instituto casa de criadores
worldfashion • 20/01/22, 11:31Após o anúncio do Instituto Casa de Criadores, que surge com a missão de criar novas bases para a educação em moda e design no Brasil de forma horizontal e decolonizada, o ICdC - Instituto Casa de Criadores, divulgou seu primeiro curso, com foco na educação, pesquisa e capacitação gratuita de artistes, estilistes e diferentes profissionais ligados aos universos da moda e da arte, o curso “Qual Moda Para Qual Mundo?” tem previsão para o início de fevereiro de 2022.
A CdC - Casa de Criadores, foi pioneira nas discussões difíceis da moda brasileira. Conforme as tensões e as contradições surgiam, novos espaços de discussão e prática foram sendo criados. A proposta do instituto é mais um passo dessa história em construção”, afirma Hidalgo.
O ICdC nasce como um espaço de ocupação e semeadura para novas formas de compreender, produzir conhecimento e fazer moda, entendendo a criação não como ato simplesmente individual ou a serviço de um mercado, mas como algo atravessado por uma dinâmica de afetos capaz de enlaçar relações pessoais, sociais, políticas e econômicas.
O Instituto descreve sua missão como um processo que visa contribuir na construção de novas bases para o ensino de moda no Brasil. Os pontos de partida vêm de demandas sociais diversas. Além de pensar na questão do acesso em termos de gratuidade e de seleção, o Instituto assume uma postura crítica diante dos fundamentos elitistas da pesquisa e da produção de moda e também diante de suas práticas e estruturas predatórias.
“Democratizar o ensino de moda, e desenhá-lo sob perspectivas não-hegemônicas e decoloniais é primordial para a construção de uma moda nacional que traduza verdadeiramente sua realidade e alcance todo o seu potecial. E o Instituto CdC é uma grande ferramenta para isso”, completa Dudu Bertholini.
Nesse contexto, o instituto deseja promover novos encontros a partir de uma reorganização radical de saberes. É seu dever fomentar e desenvolver pesquisas e dispositivos de escuta no sentido de transformar a prática educacional coletiva em um espaço fértil e extremamente permeável a linguagens, lógicas, estéticas, tecnologias, histórias e formas de organização e afetividade que têm sido sistematicamente marginalizadas, corrompidas e silenciadas.
Com uma turma de 300 alunes, o curso será focado em três pilares: estilo/criação; marketing/comunicação e negócios. Estilistes do line-up da Casa de Criadores também poderão participar desta e de futuras atividades que contarão com acompanhamento especial voltado às questões dos trabalhos que já desenvolvem.
As coordenadoras do primeiro módulo são Carol Barreto, designer de moda e Professora e pesquisadora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia, e Karlla Girotto, artista multidisciplinar e pesquisadora no Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP. A grade curricular e os professores selecionados sob supervisão da dupla (a serem anunciados em outra data), seguirão o compromisso de questionar estruturas e apostar nas possibilidades da criação coletiva, escuta, saberes e tecnologias ancestrais.
“Para artistas da Casa, o curso visa potencializar reflexões que problematizam a nossa origem e posicionalidade, frente ao repertório estético-cultural que compõe a nossa formação profissional e humana, nos provocando à construção de outras/novas referências, que transcendam a interdição do racismo, sexismo, misoginia, LGBTQIA+fobias, do etarismo, capacitismo, dentre outras matrizes produtoras das desigualdades, para que assim possamos definitivamente compreender Moda como linguagem e a Linguagem como esfera produtora de realidades”, afirma Carol Barreto, responsável pelo módulo Estilistes da Casa de Criadores.
“É urgente pensar e tomar posição frente às ruínas que são os sistemas que estruturam o nosso mundo. Não que sejam ruínas porque foram arruinadas, estas estruturas já nasceram ruínas: o capitalismo, a noção de raça, gênero e classe, a supremacia branca, patriarcal, burguesa, religiosa e falologocêntrica. A moda é intimamente ligada a todos estes sistemas. Fabricar outros mundos, a partir de outras cosmopercepções e perspectivas significa talvez dissolver o sentido de representação da moda, reinventar os nomes e os saberes, reorganizar os fazeres. É preciso reinventar tudo e que se invente um modo de existir onde a vida seja soberana - não só a vida humana, mas todas as formas de vida. A pergunta ‘Qual moda para qual mundo?’ faz a gente pensar o que queremos, de que modo queremos. Porque insistimos em continuar homenageando um sistema que faz parte de uma cadeia de estruturas que sustenta o mundo tal como o conhecemos e que coloca em risco toda a vida do planeta? Acho que é sobre isso”, complementa Karlla Girotto, que será a coordenadora do módulo Alunes.
Além das coordenadoras, o Instituto terá um conselho formado por professores, orientadores e uma equipe de comunicação, composta por profissionais do mercado como André Hidalgo, André Carvalhal, Dudu Bertholini, Dudx e Neon Cunha.
“É preciso ir além das passarelas. O trabalho de imagem e exposição é muito importante, mas em contato com novas marcas e profissionais, percebemos que é cada vez mais necessário uma preparação para o “antes” e qualificação para o “depois”. Empreender moda no Brasil é algo bem desafiador e as lógicas do mercado mudam a todo momento. Há muitas pessoas e marcas bastante talentosas que têm dificuldade de avançar pela falta de conhecimento e preparação. A proposta do instituto é colaborar com isso, principalmente incluindo pessoas que mesmo que quisessem, por diversos motivos, não têm acesso a cursos e formação”, informa André Carvalhal.
Empresas parceiras que apoiam o Instituto também poderão propor desafios específicos ao final de cada módulo, onde serão sugeridos aos alunes diversos projetos e ações, como a criação de coleções cápsulas, customizações e oficinas, entre outros.
“Estamos felizes em conseguir dar todo esse suporte aos alunes. Impulsionar a democratização do acesso a moda e aos espaços culturais que permeiam esse universo, oferecendo meios e canais para que uma pluralidade de pessoas, de diferentes contextos sociais, localidades e faixas etárias, possa exercitar suas vozes e criações de forma gratuita é algo histórico. Queremos colaborar com a mudança dessas histórias e impulsionar os talentos que temos espalhados pelo país”, afirma André Hidalgo, fundador e curador da CdC.
Para dar uma experiência prática ao módulo inicial do curso, a Riachuelo, patrocinadora do primeiro curso do Instituto, atuará junto a Casa de Criadores, como apoiadora de um destes desafios
“Acreditamos em uma moda que transforma e inclui. O investimento na formação de novos profissionais para o mercado é sempre uma maneira efetiva de trazer olhares atuais e críticos para uma indústria que está em constante transformação. A Riachuelo tem o compromisso de seguir apoiando iniciativas que levem educação e desenvolvimento aos profissionais da moda”, comenta Marcella Kanner, head de comunicação e marca da Riachuelo.
O ICdC conta ainda com a parceria das marcas Rhodia, Santista e Sympla. Para explicar melhor sobre os conteúdos e temas abordados, a equipe responsável pelo Instituto CdC e Casa de Criadores irá realizar, por meio de seus perfis nas redes sociais, lives em formato de masterclass, trazendo profissionais de diferentes veículos de moda para somar aos diferentes conteúdos.
Veja o lançamento do primeiro curso aconteceu em dezembro, por meio de uma live com as presenças de André Carvalhal, André Hidalgo, Carol Barreto, Dudu Bertholini, Dudx, Karlla Girotto e Neon Cunha, no canal do Youtube da Casa de Criadores e também no IG da CDC e do Instituto Casa de Criadores.
O Instituto Casa de Criadores nasce com a missão de criar novas bases para a educação em moda e design no Brasil a partir de um entendimento de que não há um centro do mundo nem uma cultura que deva servir de base colonizadora para todas as demais. Escutar e transformar a partir de culturas que têm sido sistematicamente silenciadas.
Democratizar o acesso ao estudo e à pesquisa cultural, não por meio de mecanismos de “inclusão” ditos neutros, mas tendo como guia a demanda social para que a voz de grupos oprimidos e subalternizados seja ouvida e possa pautar novas manifestações de moda e design que não se acovardem diante das questões e conflitos de seu tempo.
Investir em processos que abram caminho para novas gerações de criadores em condições e dinâmicas que considerem os fundamentos e o desenvolvimento de uma economia solidária.
E contam com a parceria da Rhodia, Santista e Sympla e o patrocínio do Instituto Riachuelo e Riachuelo.
da redação com informações da Agência Lema imagem: foto/divulgação
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