CASA DE CRIADORES 46

worldfashion • 06/12/19, 00:22

A 46º edição da Casa de Criadores aconteceu em São Paulo. de 26 a 30 Novembro último, foram 5 dias com 35 marcas que desfilaram suas coleções com variados temas. Para a Vicunha, o evento cria um  ponto de encontro dedicado à moda autoral brasileira, e traz o seu apoio a 19 estilistas que estão no line-up reforçando o incentivo a criações autênticas e revela a pluralidade de identidades, estilos e ideais, através de looks assinados por designers estreantes e marcas consolidadas, que vão de encontro ao novo manifesto da Vicunha,lançado em novembro pelo conceito “jeansidentity”.

Publicamos abaixo imagens dos desfiles e o conceito segundo a marca ou estilista, que informaram, em ordem alfabetica

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Alex Kazuo

hfar_i20_064hfar_i20_068hfar_i20_066AmniSoul Eco + Canatiba por Helena Faria

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Bispo dos Anjos - A marca apresenta um adentrar nos desejos mais íntimos do homem, a partir de uma inquietação, de um descontentamento e questionamento quanto às restrições e limitações dentro do trajar masculino atual; seus valores morais, estéticos e comportamentais. Para a 46a edição da Casa de Criadores, a marca tem como intenção reafirmar a sua proposta e identidade, adentrando a passarela com um novo frescor para atender as mais diversas faces e pluralidades das masculinidades existentes.

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A Bold Strap é uma marca que celebra a diversidade da comunidade LGBTQIA+, em suas diferentes fantasias e fetiches. Dedicada inicialmente às jockstraps, hoje a marca expandiu para acessórios de fetiche e streetwear. Fofo, porém piranha. Esse é o fio criativo que guia a coleção “Hard Candy”. Nela, a marca propõe uma imagem de inocência e perversão construída com elementos lúdicos e pueris como unicórnios, ursinhos, nuvens, asinhas e arco- íris aplicados em peças provocativas e contrapostas com elementos pesados como correntes, motocross, tribais e acessórios de fetiche, com styling de João França Ribeiro. Nas peças, utilizou-se materiais como plush, pelúcia, renda, nylon e plástico em candy colors, reforçando a atmosfera de brinquedo girly, e pesando com couro, arrastão e vinil na cor preta.

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CHO PROJECT com apoio da Vicunha  apresentou - “Naneun eobu” ou “Eu pescador” é uma extensão de mim mesma… Resgato aqui memórias que foram traduzidas em palavras, imagens e em indumentária. A memória é rala mas os sentidos não falham. O cheiro da maresia abraça os odores que permeiam o mercado de peixes que acontecem alí mesmo, há alguns passos do porto de onde chegam as cargas pesqueiras. Consigo ouví-los (os pescadores) berrando em busca da clientela, dos fregueses que chegam pela madrugada em busca da melhor mercadoria. Entre elas, senhorinhas semi-corcundas com um lenço enrolado na cabeça. A sensação é abafada e úmida. Robustos e um tanto sem delicadeza, pescadores transitam de um lado ao outro descarregando bacias cheias de peixes de seus barcos. Transcrevo através dessas memórias, desenhos em forma shapes, silhuetas, mangas e calças cocoon. “Naneun eobu” retrata pessoas que dependem do mar para sobreviver. Compartilho aqui um pouco da essência de famílias do mundo ou, pessoas do mar. De homens e mulheres cuja vivência é diretamente influenciada pelas marés e pelos cardumes de peixes.

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Coetânees - Coetâneo adjetivo substantivo masculino 1. que ou o que é da mesma idade; coevo; 2. que ou o que é da mesma época; contemporâneo. Grupo formado pelos multi artistas Pri Mastro, Renan Soares e Novíssimo Edgar e que encontram na fusão de suas linguagens e produções um modo de realizar intervenções coletivas que evocam sistematicamente temas como upcycling, reciclagem, sustentabilidade como suportes para discorrerem sobre assuntos da atualidade. Como continuidade do circuito de ações e intervenções artísticas que vem sendo realizado desde o início de 2019 em São Paulo, o grupo Coetânees, Novíssimo Edgar, Renan Soares e Pri Mastro, apresentaram para a 46a edição das Casa dos Criadores o projeto: Didáticas de Refúgio. Um percurso performático de ações coletivas que propõem através de narrativas que utilizam as linguagens do teatro, dança, música, artes visuais e moda, gerar visibilidade a temas emergenciais e que de certa forma já se encontram diluídos em sua urgência na sociedade em geral. didática substantivo feminino 1. arte de transmitir conhecimentos; técnica de ensinar. 2. parte da pedagogia que trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais eficiente. refúgio substantivo masculino 1. lugar para onde se foge para escapar a um perigo; asilo, retiro. 2. aquilo que serve de amparo, de proteção. As narrativas contadas pelas ações serão divididas em três atos: - Constelação Familiar: o apagamento histórico e cultural da constituição do povo brasileiro e de sua diversidade racial, de gênero, ideológica, política e religiosa (enfatizando a ideia de visibilidade e reflexão através de materiais que interagem com a luz); - Modus Operandi: abordar a violência e o extermínio da população negra (utilizando de ironia e inversão de papéis); deflagrar como atuam os sistemas e as estruturas de exclusão; - Nau Frágil: os colapsos sociais e ambientais e as constantes tensões que vem gerando no mundo, como processo migratórios e a sucessão de desastres ecológicos. Demonstrados sob a perspectiva do abandono paterno e do amparo espiritual. O Projeto contou com corpo cênico composto por 32 jovens de 18 a 30 anos, do Capão Redondo zona sul de São Paulo. São jovens artistas, empreendedores, produtores que por consequência da ausência de recursos que amplificam suas potências, lutam diariamente para pertencer a todos os espaços que lhe são de direito.

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O estilista Dario Mittmann, tem como uma de suas principais inspirações a cultura urbana e o mundo artístico, mesclando em seu trabalho o streetwear com métodos de produção atelier. Suas criações ricas em detalhes trazem toques de um mundo fantástico ao concreto urbano. Na Casa de Criadores, com apoio da Vicunha, Dario apresenta a coleção MIRA ME - Movimentos que tiveram seu início nos subúrbios dos países latinos hoje ganham destaque no mundo da arte, da música, dança e moda. Uma nova geração surge empoderando-se com orgulho de suas origens e movimentando a cena contemporânea, exaltando signos do passado em uma visão futurista. Elementos da cultura jovem periférica antes marginalizados, hoje ganham destaque como tendências comportamentais pelo mundo. A estética e sonoridade do reggaeton, do funk e do contemporâneo trap são o que há de mais fresco na atualidade.

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David Lee - A marca tem o foco em moda masculina, através de uma linguagem urbana que mescla alfaiataria, sportwear e indumentária militar com elementos artesanais, principalmente o crochê. A marca David Lee constrói uma estética vibrante e gráfica. A coleção trata sobre o arquétipo do artista passional e inspirado e a sua relação com seu trabalho orientam esta coleção, definida também por uma intensidade ainda maior no jogo de oposições recorrentemente proposto pela marca. O vestuário de serviço equilibra a silhueta ampla com detalhes impregnados de referências ao workwear. Macacões, calças, jaquetas e casacos - que exploram o lado mais funcional das formas da roupa - foram deliberadamente contrapostos à caprichosa construção dos crochês. Neste jogo sinuoso de avançar e recuar, de operar com técnicas tradicionais e de experimentar, entra também a alfaiataria executada em tecidos pesados e leves. São eles: sarja, denim, tricoline e crepe de malha. A cartela de cores para o Inverno compreende branco, off white, azul claro, mostarda, bordô, laranja e preto.

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A Diego Fávaro foi criada em maio de 2013 com a intenção de oferecer produtos em malharia, eram peças fabricadas com uma grade baixa, valorizando a criação, qualidade e a exclusividade. Nesta temporada com apoio da Vicunha, iremos apresentar nossa coleção de uma forma diferente, ao invés do desfile tradicional que sempre fizemos, será uma coreografia com dançarinos profissionais coreografado por Flávio Verne. A coleção batizada de PLACEBO, é uma experiência de construção com um novo olhar sobre como vestimos nossos corpos. O Placebo é conhecido como tratamento alternativo para buscar a cura em determinadas doenças, físicas ou emocionais. Pensando desta forma, vemos que nossa mente controla absolutamente tudo o que acontece em nosso corpo, o mesmo poder que ela tem de destruir, ela tem de curar. Com isso, estamos trabalhando pensando em corpos, em anatomias e criando técnicas manuais de estamparia que transforme cada peça, única.

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Diegogama com apoio da Vicunha

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Estamparia Social - Dia de visita é o dia mais esperado da semana. Ele costuma ser aos finais de semana. É a passarela da cadeia. Um evento. Modificamos o corte de cabelo, de barba. Trocamos até de roupa com quem nos visita. O dia de visita é bom para quem tem familiares, mas pra quem não tem, é o maior veneno. Como não temos contato com nenhum familiar, o dia de visita pode nos deixar mais ansiosos e angustiados, até porque não sabemos quem virá. Das 9 às 14hs é a confirmação de alguém aparecer. É o único tempo que temos em contato com o mundo externo. Se não aparece ninguém, todo o processo de espera, saudades e solidão começa novamente até o próximo dia de visita. Uma cela que deveria ser para doze, se torna um espaço para quarenta. No dia de visita podemos receber até duas pessoas por preso. Imagina quanta gente vem neste dia. Se este processo é sofrido pra gente, também é para os nossos familiares. Eles precisam chegar de madrugada e esperar numa fila, na entrada, passar pela revista e talvez esperar em outra fila. São oito pavilhões ao todo, com presos que irão receber seus familiares. Volto a reafirmar, se é difícil pra gente, é bem pior pra eles. Escolher o dia de visita para o tema da nossa coleção somente destaca a sua importân cia. É o único contato que temos com o mundo externo. É aquele momento em que sabemos dos nossos familiares, dos nossos amigos e das nossas comunidades. Pequenos gestos se tornam grandiosos, como quando um familiar ou um amigo manda uma pasta dental. Ser lembrado nos faz sentir especiais e confirma que estamos vivos para o mundo. Assim como o dia de visita é esta confirmação. A passarela é importante porque nos dá a oportunidade e a vitrine pra mostrar, pra todos, a realidade do que passamos. E O quanto este projeto tem valor. A Estamparia Social vem para olharmos para o futuro, é um processo de reintegração. E reintegrar para mim é isso, voltar a dar sentido e oportunidades a estas pessoas. Reingressar na sua vida, dos seus familiares e da sua comunidade. Nesta segunda coleção, recebemos um desafio da Sou de Algodão: trabalhar com resíduos de jeans. A Estamparia Social sempre foi voltada a trabalho com serigrafia. Ter este estímulo nos abre novas oportunidades, que servem para levar este projeto a um maior número de egressos, tanto homens, quanto mulheres. A ideia é exatamente esta, repensar nossas ações e minimizar o impacto deste resíduo, dando a ele uma nova vida. Estamos investindo em tecnologia social, um projeto de baixo custo, de fácil aplicação e com um resultado significativo.

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Estileras Fudidamente Insertas é uma estrutura artística guiada pela dupla não binária de artistas performáticas, transdisciplinares e multimeios, Boni e Brendy. Por meio da metáfora de uma “empresa”, projetam uma sátira metalinguística das estruturas tradicionais criando narrativas onde indivíduos dissidentes tornam-se protagonistas. Se debruçam sobre processos através da performance em contato com os resíduos da indústria da moda para construir novos corpos e existências. Nessa Casa de Criadores, as Estileras continuam a narrativa que nasceu na edição anterior com a colaboração de diversos artistas dissidentes e dos coletivos artísticos FudidaSilk (RJ) e Inserto (SP), que desenvolveram e aplicaram as estampas. Lá foram apresentados os ‘Manuais Estileras’, uma performance onde 30 pessoas por mais de 6 horas construíram ao vivo e na hora o que seria visto na passarela do evento. Os processos de estampar, recortar, talvez costurar, fazer styling, maquiar, colocar próteses e se alimentar, tudo aberto para que o público que circulava pela Praça das Artes pudesse acompanhar a realidade de uma produção como essa. Após focar no processo e suas relações, o olhar se dirige para os detalhes e as linhas gráficas que são a união dos três coletivos. A proposta não é produzir mais roupas mas afirmar o ‘reuso’. Repensar o que já está feito. Deformar expectativas para emergir novas perspectivas. E ampliar a visão da moda, onde os meios e formatos discursam junto aos corpos e tecidos. Com segurança reforçada novamente pelas Unusual.BR, as Estileras Fudidamente Insertas se apresentam em: ‘A Continuação…’

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Estúdio Traça - A marca criada em 2015 pelo estilista Gui Amorim, faz um jeans com identidade e consciência. Para a coleção, a marca apresenta EDELZUITA - uma situação-homenagem que reúne laços familiares, fotografias antigas, festas oitentistas, e recortes de revistas de moda da década de 50 em uma grande cartografia sentimental, elevando em sua máxima potência a trajetória de uma mulher, que hoje recebe esse manifesto de amor e carinho.

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Felipe Fanaia com apoio da Vicunha traz desfile  com inspiração no tradicional ABC bailão, localizado no centro de São Paulo, ele reúne gays com mais de 40, 50 anos, um espaço democrático, onde não existe padrão de beleza e vestimenta a ser seguido. Através dessa ótica vamos recriar na passarela essa atmosfera, e trazer esses personagens tão importantes da história e cultura gay para ocupar um espaço de protagonismo, afinal eles foram a linha de frente para nós ocuparmos os espaços que ocupamos hoje.

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Brasileira, a marca Fernando Cozendey nasceu em outubro de 2011, possui um processo cuidadoso na confecção de cada peça onde constrói estampas, franjas e babados, através de recortes de diferentes cores, espessuras e texturas em múltiplos tecidos com elastano. Cada coleção representa um momento do estilista e assim ele aproveita para buscar renovação criativa, pesquisando sempre novas formas de trabalhar o tecido que é sua paixão. A nova coleção é composta por 28 looks inspirados no extremo oriente com uma cartela de cor super colorida.

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Esta não é apenas mais uma coleção, esse projeto representa um novo passo na marca Igor Dadona e também um novo ciclo na minha vida pessoal. A dor passou, continuo enxergando beleza por onde meus olhos possam alcançar, mas dessa vez, deixo de lado toda a dor, todas as sombras, todo meu lado obscuro, para me permitir, no meu trabalho e em minha vida, ser feliz de fato. A coleção, com o apoio da Vicunha, com base nas festas de formatura de filmes românticos, faz uma alusão ao momento em que todo sofrimento é recompensado, e tudo finalmente se encaixa. Diante de tempos difíceis e da constante sensação de desajuste, concluir mais um trabalho, mais um ano, mais uma vida, merece festa, mesmo que tenhamos chegado até aqui meio desalinhados, somos resistentes e vamos continuar dançando, mesmo que queiram abaixar o volume da nossa música! Me sinto leve, me sinto centrado, sempre existirão algumas vozes persistentes na mente tentando me colocar para baixo, mas preciso tirar todos os monstros para dançar, talvez não possa eliminá-los para sempre, mas posso aprender a atribuir pesos menores ao que de fato pensa muito antes, aprendi com a luz do final da tarde entrando pela janela enquanto uma música que amo tocava, a mesma que eu não conseguia há tempos, sentir o brilho. Os pequenos detalhes fazem total sentido, quando de fato você percebe a grandiosidade da vida. A dor nunca é permanente, permita-se ser feliz. Prometo tentar também

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A Jal Vieira Brand tem como foco o desenvolvimento de roupas e acessórios pautados na cultura negra e sertaneja, e nas suas formas de expressão no universo feminino. Por meio do experimento, redefinimos nossa maneira de criar e atingir o nosso público, buscando combinar a utilização de materiais incomuns no desenvolvimento de roupas - como cadarços, borracha e palha - a tecidos e acabamentos refinados. A coleção Inverno 2020, com apoio da Vicunha, Jal Vieira Brand optou, nesta temporada, por mexer em suas próprias feridas. Naquilo que mais lhe sangrou nos últimos tempos. Vivendo um tempo em que dizer que não se está bem tornou-se tabu, a estilista revira suas maiores emoções e traz para a passarela suas dores e o medo da ausência.

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Jorge Feitosa - Sentir-se pressionado por uma ideia, pressurizado, de modo a ser anulado é o ponto de partida da coleção Inverno 2020 do designer Jorge Feitosa, que é responsável pelo desenho, modelagem e costura de todas as peças da coleção, fortalecendo assim o seu papel de costureiro. Cápsulas podem proteger, mas também conter. Depende do que está fora ou dentro. Na coleção, Jorge usa a ideia de cápsula para convidar ao sentimento de sair de dentro dela. “Só assim penso que podemos criar as constantes novidades do mundo”, conceitua o designer. “Permanecer estático, para muitos, é sinônimo de segurança, mas acredito que a nossa evolução depende do movimento, da mobilidade e do hibridismo que podem gerar a mutação infinitamente orgânica. Mesmo o que é estático cria uma relação de mudança com o que está à sua volta. Adaptar, aderir, misturar, são ações estabelecidas na Natureza, como nos ensina a Biomimética, atuando inclusive no campo da Inteligência Artificial, a partir do estudo e observação de algo que a humanidade rejeita: a diversidade”, finaliza Jorge Feitosa. Viva o diferente.

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Koia - A coleção Caule com apoio da Vicunha foi projetada baseada na paixão, forma e textura presentes em aquarelas botânicas de diversas espécies. Das tulipas aos cardos, das rosas as hortênsias. Assim como a KOIA, a coleção enfatiza a forma no vestuário, no primor do acabamento e união do inusitado ao convencional. É sobre volumetria, sobre dobraduras, novos shapes e novas possibilidades. Assim como a anatomia estrutural de uma flor, formada por caule, folhas, flores e frutos, a coleção é composta pela dualidade entre o estruturado e o leve, o liso e o texturizado, fomentando a percepção de que as peças estruturadas dão suporte e abrigam as volumetrias mais fluidas. As formas e cores foram resignificadas de recortes das próprias ilustrações, de uma forma lúdica e irreverente. As cores começam neutras no off White, ocre, passam pelos tons rosês e preto, e terminam em uma explosão púrpura no qual foi desenvolvido um trabalho de impressão digital com a arte baseada em uma ilustração botânica e seus estudos de forma.

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Martins - PAUSA é o tema da minha nova coleção, nela abordamos mudanças, términos e recomeços, onde fiz da minha casa meu refúgio e meu ponto de encontro comigo mesmo, dessa vertente vem os tecidos, que trazem a ideia de conforto e a sensação de colocar uma roupa e não querer tirar nunca mais. Trabalhamos o matelassê, tratamento dado a maioria das colchas e edredons. A cartela segue uma linha extremamente clean, preto, branco, off-white, cinza, azul marinho e bege. Contou com o apoio da Vicunha

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Mateus Cardoso com apoio da Vicunha e com foco no masculino, a marca procura investir em um novo design para este setor, através de estudo de novas formas, combinações, cores e tecidos. A coleção fala sobre a inquietação pessoal do estilista sobre masculinidades contemporâneas o levou a analisar o vestuário tradicional de seu público para se chegar a novos resultados. Com foco no processo, o ponto de partida para o desenvolvimento da coleção foi estudos de formas através da desconstrução da alfaiataria, resultando em produtos com novas proporções, combinações e um novo design. Grande parte do desenvolvimento da coleção é voltado para estudos de acabamento, com o objetivo se sempre melhorar a qualidade das peças. Grande parte dos tecidos usados são a base de algodão, mesclados à algumas peças de lã. Todas os estudos, desenvolvimento de modelagens e pilotos, são feitos pelo próprio estilista.

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A NotEqual, fundada em NY em 2013, explora a inovação criativa através da moda e da arte. Suas roupas artesanais desafiam a alfaiataria tradicional através de um novo sistema de medidas, que foge dos tradicionais, métrico e imperial, indo buscar na proporção áurea a razão de suas formas. A coleção se intitula Art Brut ,com o apoio da Vicunha, inspirado no movimento artístico criado por Jean Dubuffet em meados dos anos 40. Movimento esse que teve o intuito de dar visibilidade a artistas marginais ou completamente fora dos circuitos das academias e museus, e que acabou por fim encontrando seus grandes mestres em instituições psiquiátricas. Evocando nomes da Art Brut como Bispo do Rosário, Judith Scott e August Walla dentre outros, a proposta da coleção é se entregar ao processo destes artistas que tinham a criação como escape da alma. As peças fogem das construções tradicionais, a alfaiatarias se desconstrói, as costuras se trespassam assim como as modelagens. Listras enfatizam dobras e recortes e obrigam o olhar a percorrer a peça como um todo. A cartela, sóbria, tem tons de cinza e off.

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Para o Inverno 2020, com o apoio da Vicunha, o Rafael Caetano, buscou inspiração no livro de artes gráficas e digitais chamado Precursor. Assim como no livro, a cor assume o papel de protagonista da coleção e se dissolve entre peças construídas em bases que totalizam 70% de algodão, com apoio de tecelagens como Focus e Vicunha Têxtil! O trabalho de tie dyes aparece novamente em nuances bem mais claras e com maiores respiros que na coleção anterior. A novidade fica por conta da coleção de sungas, uma aposta do estilista para o alto verão, confeccionadas com artigos da tecelagem Santa Constanzia com fios da Rodhia, e que será apresentada junto com o desfile - além de divertidas, são a cara da marca. As cores transitam entre o branco, o preto, magenta, rosa chiclete, púrpura, violeta, hortênsia e azul celeste. A beleza é composta pela equipe do Bruno César e a trilha sonora assinada pelo jovem cantor Escarião. O casting de modelos é compostos apenas por meninos gays.

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A segunda coleção da Reptilia para a Casa de Criadores contou com o apoio da Vicunha e  foi inspirada nas criaturas que habitam regiões abissais, as profundezas das águas, e irradiam luz própria para compensar as trevas ao seu redor. Num paralelo às inspirações cotidianas da designer Heloísa Strobel, em que pessoas com esse poder de luz nos guiam para além das sombras que pairam sobre o mundo, a marca traz para passarela no dia 28, um jogo de volumes, tons de branco e preto com inserção de pigmentos químicos que brilham no escuro. “Cada peça desfilada foi desenvolvida em seus mínimos detalhes e carrega costuras especiais, inserções e detalhes que fazem dela uma obra por si só”, conta a designer. A marca recebeu novamente apoio das tecelagens brasileiras Lunelli e Vicunha Têxtil e também o apoio inédito da Lupo. Os calçados são uma parceria entre a Opium.cc + Baderna.

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Roberto Dognani - Entre todas as personas da noite, uma é unanimidade em drama, fervo e absurdo. Na noite há muito tempo, já viu clube fechar e clube abrir, já dançou em muitas festas. Elloanigena nasceu na Sound Factory no século passado. Seca, exótica e com looks à la Marilyn Manson, era a soberana da montação dos cybermanos, fez os shows mais insanos que alguém poderia sonhar.

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Rocio Canvas extrai a beleza do cotidiano.“Casa é uma máquina de morar”. A frase dita pelo arquiteto francês Le Corbusier parece fazer mais sentido do que nunca, quase um século depois. Com a internet evoluindo a ponto de concentrar no lar as variadas atividades da vida, o privado se torna um oásis na era da hiperexposição. Refletindo nesse retorno “para dentro” — e tudo que ele pode representar do ponto de vista comportamental e estético –, o designer Diego Malicheski concebeu suas Narrativas cotidianas para o inverno 2020. A coleção RC07, com apoio da Vicunha, conta novamente com a indispensável parceria com a TexPrima e foi inspirada no registro das belezas não-óbvias, que faz a arqueologia de objetos, cores, texturas, formas e sentimentos do cotidiano do próprio criador. Partes da ambientação e arquitetura da casa, itens que formam manchas gráficas, sombras, coisas conceituais e “estranhas” ao senso comum. Sua mulher, que já tem o mundo e a cidade na palma da mão, agora monta-se “para ir a lugar nenhum”. “A coleção fala sobre o conforto de estar em casa, o cotidiano visto de dentro para fora”, anuncia. A atmosfera elegante decadente criada como pano de fundo obviamente é um artifício para mostrar que se arrumada e confortável em casa, arrumada e pronta para a vida. Neste laboratório criativo, que rompe com os códigos de vestir, a roupa para ficar em casa é um look conceitual e de ir à padaria um vestido longo para a noite. Modelagens descoladas do corpo, formas exageradas e detalhes esculturais se combinam com texturas aveludadas inspiradas por tapeçarias macias. Os vestidos volumosos têm um ar extravagante quando usados em casa, combinados com sapatos suntuosos e lenços de pescoço. O tricot com pegada vintage é um item-chave porque é a tradução da palavra conforto. E a transparência com recortes e camadas fazem o contraponto contemporâneo de resgate da feminilidade. A alfaiataria oversized reforça a proposta da roupa multiuso, de estar arrumada para todas as ocasiões. Os acessórios tem assinatura RC e exploram curvas, arcos e argolas.

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A coleção “CASA ROSA” apresentada na 46a edição do evento Casa de Criadores contou com o apoio da Vicunha e é inspirada em minha origem latina. Rosa é um dos meus sobrenomes, advindo da família do meu pai, de El Salvador (América Central). Tendo em vista o atual momento sóciopolítico que vivenciamos, quero aproveitar a plataforma para chamar a atenção para importância dos imigrantes e para discutirmos assuntos como xenofobia e intolerância. As peças terão as cores e volumes inspirados na flor que dá nome à coleção, assim como em vestimentas de origem latina e referências da cultura pop.”

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Na passarela um desfile oferecido pela Sou de Algodão - patrocinadora do evento, que convidou estilistas já conhecidos pela Casa para apresentarem um look com tecidos da Vicunha.

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Vicente Perrotta - Em meio ao caos do país tropical, travestis resplandecem, não-bináries espalham a palavra decolonial, boycetas são resistência e mulheres cis negras são o único caminho para o futuro da nação. A coleção que foi apresentada nesta edição é o resultado de uma imersão artística no processo de costura com técnicas de reaproveitamento de materiais descartados, por meio do Instituto Tomie Ohtake direcionada pela estilista Vicente Perrotta, com mulheres TRANS e CIS que são atendidas em espaços de acolhimento, dentro do Galpão de Costura no Instituto Federal São Paulo. Além disto, a passarela recebe criações de 7 estilistas TRANSvestigêneres selecionades por Perrotta, cada um apresentou 3 looks upcycle, emergindo em todas as etapas da criação de uma performance/desfile na principal semana de moda criativa do país.

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Vivão - Marca de streetwear, criada em 2019, com o objetivo de trazer uma perspectiva de moda através da arte e seu constante movimento de mudança, inspirado pelo crescimento e readequação dessa indústria que nos oferece milhares de possibilidades e formas de expressão. Vivão levou para a passarela uma grande festa onde o tema era a arte de nossas vivências - a arte de existir e se expressar de maneira única, entendendo a nossa jornada, conquistas e história para prosseguir. Uma celebração sobre quem somos. A coleção Vivão Project 2020 exalta cores e personalidade com peças pintadas à mão, imprimindo o conceito de que corpos são telas. O desfile contou ainda com a direção de Dudu Bertholini.

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A coleção de inverno 2020 de Weider Silveiro, é inspirada na alfaiataria inglesa e nas vestes e ornamentos africanos, contudo essas referências são suavizadas ao extremo no intuito de construir uma imagem de moda moderna é uma roupa muito urbana e confortável!!! A marca destaca nesta estação o trabalho de upcycling em bottons garimpados em brechós especializados em alfaiataria masculina. Os tecidos vão de malhas de poliamida fluidas, jacquards , algodão de camisaria indo até sarjas com elastano.

Para esta edição, o Projeto Lab apresentou Boutique Venenosa, Rainha Nagô, Thear e Priscilla Silva.

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Criada por Fernanda Cerântola e Gabriela Andrade, Boutique Venenosa traduz em roupas a atitude selvagem e elegante. Tendo como base todo o exagero da década de 80, resgata a essência de poder expressar sua identidade através da roupa. A coleção com o apoio da Vicunha, e denominada como “A SAGRADA E PROFANA MULHER DE NEGÓCIOs” fala sobre o fato de que ao longo da história, mulheres foram ensinadas a terem medo e vergonha de si mesmas, reprimindo seus instintos e desejos. Sabemos que até hoje, queimamos na fogueira de diferentes formas. A década de 80 foi marcada pela ascensão da mulher no mercado de trabalho, abandonaram o posto de “dona do lar” para darem mais um passo em direção a sua independência, onde antes exerciam apenas cargos secundários, se tornaram chefes e grandes empresárias. Reféns de uma sociedade capitalista patriarcal agora em outros moldes, não tiveram alternativa a não ser batalhar no mundo dos homens enquanto reprimiam seus instintos e sentimentos.

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A estilista Priscilla Silva se apaixonou por moda ainda criança observando sua vó na época modelista costurar, ali começou a criar roupas de bonecas, nunca imaginou que esse hobby se tornaria sua profissão, há seis anos trabalha com moda, e há um ano e meio lançou sua marca de roupas. Com o apoio da Vicunha a coleção origem foi inspirada em uma mulher cosmopolita, com a alma indígena, que busca exclusividade e valoriza a simplicidade dos detalhes. A coleção retrata tribos pela visão da estilista Priscilla Silva. Na cartela de cor, os tons terrosos como terracota nude, coral e verde se sobressaem com o tingimento natural feito com raízes folhas e cascas. Os detalhes do (Cromê) técnica criada a partir do crochê e macramê ganham força e trazem a expertise do Handmade. Vestidos, calças, capa e colete estão entre as peças chave da temporada. Entre os tecidos, destaque para o algodão cru e viscose com ar contemporâneo e para alfaiataria uma das apostas da estação. Para os acessórios, índios brasileiros foram convidados para desenvolver uma coleção exclusiva para marca. Entre as peças estão colares, pulseiras, tiaras e alguns adornos como arco-flecha, borduna e aljava contam a história do povo.

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Rainha Nagô surgiu em 2014 fundada por Diego Soares e Camila Oliveira com objetivo trazer ao mercado da moda Afro e plus size não apenas roupas mas sim uma experiência de poder encontrar em uma grife acolhimento e saber que tudo que é feito aqui é pensando em vários corpos e não apenas em um tabela única de medida. Fui buscar especialização não apenas em cursos mas realizando um estudo de corpos onde desenvolvi tabelas específicas para melhor atender seu público. A temática do desfile, com apoio da Vicunha, é “Xangô a Beleza dos filhos do Rei”. Em tempos difíceis homenagear o orixá da justiça nos traz a coragem de seguir em frente. A coleção traz as características do orixá e de seus filhos que são imponentes e belos.

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A Thear é uma marca goiana, nascida com o propósito de fazer moda responsável, duradoura e atemporal. Aliando design e afetividade, buscando valorizar as relações humanas e os processos manuais. A coleção Den(in), feita toda em eco jeans, celebra a trajetória de quinze anos de moda autoral do designer Théo Alexandre, mergulhando em experimentações, técnicas e trabalhos artesanais.

da redação com informações da Agência Lema e fotos de Marcelo Soubhia Fotosite

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