worldfashion • 23/07/21, 18:00
Com o aumento das regulamentações para a sustentabilidade, novos desafios são colocados para todos os níveis da cadeia de abastecimento têxtil, e todas as partes interessadas devem trabalhar juntas para apoiar essa transição. Das indústrias como fiações, tecelagens, malharias e confecções aos varejistas, e as parcerias facilitam a troca de recursos e experiências para resolver a questão da poluição têxtil no mundo. Leia sobre as notícias que chegaram da Lenzing Group, da The Lycra Company e sobre o manejo e cuidados com o algodão.
Lenzing & Orange Fiber
Lenzing Group, um produtor líder global de fibras especiais à base de madeira, está fazendo parceria com a Orange Fiber, uma empresa italiana que patenteou o processo de produção de celulose para subprodutos cítricos, para produzir a primeira fibra de liocel com a marca TENCEL ™ feita de polpa de celulose vinda da casca de laranja e polpa de madeira.
Este novo produto visa concretizar a visão compartilhada de ambas as empresas para aumentar a sustentabilidade na indústria têxtil e da moda. A nova iniciativa TENCEL ™ Limited Edition combina a imaginação, inovação e inspiração de têxteis eco-responsáveis, através da reinvenção das fibras da marca TENCEL ™ usando matérias-primas sustentáveis não convencionais.
“A introdução do TENCEL ™ Limited Edition alavanca nossa vanguarda em processos de produção altamente sustentáveis e estamos orgulhosos de colaborar nesta edição especial da série de fibras com a Orange Fiber.” disse Gert Kroner, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Global do Grupo Lenzing. “Ao reciclar materiais residuais, como cascas de laranja em nossos produtos, estamos tomando medidas proativas em direção a um futuro mais sustentável e minimizando o impacto ambiental dos resíduos.”
O TENCEL ™ Limited Edition em parceria com a Orange Fiber apresenta uma nova fibra celulósica para inspirar ainda mais a sustentabilidade em toda a cadeia de valor da indústria e expandir os limites da inovação. As fibras estão atualmente sendo transformadas em uma nova coleção de tecidos que a Orange Fiber apresentará ao mercado em outubro de 2021.
“A Lenzing é uma empresa líder na indústria de fibras sustentáveis e estamos orgulhosos de fazer parceria com eles para criar este novo material que se tornará um recurso valioso para a indústria têxtil e da moda. Este modelo de produção pioneiro pode ajudar a revolucionar a indústria da moda e capacitar marcas que buscam cadeias de valor têxteis ecologicamente responsáveis ”, disse Enrica Arena, CEO da Orange Fiber. “Com os consumidores cada vez mais conscientes do meio ambiente, é imperativo que a indústria evolua tangencialmente e inove com materiais sustentáveis para se manter eficiente, competitiva e salvar nosso planeta para as gerações futuras. Esta sinergia virtuosa representa um passo fundamental em nossa jornada rumo à produção sustentável de tecidos a partir de fontes renováveis, valida nossa patente industrialmente e nos permite aumentar nossa capacidade de produção, satisfazendo assim as necessidades das marcas de moda. ”
“Nossa cooperação com a Orange Fiber mostra o compromisso da Lenzing com a parceria para a mudança. Estamos entusiasmados em apoiar os desbravadores da indústria em ascensão para concretizar suas ideias inovadoras ”, acrescenta Kroner. “Colaborações como essas podem trazer mudanças revolucionárias, e nossa iniciativa TENCEL ™ Limited Edition oferece uma oportunidade para empresas de todos os tamanhos unirem forças com a Lenzing.” conclui
As coleções produzidas a partir da TENCEL ™ Limited Edition com Orange Fiber terão materiais de marketing dedicados, como etiquetas de swing de edição especial, que fornecerão informações relevantes sobre o processo de produção e os materiais envolvidos. O objetivo é incentivar o co-desenvolvimento de soluções inovadoras para dar uma nova vida aos resíduos e promover uma maior transparência na indústria têxtil e da moda para atingir plenamente as práticas sustentáveis da indústria.
da redação com informações da Lenzing Global e Orange Fiber imagens: fotos/divulgação
The LYCRA Company & HeiQ
Os líderes em inovação de tecnologia têxtil, a The LYCRA Company e a HeiQ, empresa fundada em 2005, como uma divisão do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH) e listada no Mercado Principal da Bolsa de Valores de Londres (LSE:HEIQ), a HeiQ é líder em inovação têxtil e materiais, criando algumas das tecnologias mais eficientes, duráveis e de alto desempenho do mercado hoje, celebraram uma colaboração ampla em plataformas múltiplas de tecnologia e de marca que promete gerar tecnologias têxteis mais inovadoras e sustentáveis, que melhorem a qualidade para consumidores de todo o mundo.
Depois de conversas exploratórias que começaram no início de 2019, a HeiQ e a The LYCRA Company resolveram convergir as suas filosofias e capacidades em comum em ciência têxtil, redes comerciais e marketing global para fomentar plataformas de inovação em grandes mercados têxteis. As empresas almejam inovações de marca em mercados de tecido elastizado, termorregulação, frescor e sustentabilidade.
Julien Born - CEO of The LYCRA Company and Carlo Centonze - co-founder and CEO of HeiQ Group
“Temos o prazer de anunciar o lançamento desta colaboração, resultado de conversas que começaram há dois anos”, comentou o diretor de marca e inovação da The LYCRA Company, Steve Stewart. “Ao combinar a força das duas empresas, vamos continuar a estimular inovações impactantes na indústria têxtil, entregando novas soluções cada vez mais rápido para um público cada vez maior”.
Juntas, a The LYCRA Company e a HeiQ trazem conhecimento consolidado na cadeia de valor têxtil global de processadores de fios, tecelagens e malharias, confecções e varejistas e demonstram compromisso com inovações sustentáveis voltadas para o consumidor, por meio de parcerias que levam a performance têxtil a novos patamares. Esses líderes da indústria possuem forças complementares: a The LYCRA Company é líder reconhecida pelo consumidor por suas marcas de fios e tecidos que atendem as necessidades de elasticidade, aquecimento e resfriamento sustentáveis; a HeiQ é reconhecida por suas inovações em acabamentos que tratam de frescor, sustentabilidade, gerenciamento de temperatura inteligente, antiviral, secagem e em muitos outros mercados.
As primeiras plataformas de inovação, dentre várias, serão lançadas durante o verão no hemisfério norte, trazendo uma nova dimensão de conforto e confiança para o consumidor com a entrega de benefícios antivirais e de frescor, com a qualidade e conforto de tecidos elastizados, homologados com um novo padrão de tecnologia da marca LYCRA® freshFX®. Preparativos para esta inovação já estão em andamento, inicialmente com foco nas cadeias de valor da China, voltadas para o consumidor chinês, e a apresentação está prevista para a feira Intertextile, em Shangai, no final de agosto.
“O objetivo da HeiQ é possibilitar que as marcas e fabricantes na indústria têxtil ofereçam mais conforto, desempenho e sustentabilidade para seus produtos, além de promover consciência de marca nos consumidores, que serão os maiores beneficiados com essas inovações”, destacou o co-fundador e CEO do Grupo HeiQ, Carlo Centonze. “Além de unir as melhores mentes, essa colaboração com a The LYCRA Company também garante que inovações revolucionárias estarão disponíveis e beneficiarão o maior número possível de consumidores”.
“A colaboração tem como base valores mútuos e filosofias que as duas empresas compartilham”, afirmou o CEO da The Lycra Company, Julien Born. “Estamos ansiosos para explorar essas sinergias naturais entre nós e descobrir novas soluções para a indústria têxtil”.
O foco dessas colaborações será atender às necessidades dos consumidores quanto à qualidade, durabilidade e roupas sustentáveis. Amostras de tecido e peças estarão disponíveis no final do verão no hemisfério norte para seleção comercial em alguns países.
The LYCRA Company & ITOCHU
A empresa reforça também as ações de economia circular no setor têxtil, e acaba de lançar os seus primeiros fios feitos com 100% de resíduos têxteis: são eles o COOLMAX® EcoMade e THERMOLITE® EcoMade, que resultam de uma colaboração estratégica com a ITOCHU Corporation, uma empresa japonesa de comércio e desenvolvimento de negócios internacionais, com força nos setores relacionados ao consumidor final, incluindo o setor têxtil. Os novos fios passam a associar os seus atributos principais de desempenho de resfriamento e aquecimento, respectivamente, à sustentabilidade, em busca de uma necessidade crítica da indústria têxtil global.
“A sustentabilidade se baseia na crença de que, para ter um negócio saudável, precisamos ter um planeta saudável”, com essa declaração, o Chief Executive Officer da The LYCRA Company, Julien Born, resume a proposta da empresa, fabricante de soluções em fios e tecnologia e primeiro elo da cadeia da moda, em relação à sustentabilidade e à economia circular. Esses fios são os primeiros de uma série de inovações em que a empresa está trabalhando com base na reciclagem de têxteis e vestuário. É um processo único de despolimerização e refino que é usado para converter os resíduos têxteis, que consistem em sobras da produção de fabricantes de roupas, em fibras com propriedades comparáveis ao poliéster virgem.
Os fios COOLMAX® e THERMOLITE® originais já vinham sendo feitos a partir de matérias-primas recicladas, como garrafas PET, por muitos anos. A empresa continuará oferecendo esses produtos em paralelo com os feitos de resíduos têxteis.As ações ambientais da The LYCRA Company têm se intensificado nos últimos anos. Desde 2008, foi implementado o Planet Agenda, um programa que apresenta o compromisso da empresa com a sustentabilidade de seus processos operacionais e de produção, englobando todos os aspectos do negócio da empresa.
Em sintonia com as tendências do conjunto de práticas de ESG (environmental, social and governance), que são diretrizes globais de produção das grandes corporações, o programa “Planet Agenda” estabelece três ambições de sustentabilidade: Excelência na Fabricação para minimizar o impacto ambiental, conservando recursos, reduzindo emissões e eliminando desperdício em suas fábricas; Sustentabilidade de Produtos com a oferta de produtos competitivos que satisfaçam as necessidades dos mercados de vestuário usando menos recursos além de melhorar o desempenho ambiental de todos os tecidos; e Responsabilidade Corporativa, protegendo a saúde e a segurança dos trabalhadores e comunidades.
As ações da empresa vão ao encontro às demandas dos consumidores. Em pesquisa encomendada pela Abit, em relação às mudanças de valores pós-pandemia, foi verificado que o consumo está mais consciente. Segundo o levantamento, 55% dos entrevistados acreditam que passarão a valorizar mais marcas e produtos que sejam realmente sustentáveis.
Da mesma forma, pesquisa da consultoria McKinsey, realizada durante a pandemia, também aponta que, mais de três em cada cinco consumidores disseram que o impacto ambiental é um fator importante na tomada de decisões de compra.
Um estudo do Business of Fashion, o State Fashion 2021, aponta que a economia circular no setor têxtil é fundamental. Isso porque a produção de roupas está crescendo 2,7% ao ano e menos de 1% dos produtos são reciclados em novas roupas. Além disso, 25% das roupas não são vendidas.
Segundo a vice-presidente para a América do Sul da The LYCRA Company, Adriana Morasco, nesta retomada da economia ficou evidente que os consumidores estão mais conscientes. “A pandemia acelerou um processo que já vinha acontecendo. O lançamento do fio LYCRA® Ecomade, o primeiro fio da empresa fabricado com 20% de material reciclado pré-consumo foi um sucesso global e já esta disponível ao consumidor brasileiro”.
Outro aspecto, segundo Adriana, é que há uma crescente demanda por produtos com mais qualidade. “A busca por roupas com a etiqueta LYCRA® vem aumentando em função da qualidade e conforto que o fio LYCRA® e suas tecnologias conferem às roupas. Durabilidade está diretamente ligada à sustentabilidade”.
“Acelerada pela pandemia e pela consciência em consumir melhor, vemos crescer cada vez mais a demanda de marcas e magazines para o desenvolvimento de coleções com produtos mais sustentáveis. Em 2020, lançamos com a Vicunha Têxtil artigos para o segmento de jeanswear. Já com as malharias Kalimo, Berlan Têxtil e Santaconstância foram desenvolvidos artigos para lingerie, fitness, moda praia e “ready-to-wear, todos com fio LYCRA® EcoMade. Acabamos de lançar uma coleção cápsula fitness em parceria com a Riachuelo e muitas outras colaborações estão previstas para o decorrer do ano”, declara a gerente de marketing da The LYCRA Company, Maria Luiza Amaro.
Além de garantirem conforto e liberdade de movimento, as roupas com fio LYCRA® fazem com que as peças não percam a forma e durem mais, evitando descartes. Outro exemplo é o fio LYCRA® XTRA LIFE™. Ele proporciona maior durabilidade para as peças. No caso de beachwear, possibilita que as peças resistam até 10 vezes mais em contato com o cloro da piscina do que um elastano convencional, evitando a aparência de desgaste após muitas lavagens.
“Ao comprar roupas mais duráveis e usando-as por mais tempo, podemos reduzir significativamente o impacto ambiental”, diz a diretora de Sustentabilidade da The LYCRA Company, Jean Hegedus. Segundo ela, o estudo World Resources Action Programme aponta que estender a vida útil das roupas por apenas nove meses já ajuda a reduzir a emissão de carbono, o uso de água e geração de resíduos em até 10%.
Outras ações
A empresa decidiu continuar apostando na inovação aberta e participar da segunda rodada do Fashion Hub, um programa para que grandes players de mercado se abram para as rápidas transformações no setor da moda. Por meio de mapeamento de desafios tecnológicos do setor e de parcerias com startups e cientistas, as empresas terão a oportunidade de desenvolver novas soluções que impactarão positivamente os seus negócios.
A empresa foi uma das parceiras da 1.ª rodada do Fashion Hub e, baseada nos princípios da economia circular, buscava novas aplicações para a solução polimérica de Poliuretano e os resíduos de fibras de Elastano, que em ambos os casos, possuem ingredientes que podem aditivar outros materiais. Também buscava encontrar novos destinos para resíduos de produção alinhados com a política de sustentabilidade e que possam ser rentáveis para a empresa.
Nesse processo, a Âmago Soluções Têxteis trouxe uma alternativa mais limpa e viável de reciclagem. Já a Aterra Ambiental pensou em um marketplace de resíduos.
A The LYCRA Company também conta com outras iniciativas de sustentabilidade na produção e na logística. Por meio de soluções de engenharia, a fábrica em Paulínia, no interior de São Paulo, conseguiu reduzir em aproximadamente 40% o consumo de filme plástico em embalagens.
Na logística de transporte, a empresa também tem avançado por meio da otimização da entrega das cargas aos clientes (maior quantidade de cargas por quilometro rodado) e na devolução de contêiner, com o recebimento de um tanque de cada vez, mas devolução de dois por vez. Com essas ações, a empresa já reduziu substancialmente a emissão de dióxido de carbono (CO2). De 2017 para 2019 foram menos 194.135 km rodados, o que equivale à redução de 116 toneladas de CO2 que deixou ser emitido pelo diesel que não foi queimado.
O fio LYCRA® EcoMade, que utiliza material reciclado pré-consumo em 20% de sua composição, é certificado pela Global Recycled Standard (GRS), que verifica o material reciclado e o rastreia desde a origem até o produto final. O GRS inclui rígidos requisitos sociais, ambientais e químicos.
Além disso, em janeiro, 25 produtos da The LYCRA Company obtiveram os Certificados de Saúde de Material no Nível Ouro do Cradle to Cradle Products Innovation Institute, o que reforça o compromisso da empresa com a transparência, sustentabilidade e segurança. Válido por dois anos, o certificado ajuda os fabricantes a afirmarem a transparência na matéria-prima utilizada em seus produtos e em toda cadeia de abastecimento, substituindo produtos químicos de risco por mais seguros e adotando uma química cada vez mais verde.
A empresa também acaba de concluir o Higg Facility Environmental Module (FEM), ou Módulo Ambiental da Instalação Higg (em português), que consiste na autoavaliação em todos os seis locais de fabricação da fibra LYCRA®. O impacto robusto da avaliação - que analisa os sistemas de gestão ambiental, uso de energia, emissões, água uso, águas residuais e gestão de resíduos e produtos químicos no nível da instalação – ajuda as fabricas a buscarem estabelecerem uma melhoria contínua no âmbito ambiental.
da redação com informações da INOVAETC imagens: fotos/divulgação
SOBRE A FIBRA NATURAL - ALGODÃO
O “Estado da Arte” do algodão brasileiro por João Vanin*
O Brasil é um dos cinco maiores exportadores de algodão do mundo, sendo o primeiro lugar em produtividade em sequeiro. Os países asiáticos são os maiores compradores de algodão brasileiro, e este protagonismo deve-se à qualidade do produto, amplamente reconhecida. Entretanto, o processo produtivo da cotonicultura, que é realizado por meio de etapas rigorosas e respeitando a preservação ambiental e a sustentabilidade, é ainda pouco conhecido. Em geral, vemos as paisagens brancas em meio às plantações e não nos damos conta de todo o caminho percorrido até ser transformado, por exemplo, em tecidos ou roupas.
Os cotonicultores brasileiros costumam dizer que há 100 lições para atingir o estado da arte da cultura. Mas a história centenária do algodão em nosso País mostrou que há muito mais do que uma simples centena de processos para alcançar um produto de reconhecimento global.
Em primeiro lugar, o planejamento correto de qualquer cultura agrícola é fundamental para um bom resultado produtivo. A escolha da variedade de sementes é considerada uma das decisões mais importantes para o sucesso da colheita. As variedades atuais oferecidas ao mercado são cada vez mais sofisticadas do ponto de vista genético, agregando tolerância a doenças e pragas e podendo representar ganhos significativos em produtividade, economia de custos e qualidade final da fibra. Com as constantes mudanças na agricultura, seja em uso da tecnologia ou no surgimento de novas variedades de doenças, é importante que o produtor esteja atento às novas sementes existentes no mercado, para manter e melhorar a sua produtividade da lavoura.
O sistema de cultivo praticado e o manejo da lavoura são fundamentais para que o conhecimento do crescimento da planta seja conduzido de forma adequada. A definição da data de plantio e da densidade de plantas são fatores significativos para a lavoura, pois refletem diretamente na produtividade e qualidade de fibra. Os tratos culturais precisam ser realizados de forma programada, para que a aplicação de defensivos e fertilizantes seja realizada na quantidade e tempo corretos.
Outros processos importantes durante a safra de algodão são a desfolha e a maturação. Enquanto o primeiro trata-se da retirada das folhas do algodão via aplicação de hormônios vegetais (evitando manchas na pluma pelas folhas), o segundo serve para acelerar o processo de maturação da fibra e a sua uniformização, tornando-se apta a colheita mecanizada.
As intempéries climáticas exercem grande influência na qualidade do algodão pois quanto maior a exposição no campo sob efeito da radiação solar e umidade relativa do ar, mais a lavoura sofre a influência da redução da resistência e do alongamento, da perda de peso da fibra do algodão, além de deixá-la quebradiça.
O beneficiamento do algodão é uma das etapas mais conhecidas e que define o resultado produtivo final da cultura. É importante nesse processo cumprir algumas regras básicas de controle, evitando a presença de contaminantes naturais e artificiais e realizando a segregação do algodão em caroço, de acordo com a variedade e suas características internas e externas, buscando minimizar as agressões mecânicas exercidas sobre a fibra no processo da colheita mecanizada e transporte, minimizando o impacto na perda de qualidade e aumentando a eficiência do processo de beneficiamento.
No beneficiamento, é importante ainda atentar-se para o descaroçamento, pois é nessa etapa que ocorre a extração da fibra do caroço e a maior agressão mecânica sobre o algodão. É quando surgem os subprodutos que são tão importantes quanto a fibra. O caroço é comercializado para a produção de óleo para consumo humano, processamento de ruminantes e em produtos para a indústria de cosméticos, farmacêutica, papel moeda, tecnologia, têxtil e celulose. A fibrilha remanescente desse processo é utilizada na indústria têxtil para produção de fios, que serão direcionados para a fabricação de tecidos rústicos/decorativos, sacaria e panos de prato.
Esta etapa, quando feita com excelência, começa com o planejamento e a programação, que direcionam os módulos para serem processados de acordo com suas particularidades e características. Nesse processo, os controles de umidade, temperatura e carga de alimentação da usina devem ser conferidos de hora em hora e ajustados de acordo com a particularidade e recomendação de cada lote de algodão, evitando danos mecânicos na fibra e impacto na qualidade. Os cuidados e regulagens das escovas, serras, costelas, serrilhas e grelhas são fundamentais para a limpeza adequada da pluma, preservando o comprimento e resistência da fibra, com equilíbrio para não ocorrer desperdício ao longo do processo de beneficiamento.
A colheita é uma fase que requer muito cuidado para não afetar a produção e a qualidade do algodão. Para se obter uma colheita eficiente, o ideal é que todos os capulhos (como é chamado o fruto do algodão, no qual estão contidas as sementes e fibras) estejam abertos, indicando que a fibra está madura e permitindo que os fusos da colheitadeira consigam retirar o máximo de algodão da planta, evitando assim o impacto negativo na produtividade. Quando a colheita acontece de forma antecipada, algumas impurezas podem afetar o rendimento, por conta da dificuldade de extrair o algodão do capulho, impactando também na qualidade do produto, devido a presença de fibras imaturas e com baixa resistência. A própria manutenção da colheitadeira interfere diretamente no resultado, sendo necessário um cuidado maior com as placas, que devem ser reguladas de forma equilibrada, de modo que não fique nenhum algodão em caroço na lavoura e não haja agressão ao caule da planta, evitando que parte dele siga com algodão em caroço e gere contaminação na pluma.
A logística e o transporte do algodão são fatores preponderantes para que o produto esteja com a qualidade desejada. É importante estar atento ao tamanho dos módulos de algodão, agrupando-os em linha na margem da lavoura para facilitar sua retirada. No transporte, deve-se evitar o rompimento da lona utilizada na formação do módulo, cobrindo-o lateralmente para evitar a contaminação com poeira durante o deslocamento até o pátio da usina de beneficiamento. Neste local, é fundamental realizar o descarregamento segregando e agrupando os módulos por lavoura, variedade e tipos de contaminantes, para facilitar a programação de beneficiamento de forma homogênea, evitando a mistura de diferentes características e consequências negativas na qualidade e eficiência.
Por fim, o atestado de qualidade é realizado a partir do envio de uma amostra de cada lado do fardo e já identificado com a etiqueta SAI (sistema de identificação da Abrapa - Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) para o laboratório e sala de classificação, onde realiza é feita a análise de comprimento, resistência, índice de fibras curtas, alongamento, micronaire, grau de cor e refletância da pluma, a classificação visual, com segregação por tipo comercial, e são formados os lotes para serem apresentados aos clientes.
Se todos estes processos forem seguidos à risca, a indústria têxtil terá a certeza de receber um algodão de qualidade. O consumidor final terá uma roupa com fibra de alto padrão. E o Brasil continuará sua trajetória como um dos maiores cotonicultores do mundo.
*João Vanin é Engenheiro Agrônomo, mestre em fisiologia vegetal e especialista em agronegócios, e atualmente gerente de produção de sementes na SLC Agrícola. Atua no sistema de produção soja-milho-algodão a mais de 10 anos, focado principalmente na gestão de recursos produtivos e manejo fitotécnico de culturas.
fonte: CDI imagens: fotos/divulgação
Bayer*
A parceria da empresa com o projeto Sou de Algodão, busca a conscientização sobre moda e consumo sustentável e reforçar a importância da produção brasileira de algodão, uma das mais responsáveis do mundo. Este é um dos fatores que incentivou a Bayer, que já participa desde 2016, a renovar a parceria com o projeto Sou de Algodão, fundado no mesmo ano, desenvolvido pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) e pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). O objetivo é contribuir com a iniciativa, que valoriza o algodão na moda e outros setores, ampliando as práticas sustentáveis presentes desde a produção até a confecção de produtos a partir da utilização da fibra.
“Queremos mostrar que as roupas que as pessoas vestem têm em sua origem uma produção responsável.Quando você escolhe uma calça de algodão, por exemplo, ajuda o mercado interno, colaborando com a economia nacional e contribuindo para a geração de empregos”, afirma Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa. O movimento Sou de Algodão nasceu para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável, unindo vários agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil do algodão, desde produtores rurais até o consumidor final, passando por tecelões, artesãos, fiadores, designers de moda, estilistas e estudantes.
Hoje, 75% da produção do algodão no país possui certificação socioambiental. Um levantamento da própria iniciativa mostra que o Brasil é campeão mundial em produtividade quando o assunto é o algodão sem irrigação: mais de 90% das plantações dependem apenas da água da chuva para se desenvolver.
“O movimento reforça a importância da sustentabilidade presente em nossa estratégia de negócio, que tem como pilar a inovação aberta e colaborativa. O trabalho desenvolvido com instituições como a Abrapa são fundamentais para construirmos novas soluções e tecnologias para um futuro mais sustentável, impactando positivamente todos os elos da cadeia produtiva do algodão”, explica o líder de negócios em soja e algodão da Bayer, Marcelo Neves.
Tecnologia de algodão Bayer: produtividade e qualidade
O Brasil está entre os cinco maiores produtores de algodão do mundo, ao lado de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A produção brasileira é também protagonista no consumo e na exportação da pluma, segundo dados da Abrapa.
Líder em tecnologia para a cultura do algodão no Brasil, a Bayer prepara-se para lançar, ainda neste ano, a terceira geração da tecnologia Bollgard (III RR Flex™), que trará mais produtividade e novos manejos a pragas. A solução Bollgard II RR Flex™, principal marca de algodão da companhia, está presente na maioria dos campos da cultura do país, segundo dados da pesquisa realizada pela BIP/Spark (mapeamento da safra 2019/2020).
A ferramenta auxilia o cotonicultor a produzir a cultura de maneira responsável, a biotecnologia Bollgard® facilita o manejo, trazendo mais segurança para o agricultor e para o meio ambiente, além de contribuir na redução dos custos de produção resultantes pelo menor uso de insumos agrícolas e recursos naturais.
* Bayer que celebra, em 2021, 125 anos de Brasil. Chegou ao País em 1896, abrindo a primeira fábrica no Rio de Janeiro; Hoje, está presente em mais de 30 cidades, com 6.500 profissionais espalhados de norte a sul. O Brasil é o maior mercado da Bayer na América Latina e local de grandes descobertas na medicina, de novas tecnologias para o campo e de inovações que melhoram a qualidade de vida do brasileiro e contribuem para o desenvolvimento do país. O Grupo está atento aos novos desafios da humanidade, cada vez mais coletivos e que não podem ser solucionados por atores isolados. Por isso, tem investido cada vez mais em modelos de negócios baseados em colaboração, por meio de suas três divisões e do seu primeiro hub de inovação aberta da América Latina, com parcerias relevantes para os negócios. E para construir os próximos 125 anos, mais que fortalecer sua voz, a Bayer quer ampliar sua escuta e entender cada vez melhor as expectativas da sociedade e as necessidades dos clientes: seja o agricultor, o médico, o paciente, o consumidor - e a sua gente, cada vez mais plural e diversa; quer estreitar laços, alinhar expectativas, promover o diálogo, aproximar sua comunicação e construir os próximos passos da empresa junto ao público.
da redação por Jeffrey Group imagens: fotos/divulgação