worldfashion • 14/12/22, 22:45
Com o tema COCRIAR O FUTURO, o maior evento de moda sustentável da América Latina aconteceu em dezembro deste ano em dois espaços em São Paulo. Foram 20 desfiles, 18 painéis e 30 workshops, além de instalações temáticas e participações internacionais.
A Brasil Eco Fashion Week (BEFW) desde 2017 aplica boas práticas de acessibilidade, e vem se aperfeiçoando a cada ano. Além de intérprete de libras, há audiodescrição das exibições e dos desfiles, além de QRCode nos ambientes expositivos como ferramenta para disponibilizar informações para Pessoas com Deficiência (PCD).
A semana de moda sustentável contabilizou mais de 3.000 visitantes e participação de marcas de todas as regiões do país. O evento é referência na indústria da moda e da confecção por promover negócios de impacto positivo, sendo a diversidade e a responsabilidade social os pilares que ajudaram a alcançar a sua 6ª edição.
Para Rafael Morais, diretor executivo, as ações do BEFW têm um papel pedagógico. “Conhecer a realidade é fundamental. Há centenas de projetos de sustentabilidade acontecendo no país e dar visibilidade é nossa missão. Além disso, moda é sobre pessoas. É sobre a sociedade. O que trouxemos para a sexta edição continua surpreendendo até mesmo quem já atua no setor. Por isso, vimos gente emocionada da primeira até a última fila nos desfiles”.
Ainda sobre a diversidade, vale destacar a presença dos povos originários no BEFW que, desde 2019, traz indígenas para o line up e realiza ações como o Espaço Amazônia para apresentar inovações. Nesta edição, Sioduhi Studio apresentou o Maniocolor, corante têxtil à base de casca de mandioca, desenvolvido pelo designer em seu território ancestral, o Alto Rio Negro, na Amazônia. We’e'ena Tikuna apresentou o Tururi, tecido orgânico que tem origem na entrecasca de árvores seculares no território Tikuna, uma das maiores nações indígenas do país. Entre os modelos indígenas do desfile, esteve na passarela Txai Surui, que ganhou destaque internacional após seu discurso em 2021 na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), em Glasgow.
A 6ª BEFW CoCriar o Futuro promoveu 21 desfiles, 18 painéis, 30 workshops e espaços temáticos. E também foi o momento de dialogar sobre o 1º Programa de Moda Circular e Inovação BEFW, projeto realizado com curadoria da equipe de especialistas em circularidade e sustentabilidade do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção do SENAI CETIQT. E também teve o lançamento da página do BEFW na plataforma de e-commerce Mercado Livre. Uma ação para ampliar vendas online de marcas participantes do evento.
O evento também contou com a participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com o lançamento da identidade visual da marca Sebrae Fashion (SBR FSHN). No estande, a Mostra de Moda Sebrae Fashion, apresentou look de 21 negócios presentes no line up da 6º edição. Com apoio de estudantes do Senac Lapa Faustolo, que atuaram como monitores, a Mostra Sebrae contribuiu para que o público aprofundasse conhecimentos sobre os processos necessários para um produto sustentável, produzido com mínimo impacto ambiental e com responsabilidade social.
A cenografia da mostra e do evento em geral buscou ressaltar as ações de sustentabilidade e inovação ao utilizar desde tecidos reciclados da empresa parceira EcoSimple, que compunham o fundo da passarela, ao pioneirismo em realizar a primeira passarela de material reciclado em um evento. Com mais de 20 metros, a passarela foi produzida com fibras de jeans usados, numa fusão de plástico reciclado, látex natural, uma cocriação da Therpol Inovations, da CottonMove e da Retalhar.
No pilar dos conteúdos destaques para participações de importantes empresas e indústrias no segmento de inovação para a sustentabilidade, como empresas nos palcos desta edição como Rhodia, Malwee, Renner, Fashion Hub, Vicunha, Colabora Moda Sustentável, Senai Cetiqt, dentre outros, promovendo excelentes reflexões e debates em prol de futuros prósperos para a indústria da moda.
A 6ª edição do BEFW teve patrocínio master da Renner e do Mercado Livre, e patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Nacional e Apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Senac. A Vert, além de co-patrocinadora, ofereceu tênis sustentáveis para as marcas usarem nos desfiles.
Desde a primeira edição, a BEFW - semana de moda sustentável - tem recebido apoio da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - ABIT em diferentes ações como convite de compradores e da imprensa internacional. Também tem as parcerias com o programa Texbrasil da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex Brasil, para internacionalização de marcas e produtos nacionais, além da Associação Brasileira de Estilistas - Abest.
A Pantys abriu o desfile transformando o tabu da menstruação em ato pela dignidade menstrual. Uma das modelos escreveu no corpo as palavras igualdade racial para destacar que a pobreza menstrual atinge 47% das jovens negras e de famílias de menor renda no país (Espro, 2021). O BEFW encerrou a temporada de passarela com um desfile surpresa realizado em parceria com ‘Maju Convida’. Um desfile em que Maju de Araújo, modelo com síndrome de Down, trouxe amigos, artistas e influenciadores para desfilar com ela exatamente no dia 3 de dezembro, Dia Mundial das PCDs. Isso levantou a questão de que ainda existe escassez de estilos de roupas adaptáveis, oportunidades e visibilidade para PDC’s que já ultrapassam 17 milhões no Brasil (PNS, 2019). Um marco no evento que a lançou como mode
PANTYS
Fundada em São Paulo por Emily Ewell e Maria Eduarda Camargo, a Pantys é a primeira marca de calcinhas absorventes, laváveis e reutilizáveis da América Latina e única clinicamente testada no mundo. Com vida útil de 100 lavagens, o produto é feito de tecido biodegradável e atende um mercado de 86% das mulheres no Brasil que usam absorvente externo, reduzindo as montanhas de lixo gerados com o descarte. Iniciativas de impacto social incluem doação de produtos para projetos voltados para o fim da pobreza menstrual e inserção de mão de obra de refugiados no Brasil na etapa da embalagem.
O desfile apresentou calcinhas, sutiã para lactantes, cueca masculina e linha praia disponíveis no catálogo.
A Pantys usou sandálias @uselinus (Linus) de PVC ecológico microexpandido e certificação PETA-Approved Vegan e Carbonext por compensar o dobro das emissões de carbono.
COLLAB RANI + COMAS
Na parceria entre as idealizadoras das marcas Rani (Luana Cicolo) e Comas (Agustina Comas), todas as peças foram elaboradas em processos de upcycling industrial com a criação do tecido ORICLA ELÁSTICO. rolos de 20m construídos com material que seria descartados. Os produtos traduzem o reuso inteligente de materiais com intuito de reduzir a geração de resíduos e colaborar com uma cultura de produção de moda com menos desperdícios.
A coleção com o tema Upycling Industrial Brasileiro, apresentou uma linha de roupas esportivas e também peças com modelagens feitas para serem versáteis e se adaptarem a todas as ocasiões. Na passarela, elementos cênicos para simbolizar o modo produtivo e a valorização da matéria-prima fruto da recriação a partir de um descarte. A coleção foi apresentada com tênis da Vert.
DEMODÊ
A marca de São Luis, MA, liderada por Maria Zeferina, produz desde 2018 roupas íntimas e peças conceituadas como moda conforto usando como base o algodão colorido orgânico da Paraíba, certificado pela Ecocert. O algodão cultivado no sistema de agricultura familiar já nasce naturalmente colorido. Por dispensar irrigação e tingimento, geram economia de 87,5% de água se comparados com peças de produção industrial convencional. Adepta do lixo zero, reutiliza os resíduos de confecção para a criação de outros produtos. Toda a produção é feita por mulheres em conjunto com duas associações: “Bilro de Ouro” e “Tecendo Saberes” que cuidam das rendas, crochês e outros produtos com os retalhos da confecção.
A coleção trouxe o tema “O futuro é Ancestral” com roupas em algodão, crochê, rendas e acessórios biodegradáveis, relembrando que as tecnologias ancestrais são sabedoria e inspiração para a moda do futuro, onde o ser humano e a natureza são uma coisa só. Alguns looks da coleção foram acompanhados de tênis Vert produzidos com algodão orgânico e algodão reciclado com PET, borracha e couro, além de C.W.L, um material vegano de origem biológica.
NUZ
A marca nasceu em 2015, um projeto antigo idealizado por sua criativa e responsável, Duda Cambeses. A marca trouxe um novo olhar sobre o vestir, sendo pioneira em peças com modelagens transformáveis e all gender, que se adaptam a diferentes corpos, no tamanho chamado Universo, que veste do tamanho P ao G. Na produção, adepta do lixo zero. Todo resíduo gerado é transformado em novas peças.
No desfile foram apresentadas peças confeccionadas com tecido tecnológico proveniente de fibra celulósica oriunda de reflorestamento e acabamento com óleo de casca de arroz, que traz como benefício um toque suave e durabilidade da peça. No desfile a marca usou sandálias Linus @uselinus de PVC ecológico microexpandido e certificação PETA-Approved Vegan e Carbonext por compensar o dobro das emissões de carbono.
CONTEXTURA
A marca foi idealizada por Evelise e Anne Anicet, mãe e filha, atuantes há 12 anos no mercado. Tem como diferencial a inovação em texturas têxteis. Além disso, usa insumos de reaproveitamento e matérias-primas natural e tecnológica, rastreadas e/ou certificadas, através de processos de fabricação artesanal, digital e industrial. A marca participou do projeto Global Fashion Agenda 2020, que surgiu no Copenhagen Fashion Summit 2017 e convocou outras marcas de moda e varejistas a assinarem um compromisso para acelerar a transição para um sistema de moda circular. Assim, tornando-se signatária, pioneira e disseminadora da causa pela circularidade na moda brasileira.
A coleção foi inspirada na memória de praia, sensações de contato com a areia, a água, espumas e a brisa suave. É rica em texturas táteis inspiradas nos elementos naturais. As formas e modelagens se fundamentam na proporção áurea. As cores reproduzem gamas de brancos, off-white e beges da beira do mar. Os looks foram apresentados com tênis Vert produzidos com algodão orgânico e algodão reciclado com PET, borracha e couro, além de C.W.L, um material vegano de origem biológica.
REPASSA
O Repassa é um brechó online considerado a principal referência no mercado de moda circular do Brasil. Criado em 2015 na cidade de São Paulo, vem gerando impacto socioambiental positivo ao aumentar o ciclo de vida das roupas. Entre as 600 mil peças em estoque, a cada venda finalizada, o vendedor recebe 60% do valor. O saldo é disponibilizado na própria plataforma gerando o Saldo Repassa, um tipo de carteira digital, e pode ser transferido para conta corrente, usado no próprio site da empresa para novas compras ou doado para ONGs. Com atuação nacional, o Repassa foi adquirido pela Renner em 2021.
Para o desfile, os looks foram divididos entre os tipos de estilos universais (Romântico, Dramático /Urbano, Criativo, Natural/Esportivo, Tradicional, Elegante e Vintage),
representando diversas histórias com roupas já usadas por outras pessoas antes, aumentando o ciclo de vida de cada uma das peças. Roupa de brechó é para todos.
WE’E'ENA TIKUNA
A arte Indígena apresentou peças de algodão orgânico, linho e também o tecido natural Tururi, da tradição indígena Tikuna, extraído da entrecasca de árvores seculares e muito utilizado na região amazônica. Com novos grafismos feitos com substratos orgânicos como urucum, jenipapo e barro, a artista plástica We’e'na apresenta nesta edição a coleção “Worecü - ritual da Moça Nova”.
A narrativa da coleção é sobre a “Festa da Moça Nova”, a mais importante para o povo Tikuna. Um ritual que marca a transição da menina, que menstrua pela primeira vez e já pode se casar. Assim, há várias provações físicas e aconselhamentos que farão com que a moça encerre sua infância. Nesta edição, haverá participação de vários indígenas e ativistas de diversos povos desfilando, inclusive modelos do povo próprio Tikuna.
WOOLMAY MAYDEN
A marca fundada em São Paulo em 2019 por Jean Woolmay Denson Pierre, haitiano radicado no Brasil desde 2015. Antes de lançar sua própria coleção, atuou como atleta, modelo e digital influencer, ocupando espaços de representatividade e realizando collabs com coleções inspiradas pelo movimento Black Lives is Matter. Investe em tecidos sustentáveis e reciclados e com design inspirado na moda streetwear. Nesta edição da BEFW a marca apresentou peças com jeans ressignificados.
A produção é feita sob demanda sempre inserindo a mão de obra de negros e negras mulheres, LGBTQIA+, comunidades tradicionais, refugiados e imigrantes.
A coleção Incarner (Encarnar em português) é composta de 12 looks com o denim ressignificado. As peças com cortes de alfaiataria são descoladas e no estilo jovem urbano. As peles à mostra ressaltam a diversidade de corpos usando peças agênero.
VB ATELIER
Fundada em 2012 no Rio de Janeiro pela estilista Andrea Villas Boas, a VB Atelier desenvolve peças de alfaiataria com elementos que remetem à ancestralidade da cultura africana e aos saberes dos indígenas. A VB Atelier tem como prática de produzir em pequena escala, além do desperdício zero, doando os retalhos para o artesanato feito por mulheres negras de comunidades e de marcas alinhadas com o propósito da marca.
Em sua coleção, a marca destacou as indumentárias criolas. Argumenta que “criolo” vem desse termo de ser algo negro brasileiro, não africano. Sendo assim, defende que sua Moda Afrocentrada tem como proposta descentralizar o olhar colonizado e trazer novas narrativas. No desfile usa sandálias Linus @uselinus de PVC ecológico microexpandido e certificação da PETA-Approved Vegan e Carbonext por compensar o dobro das emissões de carbono.
LIBERTEES
Fundada em 2013, a Libertees nasceu da ideia de transformar a vida de mulheres através da arte, do trabalho e da educação. O projeto de Marcela Mafra e Daniela Queiroga permite que mulheres em situação de cárcere criem, produzam, reconheçam seus talentos, reconstruam sua história, sua autoestima e se tornem empreendedoras de si mesmas. Propósito e responsabilidade social fazem parte da essência da marca. O impacto social gerado através das capacitações de mão de obra feminina é o foco da Libertees.
A coleção Prosas da Rua apresentou o aspecto jovial da marca, com peças produzidas em tecidos de baixo impacto e com tecnologias têxteis como poliéster reciclado e composições de algodão orgânico, malhas biodegradáveis e viscoses certificadas. A estamparia exclusiva e o tingimento natural foram desenvolvidos nas oficinas de arte pelas colaboradoras da marca. Os looks foram apresentados com tênis Vert produzidos com algodão orgânico e algodão reciclado com PET, borracha e couro, além de C.W.L, um material vegano de origem biológica.
SIODUHI STUDIO
A Sioduhi Studio é uma marca de protagonismo originário, alinhada ao ecossistema e às práticas sustentáveis - Agenda 2030. Com criações agênero, atemporais e acabamentos de alfaiataria, a marca tem como fundador e criativo, Sioduhi expressa a presença originária nos centros urbanos e nas aldeias. Sua moda destaca a dinâmica da identidade indígena, em qualquer lugar e tempo, estabelecendo uma nova conexão a valores e territorialidades ancestrais — Rio Negro, Amazônia, Pindorama e Abya Yala, ao passado, presente e futuro, simultaneamente.
Em sua coleção ManioQueen apresentou peças agênero com estilo utilitário, esportivo, atemporal tingidas com o Maniocolor, corante extraído da casca de mandioca. “Manio” refere-se à mandioca e “Queen” à soberania e nobreza desse alimento.
CHRISTIAN SATO
Christian Sato é uma marca estreante e está em seu primeiro ano de atividade. A marca pratica a sustentabilidade através de técnicas têxteis artesanais, utilizando a técnica têxtil japonesa do Boro que sobrepõe retalhos de tecidos para não gerar resíduo têxtil. Na esfera social, a contratação da equipe de confecção é composta 100% de pequenos empreendedores da Zona Leste de São Paulo. Os produtos da marca mesclam dois assuntos distintos, o artesanal e o tecnológico. Os materiais utilizados têm composição natural e são certificados.
A coleção Acid Rain discorreu sobre a adaptação humana diante das crises globais. Apresenta corpos transformados com modelagem que cumpre o desafio de ser cibernética e orgânica, e a textura alcançada com a técnica artesanal do Boro japonês, mescla os desgastes dos kimonos e o efeito destroyed do universo cyberpunk.
ESTÚDIO NUDA
Uma marca independente baseada em São Paulo, lançada em 2020 por Bruno Sales. O designer mineiro tem como foco a criação de uma moda atemporal e consciente, desenvolvendo peças a partir dos ideais modernistas de design. Focando no guarda-roupa masculino, o Estúdio Nuda tem como parte da essência a preocupação com o ambiente e estar no ciclo da sustentabilidade, o que determinou o formato de produção sob demanda e centralizada no ateliê da marca, garantindo a escolha de tecidos de matérias primas certificadas, como o algodão BCI e viscose EcoVero.
A coleção é inspirada pelo espetáculo de dança Boxe Boxe do coreógrafo francês Mourad Merzouki e pelas fotos de pugilistas alemães feitas por August Sander no início do século XX.
TRAMA AFETIVA
A Trama afetiva é uma plataforma de pesquisa em design sobre inovação regenerativa para resíduos da indústria têxtil. Também é ambiente de diálogo entre pensadores, artistas, ativistas, cientistas, marcas e sociedade civil, que se desenvolve organicamente na aplicação da Economia Afetiva. Esta é uma forma de reinventar o mercado pela valorização dos ganhos coletivos nas relações de cocriação, produção, venda e consumo; catalisadora de interações orientadas pelo respeito, empatia e complementaridade. Fundada em 2016, tem como diretor criativo, Jackson Araújo, comunicólogo especializado em comportamento de moda, é ativista da racionalização criativa para a sustentabilidade.
Depois de três anos desenvolvendo pesquisas em design sobre ressignificação de náilon de guarda-chuvas recuperados do aterro sanitário, a plataforma de cocriação TRAMA AFETIVA mostrou pela primeira vez em passarela o resultado obtido nas coleções colaborativas realizadas por Thais Losso, Jorge Feitosa e Itiana Pasetti.
“Pra mim, o mais importante é retornar fazendo parte de um coletivo, celebrando a força da colaboratividade, da construção horizontal e de um propósito maior, que é fortalecer as discussões sobre a ressignificação de resíduos e a preocupação com as manualidades e os grupos produtivos de pessoas invisibilizadas pela sociedade e pelo sistema da moda”, declara Thais Losso.
Os guarda-chuvas utilizados no processo fazem parte de uma parceria da Trama Afetiva com a plataforma de economia circular Revoada, dirigida por Itiana Pasetti e Adriana Tubino. Juntas, Trama e Revoada comissionam a cooperativa de catadores e catadoras da Unidade de Triagem de Lixo Seco do Campo da Tuca, em Porto Alegre a recuperar e higienizar os guarda-chuvas.
Além de virar roupas de modelagem resíduo zero, os guarda-chuvas também viram fitas de náilon para crochê, a partir de tecnologia criada por Thais Losso e aperfeiçoada por Jorge Feitosa, ambos designers-tutores das oficinas criativas da Trama Afetiva.
Complemento de informações da NAMÍDIA Assessoria
SAU
Uma marca do Ceará fruto do encontro de Yasmim Nobre e Marina Bitu. Uma psicóloga e uma estilista, ambas jovens e inquietas, criaram a marca com desejo de transformar a vida de quem faz e de quem usa suas peças. Suas criações envolvem renda, bordado, olaria, trabalho manual, madeira e palha. Estes fazeres são produzidos por coletivos de artesãs, em arranjos produtivos locais organizados no interior do Estado, desde o litoral até o sertão. Em suas coleções, utilizam tecidos com certificado OekoTex. O selo atesta à indústria têxtil responsabilidade pela qualidade humana e ecológica e garante que seus produtos químicos não são nocivos à saúde. Além disso, são tecidos cujos processos industriais envolvem tratamento e reaproveitamento de 100% da água utilizada na produção.
A Coleção Narcisa utilizou a metáfora do espelho como um convite à discussão sobre subjetividade, relações interpessoais e arte na contemporaneidade. O trabalho de macramê utiliza linha metálica que remete ao rio. Botões e acessórios são desenvolvidos em cerâmica e vidro reciclado derretido confeccionadas pela ceramista Vivian Vieira, a Bone Ceramics. Franjas em fios acetinados dão vida a vestidos longos. Por fim, espelhos descartados são reutilizados como vidrilhos.
VESTÔ
A Vestô nasceu em 2017 por Najat Hassan a partir da pesquisa pela moda sustentável e se apaixonou pela moda consciente e ética. Desta forma, a missão é dar um novo significado à moda através das roupas da marca. A Vestô produz peças tingidas manualmente com cascas, folhas, raízes e sementes que respeitam o meio ambiente, a pele e a saúde geral dos clientes. Utiliza matérias-primas naturais certificadas e confeccionam as coleções exclusivamente com tecidos orgânicos e/ou sustentáveis. Além disso, assume a sustentabilidade como estilo de vida assegurando o alinhamento das práticas com todos os seus pilares: social, ambiental, econômica, territorial e cultural. Por meio da
transparência e das parcerias socioambientais, a produção nutre pequenos produtores e mercados locais contribuindo para o aumento da renda familiar e comunitária sem colocar em risco suas culturas, suas tradições e sua relação com a natureza.
A Coleção Fluir é uma releitura de coleções passadas e novas criações com tingimentos e pinturas a mão livre com tintas naturais, estamparia manual e reaproveitamento de tecidos de produções anteriores.
MANUI
A Manui Brasil é uma marca slow fashion que desenvolve peças atemporais e únicas. O tingimento natural e a estamparia manual fazem parte do DNA da marca, assim como a preocupação em criar uma moda mais humana e íntima. A proposta da marca é semear uma moda consciente, brasileira e sustentável. Idealizada por Juliana Bastos, estilista, tintureira, pesquisadora e professora na área de sustentabilidade na moda com foco no tingimento natural.
A coleção Ciclos celebrou os seis anos da marca, seis desfiles, seis participações na Brasil Eco Fashion Week - semana de moda sustentável.
LUDIMILA HERINGER
A marca foi fundada em 2018 no Pará pela designer, estilista e artesã Ludimila. Produzindo sob demanda, têm usado técnicas manuais e ancestrais do processo de tingimento natural, além de crochê e bordados. Com a técnica de estamparia botânica (ecoprint) usa elementos da natureza como folhas, cascas, sementes e raízes para estampar tecidos certificados. Em seu desfile apresentou peças com ecoprint impermeabilizadas com látex de seringueiras do Acre em parceria com a estilista acreana Dheym Modara.
Sobre a coleção: A mala com a coleção Ludimila Heringer foi extraviada durante a viagem. Ela desfilou peças do acervo com peças de crochê, ecoprint e tingimento natural e três peças com o tecido impermeabilizado com látex — uma parceria com a estilista Dhey Modara que era foco do desfile original. A mala foi encontrada somente três dias depois do evento. Uma história de resiliência e de superação. No desfile usou sandálias @uselinus (Linus) de PVC ecológico microexpandido e certificação PETA-Approved Vegan e Carbonext por compensar o dobro das emissões de carbono.
RICO BRACCO
A marca Rico Bracco foi constituída em 2015 em Caxias do Sul, RS, pelo designer Fabrício Bracco, edificada pelos pilares da sustentabilidade, resgatando técnicas artesanais tidas como patrimônio imaterial da cultural regional dos imigrantes italianos. Sua criação produz uma narrativa romântica e para um estilo de vida desacelerado, com peças de corte de alfaiataria funcionais e atemporais. De modelagens amplas, suas peças são confeccionadas em tela de linho da Texprima, crepe e organza de seda do Casulo Feliz e em tela de lã Cootegal, todos orgânicos.
A coleção com o tema “Èremo — Perspectiva dos nossos lugares ermos que servem de refúgio para a reflexão sobre o contraste entre o luto e a fé”. Também fez parte do desfile, uma criação colaborativa com a designer de sapatos Elisa Marchi sapatosemarchi feitos com couro Piñatex, feito a partir das fibras das folhas de abacaxi.
ALME
A marca Alme nasceu em 2018 respondendo a uma demanda por conforto e versatilidade. Apresenta ao mercado de moda sustentável calçados e mochilas com matéria-prima de fontes renováveis e/ou reciclados. São produtos com baixo impacto ambiental, combinando tecnologias de materiais e processos com design apurado. Entre os materiais, há fibras naturais como o algodão e a lã, mas as peças também são compostas de resíduos industriais como EVA de cana-de-açúcar e cadarços produzidos com fios de garrafas PET. A Alme é uma marca de carbono neutro do grupo Arezzo&Co e tem produção realizada no Rio Grande do Sul, berço da cultura calçadista brasileira.
O desfile Despertar da Consciência foi uma tradução do processo de conscientização das pessoas, organizado em uma poesia visual de ciclos de consciência.
MAJU CONVIDA
O desfile da modelo Maju Araújo com amigos e influenciadores com apoio do BEFW celebrou o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência encerrando a temporada de desfiles. Cada convidado veio com roupas próprias. Foram orientados a usarem cores marcantes e variadas.
Sobre a BEFW - É a primeira semana de moda da América Latina dedicada exclusivamente à indústria fashion de atributos sustentáveis. Realizada pela Brasil Eco Fashion - plataforma de moda, inovação e sustentabilidade que vem impulsionando e fomentando o ecossistema de boas práticas socioambientais no cenário brasileiro têxtil e de confecção. Os eventos BEFW compensam 100% do carbono emitido e são lixo zero.
da redação com informações da Agência Catu - Uiara Andrade imagens: fotos divulgação Marcelo Soubhia_@agfotosite