CONSUMO E PLANEJAMENTO DOS NEGÓCIOS DA MODA 2021

worldfashion • 11/01/21, 16:32

monica-cacais-2A designer de joias Monica Rosenzweig, carioca que vive atualmente em Cascais, Portugal, e mantém um atelier por lá e outro em Ipanema, no Rio de Janeiro, explica como as mudanças estão acontecendo no mundo da moda e o que esperar para 2021.

1) Valores de acordo com a economia atual – “O mundo inteiro está sofrendo os impactos na economia desde o início da pandemia. Os salários de uma forma geral foram reduzidos, a necessidade de compra de alguns produtos tem sido questionada pelos consumidores e as empresas que quiserem se manter ativas vão precisar rever conceitos, e isso inclui preços. E na moda isso não será diferente. Isso quer dizer, em linhas simples, que o poder de compra diminuiu de uma forma geral. O consumo por impulso, que muito se viu no início da pandemia, é quase inexistente atualmente, e as pessoas estão focando no que precisam e, sim, analisando o custo e benefício de cada compra. Portanto, as marcas vão precisar reavaliar a forma como chegam ao preço final dos produtos e, provavelmente, se adequar a essa nova demanda”.

2) Roupas para dentro e fora de casa – “A moda não é apenas feita para vestir pessoas para ocasiões e locais especiais, ela existe para dar soluções à sociedade. E, neste momento, em que trabalhamos mais em casa, mesmo com a flexibilização cada vez maior, a criação precisará se voltar não apenas para as roupas confortáveis, mas também para as que sejam fáceis de lavar e passar e que visem a praticidade, mas sem deixar de lado a vaidade de quem quer se sentir bem vestido mesmo dentro de casa. Sim, as pessoas abandonaram o uso constante de pijamas em tempo integral, que aconteceu muito no início do isolamento, e agora elas acordam, se vestem e permanecem arrumadas dentro de casa. Mas esse “se arrumar” agora tem um novo significado, com peças que tragam a chamada ‘confort sensation’, mas que também possam ser usadas caso precisem ir a rua em algum momento “.

3) Simbologias e memória afetiva – “Nós, designers e estilistas, teremos que ressignificar nosso trabalho. As pessoas estão em busca de peças que lhes passem algum tipo de mensagem, uma simbologia. Eu, por exemplo, passei o consumir muito o que me traz sensações de proteção. E isso será uma tendência na moda de uma forma geral. O público vai procurar roupas, acessórios etc, que lhes transmitam alguma mensagem, alguma coisa positiva. Coleções com simbologias ligadas à proteção e ao aconchego, com desenhos e formas que remetam a momentos felizes, vão estar em alta”.

4) Atemporalidade – “Acredito que teremos menos “vítimas da moda”, que seguiam os lançamentos a cada temporada, e que mudavam seu guarda-roupa a cada estação. Se antes muitas vezes comprávamos algo que seria usado apenas em uma ocasião e depois colocado de lado, por conta da tendência da estação, agora acredito que fará mais parte de um conceito criado apenas para atender o mercado de luxo, que na minha visão deve permanecer inabalado, já que tem um público muito específico e com um poder de compra que não sofreu desgastes pela pandemia. Mas de uma forma geral, pensando em todos os perfil de público, o consumo será direcionado para acessórios, roupas e calçados que possam ser usados em diferentes ocasiões, que não sigam tendências muito específicas. Será a celebração do bom e velho jeans; das camisetas de cores que se complementam; de blazers, calças e vestidos de cortes mais sequinhos (porém confortáveis); dos acessórios que pontuam cor e estilo, mas sem exageros. A aposta nessa linha são peças geométricas, com estilo, mas também neutralidade, combinando com roupas de todas as cores e perfis”.

5) Moda consciente de verdade e respeito com o meio ambiente – “A moda é um reflexo da sociedade e os profissionais que fazem moda não podem se alienar à realidade, fingindo que nada esteja acontecendo ao seu redor. As marcas precisam rever seus processos na criação de produtos, se tornando cada vez mais sustentáveis. É preciso um olhar mais atento ao que é criado. Uma nova tecnologia para um novo tecido, por exemplo, não pode ser tão interessante a ponto de poluir o meio ambiente ou de causar estragos no habitat de outros seres. O uso de peles, que já não deveria ser tolerado há muito tempo, a partir de agora é inaceitável. Testes em animais para novos produtos também devem ser banidos. Estamos vivendo uma situação que, ao que tudo indica, teve início exatamente pelo Homem interferir na vida animal. É preciso que passemos a enxergá-los com cuidado e respeito, ou pagaremos um preço ainda mais alto pelos males que estamos causando à Natureza no futuro”.

da redação com informações da Alessandra Ceroy  imagens: foto/divulgação

andressa-rando-favorito-640x427Andressa Rando Favorito, formada em Design e Desenvolvimento de Produtos para a Indústria da Moda na London College of Fashion, na Inglaterra, e mestre em Tecnologia e Sustentabilidade pela UTFPR, é especialista em gestão de negócios de Moda. Atualmente, segue com o propósito #TáNaModaFazerOBrasilCrescer, estando à frente de consultorias, palestras, workshops e treinamentos relacionados ao mercado. Ao todo, mais de 500 pessoas físicas e jurídicas tiveram o suporte da especialista. Entre as empresas, estão Sebrae, Magazine Luiza, Cia Hering e Loungerie.

Desafiador é a palavra que mais representa o ano de 2020, principalmente na economia. Segundo informações divulgadas pelo Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon-DF), o período foi responsável por uma variação negativa de 4,2% nos cofres públicos brasileiros. Neste contexto, os varejistas do setor de Moda tiveram que investir em atividades, como remanejamento de estoque, reposicionamento de marca e transformação do modelo de serviço, a fim de conquistar a sobrevivência dos negócios.

De acordo com Andressa Rando Favorito, a tendência é que o primeiro semestre do comércio de 2021 seja semelhante a este último ano. No entanto, é possível vivenciá-lo com uma maior tranquilidade, por meio de um planejamento estratégico. Para isso, a executiva lista as cinco principais dicas para os empreendedores que desejam iniciar essa nova fase de maneira mais assertiva. Confira:

1) Defina as metas

Qual é o ritmo de vendas atual? As vendas estão em crescimento ou estagnadas? Quanto você pretende faturar? O quanto é necessário vender para alcançar essa pretensão comercial? Estas são algumas reflexões imprescindíveis para iniciar o planejamento de negócios de 2021.

“É fundamental analisar o recente desempenho da marca em termos de vendas e faturamento, para que se possa definir metas tangíveis para o próximo ano. É importante ressaltar que essas metas devem ser elaboradas mensalmente, visto que cada mês tem as suas particularidades, como Dia das Mães, em maio, e Dia dos Namorados, em junho. Desta forma, também simplifica o processo de gerenciamento de estoque, pois é possível saber quais e quantos produtos serão necessários para cada mês”, afirma Andressa.

2) Filtre o estoque

Independentemente do planejamento estratégico, não há vendas sem estoque. Então, avalie os produtos que ficaram parados no último ano, para definir quais irão se manter no próximo. “A marca terá sobras que não farão sentido para o primeiro trimestre de 2021. Portanto, para garantir que as necessidades dos consumidores sejam atendidas e, consequentemente, ocorram as vendas, é fundamental realizar uma filtragem do que irá permanecer no portfólio e do que será remanejado. Aqui, já é possível também entender quantas novas peças deverão ser adquiridas para alcançar a meta de vendas inicial”, explica a especialista.

3) Analise o histórico

Como foi o seu primeiro semestre de 2020? Essa análise é importante porque provavelmente o primeiro semestre de 2021 será similar, e servirá de base para entender os pontos de atenção e os acertos para o ano que está por vir. “A ideia é entender as boas práticas e identificar os pontos de melhoria”, pontua Andressa.

4) Encontre o seu caminho

Em março de 2021, a pandemia terá alcançado um ano de duração, período suficiente para as pessoas adotarem um novo estilo de vida. Ou seja, os consumidores terão adquirido novos hábitos e, consequentemente, uma nova maneira de se vestir. “Agora é o momento de utilizar a trajetória do seu negócio no último ano para identificar o melhor caminho a ser seguido. Talvez sejam necessárias mudanças na comunicação da marca, no atendimento ao cliente ou até mesmo na linha de produtos”, explica a especialista.

5) Posicione-se!

Por fim, é preciso ir a campo com uma clareza dos hábitos e decisões de negócio que ficarão em 2020 e daqueles que valem a pena manter no próximo ano. “Todo desafio é uma oportunidade de melhoria. As aprendizagens precisam ser colocadas em prática”, conclui Andressa.

da redação com informações da Oliver Press   imagem: foto/divulgação