLD FASHION – É possível a aplicação da tecnologia digital para o pequeno varejo de moda, a exemplo das grandes redes, que já estão adiantadas?
PATRÍCIA COTTI – Certamente. Um marketplace é uma plataforma digital e é a principal inovação que permite a qualquer varejista vender por elas. Os grandes varejistas de moda já são esse local, formando um marketplace para operar na venda de seus produtos. Uma empresa que vende pelo canal digital – pode ser uma confecção que vende diretamente aos clientes ou uma loja de varejo – é conhecida como seller e pode operar na plataforma que escolher. Um seller é uma pequena ou média empresa, que utiliza a plataforma digital de um grande e-commerce, para captação de suas vendas. Este movimento tem sido feito também pelas indústrias, que aos poucos enxergam este canal como uma nova possibilidade de venda em volume, direto ao cliente final.
W.F. – Como um seller pode estar presente numa plataforma?
P.C. – O seller é responsável por toda a operação de seus produtos num marketplace: estoque geral e por grades, precificação de cada item, bem como sua comunicação promocional e logística. Para uma confecção que não tem a experiência de venda ao consumidor – um varejista já tem –, o desafio é maior na gestão de sua oferta/estoque, principalmente para prever a demanda. O cliente responde e é necessário atender rapidamente, ou seja, entregar rapidamente com eficácia. Esse é o maior desafio num marketplace: prever a demanda. Da mesma maneira, um seller pode decidir estar em vários marketplaces.
W.F. – Podemos entender que um marketplace funciona tanto para a venda direta quanto para a comunicação de um seller?
P.C. – Sim. Existem agências que operam no digital – as grandes têm também equipes para outras mídias – mas há aquelas menores especializadas na mídia digital. Essas agências podem assessorar um seller, tanto para configurar a oferta quanto para fazer a comunicação da marca naquele marketplace. Se uma empresa – confecção ou varejista – quiser operar no digital é preferível que use uma agência e faça parte de um marketplace do que entrar numa plataforma só dela.
W.F. – Podemos comparar um marketplace – plataforma digital – com um shopping center – plataforma física?
P.C. – Sim. Um shopping tem várias lojas que vendem e fazem suas ações promocionais naquele espaço. Um marketplace também, só que sua comunicação vai até os clientes, onde estiverem.
W.F. – Quais são as perspectivas para um futuro que está às nossas portas?
P.C. – O Comitê de E-commerce e Marketplace do Ibevar discute seriamente como levar o toque humano (human touch) para uma geração que nasceu já digital. O digital era só um canal de comunicação. Hoje o cliente digital está exigindo o toque humano, como por exemplo, o video live (vídeo ao vivo), por meio do qual o vendedor fala diretamente com o cliente na tela do smartphone.
O comitê está estruturando cursos para capacitar os varejistas na operação eficaz de um marketplace e seller, bem como fóruns abertos destinados a esclarecer os assuntos. Os interessados devem enviar mensagens manifestando interesse em participar para o contato@ibevar.org.br ou ligar para (11) 3894-5022.
da redação WF - Tadeu Dix fotos:divulgação
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