worldfashion • 03/11/15, 20:23
Entre os dias 10 a 12 setembro foi realizado em Curitiba o 1º AMA - Amostra de Moda Autoral de Curitiba na Sala Paranaguá, do Memorial de Curitiba, evento com desfiles de nove estilistas e marcas locais. No dia 9 de setembro, antecedendo os desfiles, foi realizado o 3.o Encontro de Designers de Moda, promovido pelo IMOP (Instituto de Moda do Paraná) e IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade), com uma rica programação de palestras e cases de marcas que obtiveram êxito no mercado tendo como premissa o design, a inovação e a ousadia. O encontro teve como tema “Criar, Comunicar e Lucrar”, um triunvirato de palavras que resume as necessidades das marcas nos dias de hoje.
A iniciativa do AMA/Curitiba é do produtor Paulo Martins e da jornalista Nereide Michel, parceiros de longa data, que trazem na bagagem a produção de eventos como Curitiba Fashion Art, Paraná Business Collection (até a 7ª edição) e Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda. Para Paulo Martins, o AMA é a prova da vocação de Curitiba para os ateliês, onde são produzidas peças com selo de qualidade e forte identidade local. O foco é apresentar uma moda com DNA próprio para um público que busca produtos e ações com conteúdo e informação fortalecendo uma cadeia de negócios baseada na economia criativa. “Na curadoria desta primeira mostra procuramos selecionar marcas que representam a diversidade e o caráter autoral da nossa moda. Em comum, esses estilistas têm a preocupação, não apenas com o design, mas também com um modelo de produção ético e responsável socialmente”, observa Paulo. “Neste momento de dúvidas em relação à economia sentimos a necessidade de abrir um espaço para que os designers locais, que muitas vezes têm dificuldade em concorrer com as grandes marcas, mostrem seu talento e qualidade. Nossa proposta é envolver Curitiba em um circuito que enfatize a cidade como referência em moda e design”, destaca Nereide.
RODRIGO ALARCÓN - A joalheria assinada por Rodrigo Alarcón completa 35 anos em 2015. Anos de vivência e experiência que se manifestam em peças originais e atemporais. O que foi perceptível em seu desfile, que incluiu criações com mais de três décadas, muitas de acervo de clientes, que revelaram uma indiscutível contemporaneidade.Além da preciosidade de pedras e metais, o trabalho de Rodrigo Alarcón é identificado pela ousadia na escolha de materiais como ossos, chifres, madeira de demolição, moedas e a onipresente prata, que é “extraída” de uma fonte especial: de chapas de raio X descartadas pelos laboratórios. Como diz Marcelo Alarcón, sócio e irmão de Rodrigo, “joia é um conceito em acabamento”.
ABÔ Tricot - Assinatura de Gabriela Abdulmassih transparece em peças que fogem do convencional como nas que são confeccionadas com tricot rendado, cujos desenhos são releituras das tradicionais rendas e nos jacquards, com estampas trabalhadas no próprio tricot. A coleção vista na passarela, Trama Lifestyle, foi inspirda no conceito de trama – estrutrura de elementos que se cruzam e se interligam como se formassem uma renda.
REPTÍLIA - Assinada pela designer Heloisa Strobel Jorge, a marca alia design de vanguarda com técnicas tradicionais para produzir peças únicas. Tingimentos manuais, couros naturais e sedas puras valorizam a criação. A coleção apresentada no Memorial contou com a parceria de dois outros autores – os designers de joias Felippe Guerra e Yan Galas, que desenvolveram uma linha exclusiva para compor os looks mostrados na passarela.
GILDO KIST - O estilista representou na AMA/Curitiba o conceito de alta-costura presente em um nicho específico – o de festa. Uma tradição que continua presente nos dias de hoje, ainda mais valorizado uma vez que apresentam um elaborado trabalho que inclui acabamento e caimento perfeitos, opção por tecidos nobres e bordados e arremates que empregam uma mão de obra especializada.
MNOVAK - Arquiteto por formação, José Marcos Novak, optou pelo design de bolsas para expressar sua sensibilidade, que não esconde a “fabricação” de peças segundo os cálculos precisos exigidos pela construção de uma obra. Por outro lado, ele não dispensa a mão de obra artesanal no processo de produção e o uso de fitas como matéria-prima. Recursos que identificam o seu trabalho associado à leveza, textura e praticidade de bolsas nos mais diversos formatos.
DAISY RIEKE - A união da empresária Daisy Rieke, cujo nome batiza a marca, com o designer português Romão Ferreira, resultou em uma linha de sapatos femininos que pede muita atitude para ser desfilada além das passarelas. Tem na exclusividade seu principal apelo – de cada modelo é fabricado apenas um par por numeração e a produção obedece aos trâmites artesanais - e, por isso, são disputados por mulheres que não se insere no perfil de uma elegância clássica. São ousadas, a começar pelas decididas passadas que marcam o seu cotidiano.
DAMATTA - Recém-chegada ao mercado – 2015 é o ano do seu nascimento – a marca tem dupla assinatura, a de Camila e a de Cyntia. As irmãs Damatta aliaram talento e criatividade para lançar uma linha em que roupas e joias conversam entre si. São produtos com história pra contar. Desenhos e formas que passam pela modelagem de peças, tanto em tecidos como nos materiais nobre que compõem os acessórios. Trabalho em conjunto exemplificado na coleção inspirada na monocromia da arquitetura grega apresentada na 1ª AMA/Curitiba. Quem assina o quê? Camila, as roupas e Cyntia, as joias.
RÊVE - Evelise Trombini é a estilista que “fura os dedos” enquanto alfineta as peças que ela não libera enquanto não tiverem a modelagem e o caimento por ela desejados. Neste cuidado está a proposta de uma marca, que mesmo não se distanciando de inspirações da temporada, se insere totalmente no conceito de “roupa de atelier” grudado à moda autoral. Tecidos, como couro e seda, são constantes nas coleções da Rêve, conferindo-lhes a praticidade do slow fashion, que tem como característica principal permanecer atual independente de estação.
SILMAR ALVES - Quem acompanha a carreira do mais paranista dos estilistas curitibanos sabe que ele já levou para a passarela muitos autores consagrados da cena cultural da cidade e do estado de sua procedência. Muitos personagens que habitam o imaginário da nossa gente também lhe serviram de fio condutor para coleções. Irmãos Queirolo, Leminski, Trevsan, Nossa Senhora do Rocio (padroeira do Paraná) e Maria Bueno fazem parte do histórico de Silmar Alves. Na AMA/Curitiba ele teve uma musa muito especial: Didi Caillet, Miss Paraná, eleita em 1929, e 2º lugar no Miss Brasil. Ela foi uma mulher à frente do seu tempo, tanto que foi eleita Miss Inteligência no concurso, realizado no Rio de Janeiro, quando foi ovacionada como se fosse a vencedora. Seu retorno causou comoção popular, com uma multidão saudando-a pelas ruas de Curitiba. A coleção de Silmar Alves relembra as silhuetas dos anos 20, com muitas franjas, bordados em pérolas, miçangas, canutilhos, transportados para os dias atuais.
Por Yuko Suzuki Divulgação: Dani Brito Bureau de Comunicação Fotos: Valterci Santos