ARTIGO - Nova Indústria Brasil pode alavancar o PIB

worldfashion • 31/01/24, 10:04

Por Fernando Valente Pimentel*
A Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo governo, é uma política de Estado fundamental para recuperar a competitividade do setor, paulatinamente corroída nas últimas três décadas, nas quais a manufatura foi perdendo seu vigor e reduzindo sua participação no PIB nacional. O parque fabril tem, agora, clara oportunidade de recuperar seu protagonismo no contexto econômico nacional.
As perspectivas são positivas, considerando os investimentos previstos de R$ 300 bilhões no período de 2024 a 2026, no âmbito do Plano Mais Produção, integrante da NIB e gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que mobilizará a maior parte dos recursos (R$ 250 bilhões), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). É importante a identificação da origem das verbas, para que se possa acompanhar sua efetiva aplicação e até mesmo cobrar a efetividade do cronograma dos aportes, prerrogativa do setor privado legitimada por sua participação na concepção do programa, no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
O dinheiro será fundamental para a viabilização dos investimentos previstos, cujas diretrizes contribuirão para o necessário movimento de retomada industrial em bases sustentáveis, com ganhos de produtividade, inovação e capacidade para conquistarmos os mercados mundiais, passando a exportar mais produtos com maior valor agregado. Esses impactos serão melhor dimensionados quando conhecermos as taxas de juros, carência, prazos de pagamento e garantias exigidas. Fator também importante é o foco na transição energética e digital, sustentabilidade socioambiental e fomento da pesquisa e ciência.
Medidas como linhas especiais de financiamento e utilização de créditos tributários para investimentos ajudarão a impulsionar a indústria e melhorar o seu grau de competitividade. Outros aspectos relevantes são a redução do tempo de análise dos pedidos de patentes e a racionalização de taxas portuárias e de procedimentos aduaneiros.
Cabe acentuar que o novo programa é baseado em práticas internacionais bem-sucedidas. Se implementado com eficácia e eficiência, contribuirá para que tenhamos manufatura sustentável, inovadora e capaz de concorrer em melhores condições no comércio global e no próprio mercado interno, cada vez mais disputado por empresas de todo o mundo. É uma iniciativa que tem potencial, ao longo de sua execução até 2033, não apenas para impulsionar a indústria, como também para aumentar o PIB nacional. Somente os países que promoveram o fortalecimento do seu parque fabril conseguiram crescer de modo robusto durante períodos longos.
Sem dúvida, o impulsionamento setorial é decisivo para que o País retome crescimento econômico sustentado e vigoroso, ascenda ao patamar de economia de renda alta, promova inclusão social em larga escala e proporcione mais bem-estar à população. Afinal, a indústria tem o maior fator de multiplicação dentre todos os segmentos, com índice de 2,15 pontos. Ou seja, cada real investido na atividade gera R$ 2,15 na economia. Por tudo isso, as entidades de classe do setor têm defendido sua modernização e fortalecimento como prioridade nacional.
É preciso somar forças para que a NIB concretize-se e produza os resultados há tempo esperados quanto à revitalização industrial. Para isso, porém, é crucial que se solucionem alguns gargalos persistentes há décadas, responsáveis pela desindustrialização e enfraquecimento da economia nacional. Todos esses obstáculos constituem o “Custo Brasil”. Um deles é o peso dos impostos, que começa a ser solucionado com a reforma tributária. Outro é a taxa de juros, invariavelmente alta durante longos períodos, que encarece o custo do dinheiro e inibe investimentos e o consumo. Não é sem razão, por exemplo, que cerca de 70% das empresas do setor têxtil e de confecção utilizem recursos próprios nos financiamentos, em vez de recorrer ao crédito.
Também é decisivo garantir isonomia tributária, pois não há indústria, por mais moderna e competitiva intramuros que seja, capaz de competir, inclusive no mercado interno, com empresas menos taxadas. Vivemos, neste exato momento, um exemplo tácito do problema, com a isenção de impostos federais para compras de até 50 dólares nas plataformas internacionais de e-commerce. Tal distorção, que se configura como concorrência desigual, já provoca danos nas fábricas e no varejo, em especial de roupas e acessórios, com impacto nos empregos e na produção.
Mitigar o “Custo Brasil” também implica a redução dos encargos trabalhistas do País, um dos mais elevados do mundo. Estamos em meio à discussão do prolongamento da desoneração da folha de pagamentos até 2027. Esta medida é necessária, mas é crucial encontrarmos modelo eficaz, mais amplo e definitivo para diminuir os ônus inerentes à contratação e manutenção de empregos formais.
Igualmente determinante é a segurança jurídica – para possibilitar a previsibilidade, o planejamento das empresas e mais confiança para investir –, bem como a pública, pois a criminalidade, além da inaceitável ameaça à vida, tem gerado despesas cada vez mais elevadas para os negócios e afugentado o capital. É preciso, ainda, recolocar a reforma administrativa na pauta do Congresso Nacional, para que concretizemos o propósito de racionalizar e modernizar o Estado, aumentando sua produtividade e capacidade de entregar melhor educação, saúde, segurança e habitação à sociedade.
Os desafios são muitos, mas a NIB, dado o seu potencial de proporcionar um salto no desenvolvimento brasileiro, estimula os setores público e privado a buscarem soluções mais amplas e integradas, essenciais para mudar a História. É hora de mostrarmos que somos capazes de conceber uma política industrial moderna e executá-la de maneira efetiva, com métricas e mecanismos de avaliação permanentes para corrigirmos o que for preciso e fortalecermos as ações que proporcionem o maior retorno possível ao capital alocado. O Brasil precisa, o Brasil merece!
*Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

worldfashion • 21/12/23, 09:49

PERCEPÇÃO DOS EMPRESÁRIOS DO SETOR TEXTIL E CONFECÇÃO PARA AGENDA 2024

O resultado da enquete realizada pela ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção nos dias 21 de novembro a 01 de dezembro 2023.

Percentual dos setores participantes:

39% de confecção vestuário

36% textil outros

14% fornecedores

11% confecção outros

As regiões

36% RGS/SC/PR

36% SP

17% MG/ES

7% NORTE/NORDESTE

4% outros estados

As expectativas de decisão dos empresários para os investimentos:

57% - adotarão novas tecnologias de produção - independente do cenário econômico

32% - adotarão novas tecnologias de produção - se o cenário econômico melhorar

11% - não vão adotar novas tecnologias de produção

56% - vão ampliar/criar ações de Pesquisa & Desenvolvimento - independente do cenário econômico

28% - vão ampliar/criar ações de Pesquisa & Desenvolvimento - se o cenário econômico melhorar

16% - não vão ampliar/criar ações de Pesquisa & Desenvolvimento

37% - vão substituir e/ ou adquirir máquinas equipamentos - independente do cenário econômico

43% - vão substituir e/ ou adquirir máquinas equipamentos - se o cenário econômico melhorar

20% - não substituir e/ ou adquirir máquinas equipamentos

53% - ampliarão o número de pontos de venda e canais de distribuição - independente do cenário econômico

20% - ampliarão o número de pontos de venda e canais de distribuição - se o cenário econômico melhorar

27% - não ampliarão o número de pontos de venda e canais de distribuição

17% - vão ampliar ou abrir novas unidades de produção - independente do cenário econômico

24% - vão ampliar ou abrir novas unidades de produção - se o cenário econômico melhorar

59% - não vão ampliar ou abrir novas unidades de produção

70% - vão reduzir o impacto ambiental, buscando conformidade com as regulamentações ambientais - independente do cenário econômico

23% - vão reduzir o impacto ambiental, buscando conformidade com as regulamentações ambientais - se o cenário econômico melhorar

7% - não vão reduzir o impacto ambiental, buscando conformidade com as regulamentações ambientais

51% - vão iniciar/fortalecer ações para ampliar exportações - independente do cenário econômico

12% - vão iniciar/fortalecer ações para ampliar exportações - se o cenário econômico melhorar

37% - não vão iniciar/fortalecer ações para ampliar exportações

32% - vão iniciar/ampliar importações de insumos e bens finais - independente do cenário econômico

22% - vão iniciar/ampliar importações de insumos e bens finais - se o cenário econômico melhorar

46% - não iniciar/ampliar importações de insumos e bens finais

41% - vão investir em Inteligência Artificial aplicada aos processos produtivos e entrega de experiências aos consumidores - independente do cenário econômico

32% - vão investir em Inteligência Artificial aplicada aos processos produtivos e entrega de experiências aos consumidores -  se o cenário econômico melhorar

27% - não vão investir em Inteligência Artificial aplicada aos processos produtivos e entrega de experiências aos consumidores

51% - vão buscar novos materiais e matérias primas inovadoras, inclusive com uso da nanotecnologia -  independente do cenário econômico

18% - vão buscar novos materiais e matérias primas inovadoras, inclusive com uso da nanotecnologia -  se o cenário econômico melhorar

31% - não buscar novos materiais e matérias primas inovadoras, inclusive com uso da nanotecnologia

76% - vão iniciar/ampliar esforços de vendas por meios digitais - independente do cenário econômico

9% - vão iniciar/ampliar esforços de vendas por meios digitais - se o cenário econômico melhorar

15% - não vão iniciar/ampliar esforços de vendas por meios digitais

GERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EMPREGOS

32% das empresas deverão aumentar o quadro de funcionários em 2024

28% manterão o quadro de funcionários sem substituições

31% manterão o quadro de funcionários com substituições

9% diminuirão o quadro de funcionários

Motivos para as empresas diminuem ou mantem o quadro de funcionários com substituições:

12% Redução de custos

52% Para substituição por profissionais mais qualificados

24% Compensar a diminuição da demanda

9% Para aplicar a robotização e/ou automação de processos

3% Outros

Para sua empresa 2024 será:

48% - positivo

31% - sem mudança importante

11% - não soube opinar

10% - negativo

Alguns motivos listados pelos respondentes:

• “Novas metas com muito trabalho”

• “Incertezas econômicas”

• “Estamos realizando grandes investimentos na indústria têxtil brasileira para ampliar nossa participação de mercado”

• “Economicamente o Brasil estará complicado, mas as mudanças que estamos fazendo nos ajudarão a suportar o momento”

• “Abertura de novos clientes “

• “Iniciamos processo de exportações que é muito promissor”

• “As perspectivas de crescimento global”

• “Independentemente do atual volume de produção têxtil e confecção, os setores necessitam de maior produtividade e isso passa pela tecnologia”

PRINCIPAIS DESAFIOS PARA O SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

77% - Concorrência com produtos importados sem a devida isonomia tributária

55% - Elevada Carga Tributária e Guerra Fiscal

43% - Falta ou alto custo de mão de obra especializada

43% - Insegurança Jurídica e complexidade tributária

Outros pontos citados:

41% - Expectativa de baixo crescimento do varejo de vestuário

37% - Demanda interna reprimida/Insuficiente

23% - Encargos e Processos Trabalhistas

22% - Falta ou alto custo de matéria prima e/ou energia elétrica

21% - Crédito insuficiente para investimentos e/ou capital de giro

21% - Mudanças nas preferências do Consumidor

AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA ESTIMULAR A ATIVIDADE ECONÔMICA

As 4 prioridades foram elencadas:

67% - Diminuir a complexidade e obrigações tributárias, reduzindo a economia informal e desburocratizando os negócios

63% Mecanismos de fiscalização e controle dos gastos e contas públicos, diminuindo o risco fiscal e combatendo a corrupção

64% Trazer isonomia tributária aos produtores brasileiros em relação às plataformas de varejo internacionais

54% Regulamentação da Reforma Tributária

Outros pontos citados:

45% Avanço na pauta sobre a Reforma Administrativa

41% Promover políticas que estimulem o aumento da oferta de crédito para população e empresas

30% Fechamento de Acordos Internacionais (Ex: Mercosul e União Europeia)

30% Redução do custo logístico para empresas com investimentos governamentais em infraestrutura

19% Redução do custo e encargos recorrentes no setor de energia elétrica e gás natural

AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA ESTIMULAR A ATIVIDADE EMPREENDEDORA

As 4 prioridades para estimular a atividade empreendedora em 2024

72% Redução do Custo do Trabalho e Encargos Trabalhistas

67% Avançar na Agenda de Redução do Custo Brasil e suas vertentes

57% Ampliar as linhas de financiamento e crédito para modernização do parque fabril, inovação e sustentabilidade

43% Incentivos à exportação de produtos nacionais

Outros pontos citados:

36% - Incentivar a adaptação à Indústria 4.0 e à transformação digital

33% Ampliar o limite de faturamento da tributação pelo Simples Nacional

28% Ampliar incentivos tributários para pesquisa e desenvolvimento

28% Promover uma fiscalização de caráter orientativo e não somente punitivo 28%

20% Fortalecer o Sistema de Garantias de Crédito (Ex: Pronampe, PEAC, etc)

AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA GERAR IMPACTO SOCIAL

As 4 prioridades para gerar impacto social em 2024:

94% Educação

75% Saúde

71% Segurança Pública

71% Capacitação de mão de obra

Outros pontos citados:

47% - Ciência e Tecnologia

37% - Saneamento Básico

25% - Habitação

24% - Sustentabilidade Ambiental

19% Transporte Público

12% Programas Sociais

REFORMA TRIBUTÁRIA

Sobre o tema REFORMA TRIBUTÁRIA, o nível de satisfação dos respondentes é:

7% - satisfeito

67% - insatisfeito

26% - não saberia manifestar sobre o tema

PESQUISA FECOMERCIO

Recebemos o da FECOMERCIO SP que reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. E em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolvendo soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.

Na pesquisa realizada a noite deste Natal, roupas, brinquedos e perfumes serão os presentes mais comuns nas festas dos paulistanos. É o que revela uma pesquisa com 1.031 pessoas feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP): mais de um terço (37%) dos entrevistados disse que pretende comprar alguma peça de vestuário para presentear familiares e amigos, enquanto 18% responderam que querem adquirir brinquedos e 15%, cosméticos. Esse resultado não é trivial, já que a maior parte dos participantes da pesquisa (23%) alegou que, de fato, também gostaria de ganhar roupas na ocasião, enquanto 11% esperam receber perfumes.

Esses números se explicam, sobretudo, pelo cenário econômico positivo. Na visão da FecomercioSP, a inflação controlada e os juros básicos (Selic) em queda, além do mercado de trabalho aquecido, contribuem para a recomposição da renda das famílias por meio dos salários. Com isso, o consumo tende a crescer. Para o empresariado, isso se verá nas receitas. O estudo mostra que o tíquete médio de compras em 2023 deverá ser de R$ 600, enquanto foi de R$ 587 no ano passado. Tudo isso mesmo considerando que, agora, metade (53%) dos paulistanos ressalte que não usará recursos do décimo terceiro salário para comprar presentes de Natal — em 2022, a taxa era de 43%.

da redação

ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

worldfashion • 25/01/23, 01:52

ricardo-steinbruch_presidente-da-associacao-brasileira-da-industria-textil-abit

Eleito pelos associados, o empresário e administrador de empresas Ricardo Steinbruch, de 64 anos, atuante há mais de 40 anos no setor, assumiu, a partir deste mês (janeiro 2023), a presidência da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) para o triênio 2023/2025, juntamente com os novos membros do Conselho de Administração e três vice-presidentes executivos: Giuliano Donini, da Marisol, Flavio Gurgel Rocha, do Grupo Guararapes, e Grasiela Moretto, da Ufo Way.

O novo presidente, ligado à Vicunha, sucede a Fernando Valente Pimentel, que ocupou o cargo por duas gestões consecutivas e passa a desempenhar a função de diretor-superintendente e a integrar a galeria de presidentes eméritos da entidade.

Ricardo Steinbruch salienta que a Abit tem atuado de modo eficaz em várias frentes, tanto na proposição de políticas públicas relevantes, quanto na produção e disseminação de conhecimento e ações de apoio e estímulo ao avanço tecnológico e defesa setorial. “Trabalharemos com determinação para que a trajetória da entidade continue bem-sucedida e para a conquista de novas e importantes vitórias para o desenvolvimento da indústria têxtil e de confecção”, enfatiza, ponderando: “teremos um triênio interessante pela frente, com um governo que precisará pensar na reindustrialização do País. Queremos fortalecer ainda mais a entidade com pautas propositivas”.

O novo presidente é bacharel em Administração de Empresas pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. Desenvolveu sua carreira na Indústria Têxtil, onde atua há mais de 40 anos. É Presidente do Conselho de Administração da Vicunha Têxtil, AVCO Polímeros Brasil, Finobrasa Agroindustrial S.A., Pajuçara Confecções S.A. e Fibra Empreendimentos Imobiliários. Conselheiro das empresas: Textília S.A., Elizabeth S.A. Indústria Têxtil, Vicunha Steel S.A. e Vicunha Aços S.A., Diretor Presidente da Vicunha Ecuador S.A., Diretor da Vicunha Uruguay S.A., Diretor Superintendente da Rio Iaco Participações S.A.

Ricardo Steinbruch foi Membro do Conselho da CSN – Cia. Siderúrgica Nacional e Presidente do Conselho do Banco Fibra. Steinbruch também é membro dos Conselhos do IEDI, ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), Coscex (Fiesp) e do Conselho Consultivo da Pinacoteca. É Patrono do Masp e Museo Reina Sofia (Madri) e integra o Programa de Associados MAM Rio. É brasileiro, casado e tem três filhos.

Sobre a Abit - A associação tem 66 anos e é uma das mais importantes e atuantes entidades dentre os setores econômicos do País. Representa a força produtiva de?24,6 mil empresas (desde empresas produtoras de fibras, passando por fiações, tecelagens, malharias, tecidos técnicos, não tecidos, estamparias, aviamentos até as confecções), de distintos portes, instaladas por todo o território nacional, que empregam cerca de 1,36 milhão de trabalhadores e geram, juntas, um faturamento anual de R$ 161,4 bilhões.

Conheça o novo Conselho de Administração da Abit Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção triênio 2023-2025

CARGO  -  NOME  - EMPRESA

Presidente -Ricardo Steinbruch -Vicunha

1º Vice-Presidente - Giuliano Donini - Marisol

2º Vice-Presidente - Flávio Gurgel Rocha - Guararapes

3º Vice-Presidente - Grasiela Moretto - Ufo Way

Conselheiro Vice-Presidente - Fuad Mattar - Paramount

Conselheiro Vice-Presidente - Guilherme Colonna Rosman - DeMillus

Conselheiro Vice-Presidente - Ivan José Bezerra de Menezes - TBM

Conselheiro Vice-Presidente - Ivo Rosset - Rosset

Conselheiro Vice-Presidente - Luiz Arthur Pacheco de Castro -  Sinditêxtil-SP

Conselheiro Vice-Presidente - Marco Antônio Branquinho Junior - Cedro

Conselheiro Vice-Presidente - Romeu Antonio Covolan - Canatiba

1º Conselheiro Secretário - Mauro Henke - Dystar

2º Conselheiro Secretário - José Altino Comper - Sintex

3º Conselheiro Secretário - Paulo Walter Leme dos Santos - Comask

1º Conselheiro Tesoureiro - Alfredo Emílio Bonduki- Kalina

Conselheiro - Antonio Cesar Berenguer de Bittencourt Gomes - CIRJ - RJ

Conselheiro - Antonio Greco - Fiação Alpina

Conselheiro - Antonio Valter Trombeta - Sindiroupas SP

Conselheiro - Aroldo Teodoro Campos - Sindimalhas MG

Conselheiro - Carlos Alberto Mazzeu - Lupo

Conselheiro - Carlos Alexandre Winderlich Ferraz - Sindivest Maringá

Conselheiro - César Pereira Döhler - Döhler

Conselheiro - Claudio Dini - Dini Têxtil

Conselheiro - Leandro Pereira - Sinditêxtil-CE

Conselheiro - Daniel Borger - Norfil

Conselheiro - Dênis Luis Lunelli - Lunelli

Conselheiro - Eli Kattan - Afipol

Conselheiro - Fabio Hering - Cia Hering

Conselheiro - Felipe Alexandre Felipe Neto - Ind.Têxtil Apucarana

Conselheiro - Guilherme Weege - Malwee

Conselheiro - Hari Hartmann - Sindivest Salvador

Conselheiro - Hugo Kitagawa - Rhodia

Conselheiro - João Karsten Neto - Karsten

Conselheiro - Leonardo Sant´anna - Sinditec

Conselheiro - Lineu Jorge Frayha - Indorama

Conselheiro - Mateus Inacio - ABINT

Conselheiro - Mauro Barreira Fernandes Júnior - Unifi

Conselheiro - Paulo Sérgio De Biagi de Oliveira - ABRAFAS

Conselheiro - Paulo Henrique de Lima Pustiglione - DuPont

Conselheiro - Paulo Totaro - Lorsa

Conselheiro - Rainer Zielasko - Fiasul

Conselheiro - Ricardo Axt Textil  - Farbe

Conselheiro - Rogério Mascarenhas Cezarino - Sift-MG

Conselheiro - Romeu Trussardi Neto - Trousseau

Conselheiro - Tiago Peixoto -  Cataguases

Conselheiro Fiscal - Carlos Zabani - Hudtelfa

Conselheiro Fiscal - Marcos Antonio De Marchi - Vicunha

Conselheiro Fiscal - Rui Altenburg - Altenburg

Conselheiro Fiscal - Matheus Diogo Fagundes - Audaces

Conselheiro Fiscal - Luiz Augusto Barreto Rocha - BDS

Conselheiro Fiscal - Luca Pascolato - Santaconstância

PRESIDENTES EMÉRITOS

Paulo Antonio Skaf

Josué Gomes da Silva

Aguinaldo Diniz Filho

Rafael Cervone Netto

Fernando Valente Pimentel

da redação com informações da Ricardo Viveiros & Associados - Oficina de Comunicação     foto divulgação

ARTIGO - Costurando o desenvolvimento

worldfashion • 25/10/22, 08:56

por Fernando Valente Pimentel*

Ao longo do Bicentenário da Independência do Brasil, comemorados em 2022, em cada ciclo de governo abriram-se oportunidades de avançarmos no desenvolvimento, nem sempre bem-aproveitadas. Na etapa delimitada pelas eleições desde ano, a correção das rotas que levaram a economia nacional a crescer pouco nas últimas quatro décadas transforma-se em compromisso e responsabilidade de todos nós e do presidente da República a ser empossado em janeiro próximo. O novo mandado — assim como dos governadores e legislaturas das assembleias legislativas e Congresso Nacional — será decisivo para que nosso país tenha uma chance concreta de viabilizar sua ascensão e um patamar socioeconômico mais elevado. A conjuntura global apresenta riscos graves e muitas possibilidades. Serão vitoriosas as nações que souberem mover-se com eficácia e eficiência nesse cenário.

fernando-pimentel-06É o que preconiza a “Agenda para o Desenvolvimento da Indústria Têxtil e de Confecção”, elaborada pela Abit, entidade representativa do setor, com base em ampla consulta aos empresários. O documento parte do pressuposto de que é imprescindível uma política industrial moderna e assertiva, como vêm fazendo os principais países, num movimento que se acentuou nos últimos anos, principalmente depois da pandemia e das crises relativas a conflitos e ao quadro geopolítico internacional, como ocorre no Leste da Europa. São muitos os planos de incentivos governamentais para estimular investimentos e assegurar a competitividade global de suas economias. Não se trata de copiar o que se faz lá fora, mas sim de entender as demandas, tendências e estratégias necessárias à inserção mais competitiva do Brasil no contexto global.

Em sintonia com o que preconiza a CNI, entendemos ser prioritária uma política industrial que contemple investimentos em tecnologias socioambientais sustentáveis, eficiência energética e fontes renováveis, digitalização de processos e uma sólida estrutura de governança. Inovação e fomento da pesquisa são cruciais. É preciso capitalizar nossas vantagens competitivas e aproveitar o potencial verde para consolidar posições de domínio tecnológico em cadeias estratégicas de valor.

Alinhados a esses pressupostos, os empresários têxteis e de confecção elencaram, em sua “Agenda para o Desenvolvimento”, suas prioridades para o novo governo, que começam com a efetivação, já no primeiro ano de mandato, das reformas tributária e administrativa, ambas já bastante discutidas no Parlamento e pelos representantes dos setores produtivos. A primeira deve modernizar a tributação do consumo, substituindo o PIS/COFINS, IPI, ICMS e ISS pelo IVA, e extinguir a guerra fiscal entre unidades federativas. É essencial, ainda, o reequilíbrio do peso dos tributos entre os distintos ramos de atividade, pois a manufatura está sobrecarregada, como se observa no fato de representar 11,3% do PIB e recolher mais de um terço de todos os tributos. Outra meta relevante é reduzir os custos para investimento produtivo, por meio de crédito e tributação mais vantajosos.

Quanto à reforma administrativa, é mandatória para que tenhamos um Estado menos oneroso para os contribuintes, mais eficiente na prestação de serviços aos cidadãos e à sociedade. O setor público precisa estimular os investimentos, a criação de empregos e o crescimento econômico, sem intervir no empreendedorismo e nos negócios privados.

Para a indústria têxtil e de confecção, uma das mais prejudicadas pelo problema, o combate à pirataria, contrabando e venda de produtos roubados é uma prioridade. Essa ação insere-se na necessidade de melhoria da segurança pública, com a articulação da Justiça, Ministério Público, polícias Federal, Militar e Civil, bem como órgãos municipais e representantes da sociedade.

O setor anseia, ainda, pela preservação e fortalecimento das regras fiscais, como o teto de gastos e a lei de responsabilidade fiscal, para coibir a tendência de despesas excessivas por parte do poder público. Em linha com esses propósitos, é crucial o controle da dívida pública, para que o País tenha solvência, cada vez mais credibilidade no mercado internacional e seja atrativo para os investimentos produtivos internos e estrangeiros.

O documento também enfatiza a premência do ensino de qualidade, a começar da Educação Básica. Outras medidas importantes são a ampliação da oferta de cursos profissionalizantes e tecnológicos alinhados às demandas industriais e da economia moderna e o fortalecimento da aprendizagem técnica de uma profissão no Ensino Médio, como instrumento de incentivo à empregabilidade dos jovens.

A saúde é outra prioridade, exigindo investimentos para sua melhoria e ampliação da capacidade de atendimento. O SUS, um dos maiores sistemas de assistência médico-hospitalar pública do mundo, demonstrou sua capacidade e pertinência durante a pandemia. É um modelo que deve ser aprimorado cada vez mais.

Como um dos protagonistas da economia brasileira e gerador de 1,5 milhão de empregos, dos quais 75% ocupados por mulheres, o setor têxtil e de confecção tem uma pauta aderente aos anseios da sociedade, aos contemporâneos preceitos de governança ambiental, social e corporativa (ESG) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Nosso país tem de estar na vanguarda dessa agenda. Por isso, não deve insistir em teses e ideologias que já não deram certo no passado. É preciso entender o presente, fugir à armadilha de economia de renda média, à qual não devemos nos resignar, e construir um futuro com mais desenvolvimento e bem-estar social.

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

ARTIGO

worldfashion • 10/10/22, 13:42

O manto da Padroeira

Por Fernando Valente Pimentel*

A Seleção Brasileira, que este ano lutará pela conquista do hexacampeonato mundial nos gramados do Catar, tem uma relação holística e transcendental com seu uniforme, para o bem ou o mal. Há episódios antológicos, nos quais o traje, como se fosse mais um jogador, ganha forte identidade como protagonista ou vilão.

nossa_senhora_aparecidaUma dessas passagens ocorreu há 72 anos, na chamada “tragédia do Maracanã”, quando perdemos, de virada, a final da Copa do Mundo de 1950 para os uruguaios. Poucos se lembram, mas o goleiro Barbosa não foi o único responsabilizado pela derrota por parte da imprensa e a opinião pública. A camisa branca com golas azuis também foi sumariamente condenada, sob a acusação de que não era “suficientemente nacionalista”. Expressando tal sentimento da torcida, o jornal carioca Correio da Manhã publicou editorial criticando-a pela “falta de simbolismo moral e psicológico”.

Oito anos depois da frustração pela perda do título no Rio de Janeiro, nossa seleção, já com a tradicional indumentária amarela, ganhou sua primeira Copa do Mundo, na Suécia, em 1958. O traje da finalíssima, embora improvisado, foi um dos protagonistas da vitória: alguns dias antes da partida, houve um sorteio para decidir a cor da camisa dos times, pois os adversários, os donos da casa, também vestiam amarelo. Perdemos. Por isso, foi necessário comprar às pressas um lote de camisetas azuis para a decisão.

A mudança parecia afetar os jogadores, já acostumados a jogar com a jaqueta canarinho. Percebendo o risco dessa reação emocional, o chefe da delegação, Dr. Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, reuniu o elenco antes do jogo e enfatizou: “Eu quis que vocês jogassem de azul porque é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, que está conosco”. O resultado todos conhecem! Sob as bênçãos da Padroeira, a seleção passeou no gramado do Estádio Rasunda, na cidade de Solna, batendo a Suécia por cinco a dois. Foram dois de Pelé, dois de Vavá e um de Zagalo. Desde então, o azul foi oficializado como segundo uniforme da seleção.

14785962351_342aa98ff5_z-430x640Transcorridos 64 anos da histórica conquista e às vésperas de tentarmos ganhar o sexto título mundial, é importante entender que, mais do que nunca, o uniforme tem significativos efeitos no desempenho da seleção. Aliás, não apenas da nossa, mas de todas as que participarão da Copa do Catar, assim como da grande maioria dos times de futebol profissional e demais esportes. Agora, a influência não tem apenas fatores emocionais, psicológicos, supersticiosos ou religiosos. Estamos falando de tecnologia!

O notável avanço dos equipamentos industriais, materiais, fios, fibras, tecidos e confecção resultaram em trajes de competição que reduzem a resistência do ar e da água nas disputas do atletismo e da natação e nos jogos de futebol, basquete, vôlei e outras modalidades. São mais leves, não retêm o suor, não irritam a pele, garantem plena ventilação, aumentam a microcirculação sanguínea, retardam a fadiga muscular e aceleram a recuperação, podendo até mesmo monitorar eletronicamente a performance.

Exemplo dessa evolução é o uniforme do futebol. Até o início dos anos 80, o material utilizado retia o suor. Um jogador perde de dois a três quilos durante o jogo. Metade disso ficava na camisa. Aí, veio outro tipo de fibra, utilizado pela primeira vez pela Seleção Brasileira na Copa do México, em 1986. Porém, o suor permanecia retido, agregando peso e esfriando o corpo do atleta. A partir dos anos 90, surgiram novos materiais, fibras e tecnologias de acabamento e fabricação. Tecidos inteligentes absorvem o suor e propiciam rápida evaporação. Hoje, 24 anos depois do primeiro modelo desse tipo de camisa, a atual é 13% mais leve e tem passagem de ar 7% mais efetiva.

A melhor notícia é que esses avanços também beneficiam os consumidores, pois são aplicados na produção regular do vestuário. Entretanto, os uniformes que vestirão as seleções no Catar, assim como as roupas de nosso dia a dia, não chegaram ao limite da evolução tecnológica. Estão em curso a Manufatura Avançada e o desenvolvimento de novas fibras e acabamentos, e o setor têxtil e de confecção brasileiro é um dos protagonistas desses avanços.

Cabe, ainda, uma redentora reflexão. Em plena era do conhecimento, da informação e da tecnologia, é preciso, finalmente, fazer justiça histórica, inocentando o goleiro Barbosa e a camisa branca, que obviamente não podem ser condenados pela derrota de 1950. Algo, contudo, permanece inabalável para milhões de brasileiros: a fé em Nossa Senhora Aparecida!

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

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worldfashion • 28/09/22, 14:08

O desafio do custo do capital, investimento e produtividade

Fernando Valente Pimentel*

O crescimento econômico efetivo somente ocorre quando há ganhos recorrentes de produtividade. Nos últimos dez anos ou mais, porém, este indicador ficou praticamente estagnado no Brasil. Estamos cada vez mais para trás na corrida mundial, com algumas exceções.

Todo fluxo de expansão do PIB gerado por meio de medidas artificiais e pontuais esvai-se rapidamente e gera um quadro inflacionário, caso não haja o correspondente ganho de produtividade. Para obtê-lo, é preciso investir, o que implica a necessidade de que a taxa de retorno dos negócios produtivos seja superior ao custo do dinheiro relativo ao financiamento das atividades.

Infelizmente, temos no País um histórico de juros reais elevados, cujas causas começam no perfil de um Estado extremamente gastador por anos a fio, com dívida bruta atual de 78% do PIB. Ressalve-se que, em 2020, foram necessários vultosos gastos e investimentos para fazer frente à crise deflagrada pela Covid-19. No entanto, é forte, historicamente, a tendência do setor público de se apropriar de parcelas cada vez maiores da riqueza nacional, ao léu da qualidade dos gastos e investimentos e de seus resultados para a sociedade.

6fc14003-c054-453e-b717-d4fc5091475dPara tornar possíveis investimentos na escala em que o Brasil precisa, entre 20% e 25% do PIB, possibilitando crescimento econômico de 3% a 4% ao ano, é imprescindível um custo de capital estruturalmente competitivo. Mas, com taxas de juros superiores até mesmo à de países com maior insegurança jurídica, fica claro um dos grandes nós que precisamos desatar.

Para entendermos a importância dessa questão, cabe lembrar o período de ouro da industrialização do Brasil, entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a década de 80, quando apresentamos uma das maiores taxas de crescimento do mundo. Aquele processo foi resultante de um grande movimento de urbanização da população, com a migração dos empregos rurais, de baixa produtividade à época, pelos industriais, nos quais esse indicador era muito mais elevado. Houve, também, expansão demográfica geral expressiva, aumentando o mercado de consumo e atendendo à demanda de pessoas para ocupar os postos de trabalho que estavam sendo criados.

Entretanto, envelhecemos e o número de habitantes, segundo as estimativas, deverá estabilizar-se por volta de 2039. Não existem mais as variáveis de fomento do PIB que tivemos no passado. Portanto, como anteriormente observado, são necessários investimentos para promover o crescimento sustentável e sustentado, contemplando a qualificação das pessoas, infraestrutura, compra de máquinas e equipamentos, novas tecnologias, digitalização e todos os recursos de inovação inerentes à Indústria 4.0. Somente assim obteremos ganhos consistentes de produtividade.

É preciso capital para mover o País, mas temos registrado taxas baixas de investimento, pois, como dissemos, o Estado, necessário sem dúvida, gasta muito e com retorno não compatível com nossas demandas. Ademais, a política de juros/crédito dificulta o acesso do setor privado ao dinheiro.

A lógica que moverá o crescimento passa pela qualificação das pessoas, que exige vultosos e acelerados investimentos, à luz das mudanças do trabalho e ambientes cada vez mais tecnológicos, e por um redimensionamento do Estado, de modo que se torne menos oneroso, mais produtivo e focado em prioridades como educação, saúde, segurança pública e Justiça. Cabe, também, como vêm fazendo a Fiesp e a Febraban, estudar em profundidade as razões de nossos spreads bancários serem maiores do que os de países nos quais os riscos inerentes ao crédito mostram-se iguais ou maiores do que os nossos.

A taxa de juros é composta basicamente pelos custos de captação e do agente financeiro, o fator de risco da inadimplência, a cunha tributária, a qualidade das garantias e a remuneração do agente emprestador. Quando analisamos os impostos, já temos uma primeira evidência clara das causas dos ônus elevados do capital. A cobrança do IOF (Imposto de Operações Financeiras) é deletéria e tem efeito em cascata. Uma das medidas cabíveis é reduzir a tributação sobre o crédito, como ocorreu em 2020, com a isenção temporária do IOF, no enfrentamento da pandemia.

Outra providência é o avanço jurídico no sentido de conferir mais segurança às operações de empréstimos. A competição bancária também é fundamental. As fintechs e os bancos digitais estão ampliando sua participação no mercado, mas ainda temos um sistema bastante concentrado, como, aliás, ocorre na maioria dos países. Contudo, nossos custos são muito mais elevados do que na média global.

É preciso solucionar todas essas questões, mas não criando artifícios como já fizemos no passado, com um emaranhado efêmero de subsídios e incentivos sem a devida avaliação dos impactos das medidas para o aumento consistente dos investimentos. Estes somente proporcionam ganhos de produtividade quando bem-feitos e com foco correto.

São prementes medidas estruturantes e concretas para viabilizar o crescimento econômico, solucionando a equação “custo do capital, investimento e produtividade”. Este é o caminho para melhorar a vida dos brasileiros, proporcionar mais justiça social e seguir a trilha do desenvolvimento.

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

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worldfashion • 02/09/22, 11:09

Estratégia orçamentária para a trilha do desenvolvimento

Por Fernando Valente Pimentel*

fernando-pimentel-06Seria importante a concepção de um orçamento plurianual da União, com indicativos de médio e de longo prazo, permitindo que empresas, agentes econômicos e a sociedade tivessem previsibilidade razoável para planejar suas estratégias, investimentos e negócios. Porém, as peças orçamentárias são apenas anuais, contemplando o custeio da máquina administrativa, projetos mais imediatistas e questões basicamente conjunturais e/ou de crise, como ocorreu com a pandemia.

A realidade é que o orçamento da República está muito engessado. O que resta de verbas discricionárias não chega a 10%. Assim, é necessário analisá-lo e reavaliá-lo em profundidade, para diagnosticar o que está dando certo, os gastos em cada uma das rubricas e o direcionamento dos recursos, de modo que seja possível endereçar menos ou mais dinheiro às distintas áreas, à luz das novas necessidades. Contudo, esse novo modelo deveria abranger pelo menos os quatro anos de cada mandato do Poder Executivo.

É compreensível que haja verbas compulsórias para educação e saúde, áreas absolutamente prioritárias. Entretanto, cabe avaliar a evolução de cada situação num espectro maior de tempo. Por exemplo: a população brasileira está envelhecendo. Considerando isto, não será necessário, num futuro próximo, destinar mais recursos para a assistência médico-hospitalar? Quanto ao ensino, seus conceitos mais contemporâneos não se limitam à escolaridade convencional, exigindo cursos de extensão e aprendizado continuado ao longo de toda a vida, bem como a inclusão digital. O orçamento, como está, atende a essa demanda, assim como às novas exigências relativas ao meio ambiente, vacinas e medidas preventivas de pandemias e riscos de epidemias, como o referente à varíola dos macacos?

Sem uma peça plurianual, é difícil dimensionar todas essas questões no âmbito das transformações do Brasil e do mundo, que ocorrem de maneira cada vez mais rápida. Torna-se muito mais complexo direcionar de modo eficaz os investimentos públicos de modo compatível com as limitações e possibilidades reais decorrentes do montante da receita tributária.

Também fica claro, considerando-se tais premissas, a importância da reforma administrativa, cujo principal objetivo é organizar a estrutura da máquina estatal, melhorando sua eficiência, produtividade e programas de carreiras, bem como fortalecendo as áreas que têm mais demandas. Com o governo cada vez mais digitalizado, facilitando a interação com pessoas físicas e jurídicas, é possível reduzir o custeio de determinadas repartições e serviços e alocar recursos para reais prioridades.

O avanço para um sistema de orçamento plurianual tem total congruência com a reforma administrativa e a tributária. Esta, num primeiro momento, não terá, a nosso ver, capacidade de reduzir a carga de impostos, mas sim de equilibrar a taxação dos distintos setores de atividade, desburocratizar e simplificar o pagamento, reduzindo e barateando as elevadíssimas despesas acessórias atreladas à maratona da arrecadação.

Esses custos são mais impactantes para as empresas que declaram pelo lucro real e presumido e inferiores no âmbito do Simples. Não é sem razão que muitas organizações deste último grupo, numa espécie de “complexo de Peter Pan”, hesitem em crescer, temerosas da complexidade e ônus de ascender a outros regimes de impostos.

A reforma tributária deveria ir ao encontro da necessidade de contarmos com um sistema mais previsível e menos sujeito a interpretações jurídicas. Devido a todas essas complexidades e ambiguidades, o contencioso administrativo e judicial brasileiro na esfera tributária representa 75% do PIB, correspondentes a R$ 5,44 trilhões, conforme estudo do Insper para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A equação “orçamento-máquina administrativa estatal-tributos” é estratégica e crucial para a retomada do crescimento e a trilha do desenvolvimento. Entretanto, estamos tentando ingressar no futuro com uma estrutura que sequer dava certo no passado. É premente avançar!

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

MEDIDAS PARA O VESTUÁRIO

worldfashion • 07/07/22, 16:40

biotipos_3A busca de referências de medidas que atendam os diferentes biótipos femininos tem sido um dos desafios da indústria têxtil. Na tentativa de evitar disparidades entre as confecções, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou em novembro a norma ABNT NBR 16933, que visa nortear os tamanhos e medidas de roupas femininas no país. Passados quase oito meses da publicação, sua adoção tem contribuído para oferecer parâmetros para a cadeia têxtil, da indústria até o varejo. Para apresentar as principais contribuições da norma ao mercado, a ABNT promoverá, no dia 14 de julho, das 14h30 às 16h, no Salão Nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo — Fiesp, evento presencial com transmissão pelo YouTube. As inscrições presenciais poderão ser realizadas pelo link.

A abertura do evento será conduzida pelo diretor da FIESP e presidente do SINDITÊXTIL - Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem, Luiz Pacheco, pelo presidente da ABNT, Mario William Esper e pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção — ABIT, Fernando Pimentel.

1611066024491Na sequência, a gestora do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB-017), Maria Adelina Pereira ministrará o Painel Norma ABNT NBR 16933 - Evolução do mercado de confecções: venda de roupas do tamanho correto, sem trocas. “A maior parte das brasileiras têm dificuldade em encontrar o tamanho adequado ao seu corpo. Para resolver esse impasse, a nova norma sugere que o tamanho de cada peça de roupa passe a incluir as dimensões em centímetro da parte do corpo que restringiria a peça, a exemplo quadril para uma calça e não apenas por letra ou número, assim como é seguido já há muito tempo em outros mercados como o americano e europeu”, explica a gestora.

ana-bergO segundo painel “Como adequar os moldes às tabelas da ABNT NBR 16933”, será apresentado pela especialista em moda e referência em modelagem, Ana Laura Berg. “Temos o confeccionista que vem em busca de uma tabela de medidas ideal e o consumidor que não sabe mais qual tamanho o seu corpo veste. Esse é um grande problema que o vestuário feminino vinha enfrentando durante muito tempo. Na construção da NBR 16933, reunimos profissionais que vestem mulheres brasileiras em diversos segmentos, para compartilhar estudos, medidas, problemas e soluções de vestibilidade no desafio de identificar biótipos, definir medidas, distribuí-las entre os tamanhos e ainda sugerir como trazer todas essas informações para o consumidor”, comenta.

O evento será encerrado com a mesa de debate “A importância da Norma 16933 para satisfação das consumidoras e o impacto na economia brasileira.”, com moderação do presidente da ABIT, Fernando Pimentel e participação de representantes da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PLUS SIZE (ABPS), ABIT e SENAI CETIQT.

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Sobre a norma de Vestibilidade

triangulo-invertidotrianguloA ABNT NBR 16933 recomenda medidas para cada biótipo, levando em conta desde o perímetro da cabeça, pescoço, passando pelos ombros, busto, cintura, quadril, costas, coxa, joelho, panturrilha até o tornozelo, respeitando as características de cada corpo e a diversidade de formas das brasileiras.

De acordo com a gestora, a norma era aguardada com bastante ansiedade pelo mercado. “Apesar de ser uma diretriz que não é obrigatória para as empresas, sua adoção irá contribuir para a normalização da cadeia têxtil, da indústria até o varejo, razão pela qual o mercado consumidor tem buscado os referenciais de medida de corpo em suas compras”, comenta.

ampulheta1Fruto de um amplo estudo conduzido pelo Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da ABNT com representantes do setor, como o Senai Cetiqt, modelistas, entidades como a Associação Brasileira do Plus Size (ABPS) e empresas do setor, o documento se baseia no conceito de vestibilidade.

A ABNT NBR 16933 apresenta sistema de indicação de medidas para biótipos tipo retângulo e colher, que representam 80% da população feminina, segundo pesquisas para o estabelecimento da norma. Com a condição de determinar cuidadosamente a forma do corpo e de indicar medidas apropriadas, este sistema permite que a cliente escolha o seu tamanho adequadamente.

Os biótipos femininos tipo retângulo e colher (abrangendo o plus size) foram designados após primoroso levantamento antropométrico conduzido pelo Senai Cetiqt, realizado por meio de softwares específicos de simulação do corpo humano e na experiência de profissionais do setor de modelagem e confecção, para atender às formas de corpo predominantes no país.

O levantamento do Senai Cetiqt serviu de embasamento para toda a ABNT NBR 16933. A partir de uma medição abrangente da população brasileira, foram utilizados um body scanner, para captar as medidas antropométricas, que percorreu o país, atendendo ao todo, quase 10 mil pessoas. O estudo constatou também quatro biótipos de mulheres brasileiras: ampulheta, retangular, triangular e triângulo invertido.

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“Foi necessário muito diálogo até se chegar a um consenso. Em 2009, passamos a trabalhar com essa diretriz para o vestuário infantil. Em 2012 foi lançada a norma ABNT NBR 16060 com a vestibilidade masculina e a antiga norma ABNT NBR 13377 de 1995 foi cancelada, deixando a descoberto as medidas femininas. Nessa época começaram as pesquisas do corpo feminino, que foram homologadas na ABNT NBR 16933”, explica Maria Adelina.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a principal responsável pela elaboração das Normas técnicas no Brasil. “Dentro da ABNT, o Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário tem contribuído de forma efetiva para normalização da indústria visando o fortalecimento da cadeia produtiva do setor têxtil e colaborando para o desenvolvimento econômico e social do país”, afirma o presidente da ABNT, Mario William Esper.

O evento será realizado no dia 14 de julho, às 14h30 no Espaço Nobre - FIESP localizado na Avenida Paulista, 1313 — 15º andar - São Paulo/SP.

PROGRAMAÇÃO

14h30 — Abertura:

Luiz Pacheco — Diretor - FIESP e Presidente - SINDITÊXTIL

Fernando Pimentel - Presidente da ABIT

Mario William Esper - Presidente da ABNT

14h40 - Painel 1 - Norma ABNT NBR 16933

“Evolução do mercado de confecções: venda de roupas do tamanho correto, sem trocas.”

Maria Adelina Pereira, gestora do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB-017)

15h - Painel 2 - Como adequar os moldes às tabelas da NBR 16933?

Ana Laura Berg, especialista em moda e referência em modelagem

15h20 - Mesa de debate:

“A importância da Norma 16933 para satisfação das consumidoras e o impacto na economia brasileira.” - Moderador: Sr. Fernando Pimentel — Presidente ABIT

Convidados:

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO (ABIT)

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PLUS SIZE (ABPS)

• ASSOCIAÇÃO DE LOJISTAS DO BRÁS (ALOBRÁS)

• SENAI CETIQT

16h — Encerramento seguido de coffee break

Sobre a ABNT

A ABNT é o único Foro Nacional de Normalização, por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo Governo Federal por meio de diversos instrumentos legais. É responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (NBR), destinadas aos mais diversos setores. A ABNT participa da normalização regional na Associação Mercosul de Normalização (AMN) e na Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (Copant) e da normalização internacional na International Organization for Standardization (ISO) e na International Electrotechnical Commission (IEC). Desde 1950, atua também na área de certificação, atendendo grandes e pequenas empresas, nacionais e estrangeiras. Possui atualmente mais de 400 programas de certificação, destinados a produtos, sistemas e verificação de gases de efeito estufa, entre outros. A sociedade identifica na Marca de Conformidade ABNT a garantia de que está adquirindo produtos e serviços em conformidade, atendendo aos mais rigorosos critérios de qualidade. A ABNT Certificadora tem atuação marcante nas Américas, Europa e Ásia, realizando auditorias em mais de 30 países.

da redação com informações da  FSB Comunicação    imagens dos manequins são da MYM Manequins 3D + fotos divulgação

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worldfashion • 09/06/22, 15:43

Compromissos eleitorais em tempos de disrupção

Por Fernando Valente Pimentel*

fernando-pimentel-03As campanhas relativas às eleições deste ano estão prestes a começar, criando grande expectativa quanto às propostas dos candidatos para a aceleração do crescimento econômico, enfrentamento dos problemas internos do Brasil e da conjuntura global marcada por pressões sobre os preços e dificuldades de oferta de produtos e insumos. Muitos fatores, como as sequelas internacionais remanescentes da pandemia e o conflito entre Rússia e Ucrânia, estão fora de nosso controle. Por isso, precisamos resolver o que está ao alcance da vontade política e das decisões do Estado, em sintonia com os interesses maiores, anseios e prioridades dos brasileiros.

Se arrumarmos nossa casa, com certeza estaremos mais preparados para nos posicionar de modo mais competitivo e estratégico no turbulento cenário mundial. Nesse contexto, são imprescindíveis as reformas estruturantes que seguem pendentes, aguardando aprovação no Congresso Nacional. As mais relevantes e urgentes são a tributária, para que tenhamos um sistema de impostos menos oneroso, mais justo e equânime entre todos os setores e pessoas físicas, e a administrativa, de modo que o Estado passe a servir à sociedade com eficácia e produtividade.

Ao mesmo tempo, precisamos, de imediato, buscar o equacionamento das contas públicas e trabalhar para que a inflação volte ao centro da meta, em equilíbrio com o câmbio e taxas download-1de juros menores. A agenda de combate à desigualdade também é crítica. Os programas sociais são necessários, mas a oportunidade de sermos uma nação realmente desenvolvida brota da educação e da cultura, com projetos substantivos e geração de empregos de qualidade. Assim, é urgente manter não apenas a universalização das matrículas, uma conquista importante, mas atingir um novo patamar de excelência no ensino, em todas as etapas. imagesTemos capacidade para fazer isso, como se observa nas escolas do Sesi e do Senai e outras instituições do Sistema S.

O País precisa de propostas concretas de quem se dispõe a ocupar os governos estaduais, a presidência da república e as cadeiras do Legislativo, para o crescimento sustentado e sustentável e o bem-estar da população. É fundamental priorizar questões como produtividade, infraestrutura, “custo Brasil” e seu impacto na competitividade, numa agenda que contemple aporte tecnológico, capacitação de recursos humanos, mudanças climáticas, distribuição de renda, inclusão e diversidade, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e dos princípios de ESG (governança ambiental, social e corporativa).

Para viabilizarmos um Brasil mais próspero e desenvolvido há, ainda, uma estratégia inadiável: empreender política industrial eficaz e realmente capaz de sintonizar o País ao que se assiste em numerosas nações. O setor manufatureiro está sendo reposicionado com base numa nova realidade geoeconômica e geopolítica.

Não se trata de copiar o modelo de ninguém, mas essencialmente de resgatar um forte traço de nossa cultura econômica, cuja gênese foi marcada, ao lado do extrativismo, pela indústria e, em particular, a têxtil e de confecção, estando esta presente desde os primeiros anos do Brasil Colonial. Precisamos caminhar, sem demora, para um parque fabril permeado por inteligência artificial, internet das coisas, impressão 3D, robotização e sustentabilidade.

Carecemos, portanto, de uma política industrial com planejamento e previsibilidade, ancorada em P&D e que contemple linhas especiais de crédito, incentivos à produção conforme vocações regionais e mercadológicas e regime tributário incentivador aos investimentos voltados à inovação, incluindo os bens de capital. Cumpre ao governo, em parceria com o setor privado, o fomento de pesquisa e ciência nas universidades e institutos públicos, remover obstáculos burocráticos e promover incentivos nas áreas em que haja vantagens competitivas ou interesse estratégico.

São muitos os desafios colocados aos governantes e parlamentares a serem eleitos em outubro próximo. Porém, eles têm a seu favor diferenciais que poucos países oferecem aos seus gestores: grande potencial demográfico-mercadológico; população resiliente e com imensa capacidade de superação; recursos naturais e minerais abundantes; a maior reserva hídrica do mundo; exuberante biodiversidade; e setores de atividade bem-estruturados.

Tais fatores favoráveis à competitividade, associados à premência de recuperação do dinamismo no crescimento do PIB, perdido nos últimos 30 anos, e as mudanças disruptivas suscitadas pela pandemia conferem responsabilidades ainda maiores aos ocupantes de cargos eletivos. Não podemos mais nos dar ao luxo de postergar soluções.

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

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worldfashion • 31/05/22, 13:56

Duas propostas importantes para ampliar a competitividade

Por Fernando Valente Pimentel*

Um dos fatores mais prejudiciais à competitividade das indústrias e das empresas brasileiras de todos os setores refere-se à burocracia, à complexidade e aos custos excessivos da documentação relativa aos negócios, contratos e apresentação de garantias para distintos fins, dentre eles a obtenção de crédito no mercado financeiro. Considerando tais dificuldades, são importantes duas proposições em tramitação no Congresso Nacional.

A primeira é o Novo Marco Legal de Garantias, expresso no Projeto de Lei 4.188/21, de autoria do Poder Executivo. A matéria dispõe sobre o serviço de gestão especializada e aprimoramento das regras de garantias, resgate antecipado de letra financeira, transferência de valores das contas únicas e específicas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação e a exclusão do monopólio da Caixa Econômica Federal em relação aos penhores civis.

A aprovação da proposta, que cria um serviço de gestão especializada de garantias, sob a supervisão do Banco Central, seria importante para o Brasil neste momento em que é prioritário promover crescimento econômico mais expressivo e sistemático, depois de dois anos de pandemia, na qual já havíamos ingressado com índices modestos de expansão do PIB. Um sistema mais eficiente para a concessão de garantias é uma demanda relevante do setor produtivo. Afinal, contribuiria para facilitar o acesso ao crédito e viabilizar maior volume de investimentos produtivos.

A expectativa é de que a revisão do marco de garantias promova o fortalecimento dos fundos garantidores e a ampliação dos recursos financeiros disponíveis para amplo uso pelos tomadores de crédito. O novo serviço, segundo análise de especialistas no tema, também teria o potencial de estimular a redução das taxas de juros de empréstimos, elevar o número de alternativas de crédito e reduzir os custos operacionais das instituições financeiras. Outro ganho para o setor produtivo seria a possibilidade de resgate das Letras Financeiras em prazo menor do que os atuais 12 meses.

6fc14003-c054-453e-b717-d4fc5091475d1A segunda proposta importante para a desburocratização e agilização de trâmites e operações administrativas, contratuais e financeiras é a Medida Provisória 1.085/2021. A matéria, também originada no Executivo, aborda o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (SERP), criado em 2009, sob responsabilidade da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Introduz alterações nos sistemas registral e notarial brasileiros, prevendo vários avanços.

Os principais ganhos para a sociedade e os setores produtivos seriam os seguintes: ampliação da digitalização dos procedimentos; integração dos registros públicos de garantias de bens móveis e imóveis em um sistema unificado; possível existência de ponto de acesso único para submissão e consulta a registros sobre garantias de bens móveis; atendimento dos usuários pela internet; acesso remoto a informações sobre garantias de bens móveis e imóveis; simplificação de procedimentos relativos aos registros públicos de atos e negócios jurídicos; redução de prazos de realização de atos cartorários; estabelecimento de regras nacionais para a cobrança de emolumentos cartorários; e criação do Fundo para a Implementação e Custeio do Sistema Eletrônico dos Registros Públicos, subvencionado pelos oficiais cartorários.

Assim, a matéria atende aos anseios dos setores produtivos quanto ao aprimoramento do ambiente de negócios, por meio da modernização dos registros públicos, da desburocratização dos serviços registrais e da centralização nacional das informações e garantias. Os benefícios esperados são a redução de custos e de prazos e mais facilidade e agilidade na consulta de informações e envio de documentação para processamento nos cartórios.

O Novo Marco Legal de Garantias e a medida provisória referente aos cartórios são parte de uma solução mais ampla para a remoção dos obstáculos ao crescimento econômico, bem como da redução do “Custo Brasil” e das desvantagens concorrenciais no mercado global. Tais conquistas também dependem das reformas estruturais e outras políticas públicas. Porém, as duas medidas ampliariam significativamente a segurança jurídica, reduziriam custos e a burocracia e contribuíram para que nosso país avançasse algumas posições no Anuário de Competitividade Mundial do World Competitiveness Center, no qual ocupamos o desconfortável 57º lugar, dentre 64 nações.

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

da redação com imagens: foto/divulgação