O universo plus size

worldfashion • 14/01/21, 11:12

MODELO

loiane-bienow-por-catarino_joy-16_kdyi1hjlAos 33 anos, nascida em Nova Vencia, município com pouco mais de 50 mil habitantes no interior do Espirito Santo, Loiane - que trabalha como modelo desde os doze - tem se destacado no mercado da moda, rompendo tabus e representando autoaceitação e diversidade de corpos.

Coleciona passagens por países como Inglaterra, Estados Unidos, Japão e Alemanha, onde trabalhou para grandes grifes e profissionais do mercado, fez ensaios para Nick Knight - um dos mais prestigiados fotógrafos do mundo, além de ter posado para prestigiadas publicações como Vogue, Elle e Marie Claire. No Brasil trabalhou para  Ellus, Alexandre Herchcovitch, Forum, Zoomp e Água de Coco,

Há pouco mais de dez anos, um tratamento médico para tratar uma infecção urinária a fez lidar com o ganho de peso causado pelos medicamentos - que precisou tomar ao longo de mais de seis meses: “Eu não podia me loiane-bienow-por-catarino_joy-10_kdyi1hg8exercitar durante o tratamento, porque a infeção tinha afetado o meu rim. A medicação combinada com a falta de exercícios físicos me fez engordar quase 30 quilos. Foi um desafio mas, aos poucos, fui mudando minha forma de pensar e aceitar meu novo corpo”, afirma.

Hoje, Loiane desponta em um crescente cenário, que se atenta - cada vez mais - à necessidade de representatividade genuína: “Depois de passar por todo o tratamento, algo mudou dentro de mim. Meus pensamentos e conceitos eram outros, e deixei então de dar importância às pressões da sociedade e às minhas próprias cobranças. Aos poucos, fui me sentindo livre para me amar”, relembra e complementa “A beleza está na mulher gorda e na magra. Na alta e na baixa. A beleza se manifesta em todas as formas - e vem de dentro!”. É com essa afirmação que Loiane Bienow, da agenciada pela JOY Model, debate a quebra de padrões e empodera a mulher curvilínea.

loiane-bienow-por-catarino_joy-13_kdyi1hi3loiane-bienow-por-catarino_joy-6_kdyi1heoNa busca de novas perspectivas, a modelo exalta o amor próprio e quebra padrões: “O mercado internacional para modelos curvilíneas já é bastante avançado e oferece muitas oportunidades. Ainda há muito a ser feito em relação à quebra de padrões no Brasil, mas procuro ser otimista e colaborar, usando meu corpo como forma de comunicar, de empoderar mulheres que não se viam representadas”, finaliza.

VESTUÁRIO

look-neuza-leao-7-480x640look-neuza-leao-5-455x640Um estudo feito pelo Senai, para apoiar a indústria da moda a estipular o padrão das etiquetas, mostrou que a mulher brasileira tem em média 97 centímetros de busto, 85 de cintura e 102 de quadril. O que corresponde a uma numeração 44 e um corpo cheio de  curvas. O mercado da moda está de olho nesse perfil, tanto que as grandes marcas já apostam em modelos que representem essa realidade para suas campanhas de marketing. Centenas de perfis de influenciadoras digitais com esse padrão também já povoam as redes sociais onde elas mostram que é completamente possível ter auto-estima, se vestir bem e ser linda, independente da numeração da roupa.

alessandra-leao-divulgacao-1Longe de ser uma apologia à obesidade, a indústria e a mídia tem se adaptado a esse mercado plus size que está em ascensão, conforme apontou a Associação Brasileira do Vestuário, em 2018, um crescimento de 8% e uma movimentação financeira de R$ 7 bilhões. “Até bem pouco tempo as marcas trabalhavam do 36 ao 42 e o plus size iniciava a partir do 44, mas grandes marcas estão trazendo sua grade para até o GG”, detalha a consultora de estilo e imagem Alessandra Leão (foto à esquerda)

Segundo ela, as mulheres estão mudando de comportamento e se aceitando mais e isso impactou na forma como a indústria da moda oferece seus produtos.  “Tivemos que nos adequar a esse público que ficou mais exigente. Elas querem se sentir seguras, bonitas e não aceitam qualquer roupa, independente do preço”, explica Alessandra que comanda ao lado das irmãs e da mãe a loja Neuza Leão, instalada no Shopping Estação Goiânia. A marca tem fabricação própria e investe em coleções exclusivas para moda maior, além dos tamanhos padrão. Ela explica que confeccionar  peças plus size não se resume em apenas aumentar alguns centímetros nos tamanhos, mas respeitar os contornos que o corpo maior tem. “A  modelagem é um pouco diferente, pois na graduação das numerações menores fazemos a aplicação de um tamanho para outro de maneira padronizada. Quando vamos trabalhar o mesmo modelo 36 para o 46 e 48, adequamos pequenos detalhes, como comprimento, cavas, largura das costas”.

look-neuza-leao-1-466x640look-neuza-leao-3-466x640Nas calças, as proporções do quadril e bumbum  também são ajustadas, assim como o gancho.  “Se a cliente veste uma peça que não tem um bom caimento, não importa a estampa, o tecido, o preço. Ela precisa se sentir à vontade, só assim ela vai transmitir a sensação de segurança e de estar bem vestida. Um sentimento que todas as mulheres almejam, independente do tamanho da cintura” completa.

Dos modelos que mais saem, Alessandra destaca as blusas de tecidos mais leves com manguinhas e dá uma dica de ouro: “Antes de sair comprando tente entender os objetivos das suas compras. Lembre-se que é muito importante pois a roupa tem que se encaixar no corpo. Não compre por impulso só porque a peça está barata e atente-se ao seu estilo”. conclui

afinal, estilo e beleza também podem se encontrar nas peças plus size. Cada vez mais as marcas apostam nesse mercado pujante, que valoriza o corpo da mulher brasileira.

CALÇADO

modelo-1O Body Positive é um movimento que nasceu em 1967, nos Estados Unidos, aqui como Movimento Corpo Livre, de alguns anos pra cá, muitos movimentos ganharam força, com destaque àqueles que buscam conscientizar sobre a inclusão da diversidade. O movimento tenta conscientizar a população, principalmente feminina, de que todos os corpos são bonitos, ao contrário do que prega a indústria da moda. Uma das principais figuras responsáveis por disseminar essa corrente no Brasil é a modelo e influencer Rita Carrera. É ela quem está presente num momento histórico na moda, a capa da Vogue de novembro, ao lado de Preta Gil e Duda Beat, que faz ode ao Movimento Corpo Livre. Com 143 mil seguidores no Instagram, Rita busca debater e desconstruir padrões impostos pela sociedade aos corpos femininos e compartilhar sua história como modelo Plus Size.

modelo-3A influencer busca abordar temas de aceitação, amor próprio  e ativismo negro em suas redes sociais.  Ela é um representante chave na inclusão de diferentes tipos de corpos na indústria da moda e afirma que é fundamental se sentir representado. A carreira de Rita não começou cedo nas passarelas, por muito tempo ela ouviu frases do tipo”emagreça que você conseguirá ser modelo”. Porém, a modelo-influencer não se rendeu aos padrões impostos pela sociedade e escreveu uma nova página na própria vida e na de outras jovens que procuram alguém a se espelhar. Rita hoje é modelo agenciada pela FORD Models, estrela campanhas como Monte Carlos Joias, Eurico Calçados, Haskell cosméticos, é colunista da VOGUE Brasil e muito mais. Rita não é a única a passar maus bocados com os padrões impostos pela sociedade, existem várias influencers como Ju Romano, Fluvia Lacerda, Mel Soares, Manuh Rubi, Alexandrismo, Caio Revela, Thaís Carla, Isabella Trad, Luiza Junqueira e Carla Lemos que debatem sobre o mesmo tema. Se a lista de influencers que debatem sobre o assunto é grande, imaginem a quantidade de pessoas comuns que sofrem com o mesmo problema?

modelo-55modelo-2Foi o que mostrou uma matéria de 2013 do G1 Paraná, na qual duas mulheres que calçavam 31 e 41 relataram a dificuldade e constrangimento de encontrar calçados. O que para grande parte da população é um momento de descontração e lazer acaba sendo um pesadelo para quem não se encaixa nos padrões.

max-euricoPorém, existem marcas que pensam na inclusão de corpos fora do padrão há anos. A clientela da  A Casa - Eurico Calçados, fundada em 1936 pelo casal de alemães Erich e Leonie Rosenthal na capital paulista, especializada em calçados masculinos e femininos com numerações tidas como fora dos padrões, relatam uma felicidade sem tamanho ao encontrar calçados de sua numeração. Muitos deles queriam um calçado para se formar, se casar ou apenas para sair de casa usando algo que não machucasse seus pés. Sem abri mão do design e conforto os sapatos femininos vão da numeração 40 a 43, já os masculinos vão do 44 ao 48, abrangendo assim toda a parcela “esquecida” por boa parte da indústria de sapatos.

da redação com informações de Thiago Bunduky Loiane Bienow; da Comunicação sem Fronteiras Loja Neuza Leão; da Giovana Ricci Eurico Calçados    imagens: fotos/divulgação

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