ARTIGO - Balança comercial aponta desafios cruciais para o setor têxtil e de confecção do Brasil

worldfashion • 03/02/25, 10:32

Por Fernando Valente Pimentel*

O setor têxtil e de confecção ilustra este cenário: enquanto as exportações de algodão, aproximadamente 2,8 milhões de toneladas, geraram cerca de US$ 5 bilhões, os produtos manufaturados alcançaram apenas US$ 1 bilhão. Esta disparidade evidencia nossa crescente especialização na exportação de matérias-primas, um modelo que, embora não seja intrinsecamente negativo, demanda urgente diversificação.

Em meio a este contexto, destaca-se um dado preocupante: o Brasil tornou-se um dos principais destinos das exportações asiáticas, com destaque para a China. Esta, respondendo por um terço da produção industrial global e um superávit comercial de US$ 1 trilhão em 2024, impacta significativamente nosso setor têxtil. O déficit setorial de US$ 5,6 bilhões em 2024 (US$ 1 bilhão em exportações versus US$ 6,6 bilhões em importações) é alarmante, especialmente considerando que cerca de 60% das importações são de origem chinesa.

O cenário para 2025 apresenta desafios ainda mais complexos, com previsão de crescimento do PIB brasileiro de 2,06%, menor que os 3,5% de 2024. Soma-se a isso o possível aumento das barreiras comerciais globais, especialmente nos Estados Unidos, e a provável intensificação da busca por mercados alternativos pelos exportadores mundiais, que certamente mirarão o mercado brasileiro.

O programa Nova Indústria Brasil (NIB) representa uma iniciativa promissora para adensar as cadeias produtivas nacionais. Entretanto, são necessárias ações complementares, incluindo a utilização mais efetiva de medidas legítimas de defesa comercial, a busca por novos acordos internacionais, como o Mercosul-União Europeia, o qual esperamos que seja ratificado este ano e implementado em termos práticos em 2026. É fundamenta, ainda, a redução do “Custo Brasil” e investimentos consistentes em modernização e produtividade.

Os números de 2024 são preocupantes para o setor têxtil e de confecção, pois as importações cresceram cinco vezes mais rapidamente do que a produção e seis vezes mais do que o varejo. A situação é grave, considerando que muitos produtos importados chegam com preços predatórios, sustentados por subsídios e práticas laborais e ambientais incompatíveis com os padrões brasileiros.

A indústria têxtil e de confecção brasileira encontra-se em um momento crucial. Ainda que o superávit comercial geral seja positivo, as entrelinhas dos dados revelam desafios significativos, que precisam ser enfrentados com políticas assertivas e ações coordenadas entre governo e setor privado. Em paralelo à agenda de competitividade interna, necessitamos fortalecer nossa capacidade de exportação de produtos manufaturados.

O setor, com ações capitaneadas pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), mantém uma agenda ativa e ofensiva para conquistar mais mercados internacionais, incluindo pesquisa de mercado, estudos detalhados sobre os mercados-alvo, adaptação de produtos e marketing, certificações internacionais, desenvolvimento de competências, parcerias estratégicas, e-commerce e participação em eventos. Ademais, em parceria com a Apex, mantemos o programa TexBrasil. Por meio dessa iniciativa, as empresas recebem suporte em diversas áreas, como qualificação profissional, inteligência de mercado, promoção comercial e sustentabilidade, o que lhes permite fortalecer sua competitividade.

A despeito das estratégias e projetos setoriais, se o Brasil não conseguir resgatar níveis mais elevados de competitividade para conquistar mercados internacionais, corremos o risco de comprometer seriamente o futuro do nosso setor têxtil e de confecção, que está sendo atacado internamente, com capacidade de reação menor do a daqueles que estão entrando em nosso mercado. O momento exige ações de coordenação entre os setores público e privado, como já está acontecendo, pois, a sustentabilidade e pujança do parque fabril e da economia do nosso país depende da nossa capacidade de responder a esses desafios.

*Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Edições 2025 da FIT 0/16 e Pueri Expo

worldfashion • 29/01/25, 16:57

Já é quase lugar-comum constatar que os mercados de moda infantojuvenil e de produtos para bebês no Brasil crescem ano após ano seguindo o mesmo potencial dos seus pequenos consumidores. No caso dos vestiários e acessórios, a evolução varia de 6% a 8% ao ano, segundo dados da IEMI/ABIT (Inteligência de Mercado e Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). E no setor de puericultura, o crescimento chega a 30%, de acordo com a Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis).

O diretor-geral da Koelnmesse Brasil, Beni Piatetzky, adianta suas expectativas para as edições deste ano: “Estamos esperando uma feira Pueri Expo inédita, com a grande novidade que é a Pueri Talks. Vamos reunir os médicos pediatras com o universo da puericultura pela primeira vez, além de ter também a volta de grandes marcas como a Galzerano e a Burigotto”.

“Para a FIT, nós estamos batendo recorde de tamanho, tendo uma participação muito grande de vários estados brasileiros, além da representação de outros países. A nossa expectativa é a de que o número de visitantes aumente bastante por causa das nossas campanhas grandes e assertivas, diretamente com os lojistas do setor”, destaca Piatetzky.

As oportunidades de negócios são gigantes e esse é um dos principais ingredientes que estarão na 58ª FIT 0/16 - Feira Internacional do Setor Infantojuvenil e Bebê e a 8ª Pueri Expo – Feira Internacional de Negócios em Puericultura. Os eventos são organizados pela Koelnmesse Brasil e acontecem entre os dias 27 e 29 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo.

A Pueri Talks é o principal evento na Arena do Conhecimento da Feira. Foi idealizado no formato de simpósio para estreitar o diálogo com o setor de pediatria. Haverá palestras de médicos renomados sobre a saúde da criança e do adolescente, durante os três dias do evento. Todo esse conteúdo, com debates e demonstrações de produtos, possibilita que os participantes ampliem seus conhecimentos sobre os avanços tecnológicos e científicos no universo infantil.

Outra novidade deste ano será o programa de visitantes, com visitas guiadas aos expositores, realizado em parceria com a agência especializada em feiras de negócios Double Down Live Marketing (DDML).

Compradores visitantes das Feiras terão ambiente propício para estarem frente a frente com os expositores na Rodada de Negócios. A gerente de projetos da FIT 0/16 e Pueri Expo, Daniela Gonzalez, antecipa as novidades deste ano:

“A Rodada de Negócios vai ter mais compradores do que 2024, que já foi um ano de muito sucesso. É uma oportunidade muito boa dos expositores se sentarem com quem realmente está pronto para fazer negócios. Em 2025 a rodada vai ser maior, então é a chance de os interessados se programarem com antecedência e participar”.

Daniela retoma seu protagonismo profissional nas Feiras depois de dois anos. Em 2022 ela era coordenadora de Vendas da FIT 0/16 e da Pueri Expo, primeiro evento depois da pandemia da Covid-19, em que as marcas estavam começando a se estruturarem. Em junho do ano passado, Daniela assumiu a gerência de projetos da Koelnmesse Brasil.

Setores das Feiras

O mundo da moda infantojuvenil da FIT vai abranger, além de roupas para crianças e adolescentes, marcas expositoras de acessórios, calçados, moda bebê e enxoval.

Na Pueri Expo os setores estão divididos em “creche leve” (produtos de puericultura leve como mamadeiras, chupetas, mordedores, pratos etc.), decoração, mobília, cuidados infantis pesados (puericultura pesada como carrinhos de bebês, banheiras, berços, cadeirinha, banheira etc.), brinquedos e os novos setores compostos por higiene e cosméticos e nutrição infantil.

Serviço:

FIT 0/16 e Pueri Expo

Data: 27 a 29 de abril de 2025

Horário: 10h às 19h

Local: Expo Center Norte - Pavilhão Azul

Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo – SP.

Sobre a Koelnmesse

A Koelnmesse é organizadora internacional de ponta para feiras focadas em equipamentos e enxovais do segmento premium para bebês e crianças. Em Colônia, na Alemanha, a feira líder mundial Kind + Jugend apresenta anualmente os mais novos produtos, tendências e inovações, como plataforma setorial central estabelecida para o comércio global. Além disso, a Koelnmesse está expandindo seu portfólio em nível internacional: na América Latina, a Pueri Expo em São Paulo é a maior feira para produtos de alta qualidade voltados ao segmento de bebês e crianças, reunindo de maneira focada as principais marcas brasileiras e internacionais com compradores e varejistas de toda a região.Com a feira Kind + Jugend ASEAN, essa bem-sucedida marca de feiras lança mais um evento em Bangkok na Tailândia, voltado especificamente às regiões emergentes no sudeste asiático.

da redação com informações da 2PRÓ Comunicação

ARTIGO - Brasil pode vencer os desafios do trabalho informal, produtividade e reindustrialização

worldfashion • 27/01/25, 14:59

Por Fernando Valente Pimentel*
A distribuição da informalidade apresenta variações regionais significativas. Enquanto o Norte e o Nordeste registram os maiores índices, o Sul e o Sudeste têm taxas menores. Santa Catarina, com 26,4%, destaca-se como o Estado com o menor percentual.
O problema não é um fenômeno isolado, mas parte de uma complexa teia de relações econômicas e sociais. Existe uma estreita correlação entre os níveis de informalidade, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e menor presença local e regional da indústria. Essa interconexão revela desafios estruturais profundos na economia brasileira.
A baixa produtividade emerge como um dos principais obstáculos ao desenvolvimento. A informalidade contribui decisivamente para esse cenário, criando um ciclo vicioso de precariedade laboral e baixa geração de valor econômico. Trabalhadores informais geralmente carecem de proteção social, treinamento especializado e acesso a tecnologias que poderiam elevar sua eficácia.
Para enfrentar esses desafios, é fundamental uma estratégia multidimensional. As principais frentes de atuação devem incluir: políticas de formalização, com simplificação burocrática e redução da carga tributária sobre o emprego formal; investimento em educação e qualificação profissional, alinhando formação às demandas do mercado; e estratégias de reindustrialização, com fomento à inovação e atração de investimentos na indústria, que é empregadora intensiva, e demais setores importantes para o desenvolvimento.
Cabe lembrar que o governo está adotando medidas nesse sentido, como a Nova Indústria Brasil (NIB), Brasil Mais Produtivo (B+P), Plano Mais Produção e Depreciação Acelerada. O êxito desses programas contribuirá para a geração mais intensiva de empregos formais. Também se requer um esforço coordenado entre o poder público, setor privado e sociedade civil. É necessário criar um ambiente institucional e econômico que promova a formalização, capacitação e formação de competências e a modernização do tecido produtivo nacional.
Trata-se de uma jornada permeada por obstáculos complexos, mas não instransponíveis. Com planejamento estratégico, temos tudo para realizar um projeto nacional de desenvolvimento que valorize o capital humano, promova a inclusão produtiva e estabeleça as bases para o crescimento sustentável e socialmente justo.
*Fernando Valente Pimentel é o diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

31ª EDIÇÃO INSPIRAMAIS

worldfashion • 24/01/25, 14:02

Na abertura do evento, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Gerson Berwanger, foi enfático ao demonstrar o orgulho de fazer parte de um ecossistema tornou resiliência sua palavra de ordem. “No ano passado, aqui onde estamos realizando essa abertura tinha dois metros de água. Conseguimos, com parceiros importantes, trazer um evento pujante novamente para a FIERGS, mostrando toda a inovação e a sustentabilidade em materiais voltados para as indústrias de calçados, confecções, móveis, tapeçaria e bijuterias”, destacou.

Detalhando os projetos realizados no salão, a superintendente da Assintecal, Silvana Dilly, destacou a maior abrangência do INSPIRAMAIS, que nesta edição trouxe para o evento o segmento de tapeçaria automotiva. “A transversalidade dos materiais da nossa indústria é uma ferramenta de competitividade”, disse.

A dirigente ressaltou, ainda, projetos como o Respira Acre, que trouxe para o salão 18 biomateriais oriundos da floresta amazônica, mostrando como é possível fazer o uso sustentável dos vastos recursos naturais brasileiros. “Desde que estou na entidade, há mais de 20 anos, é o projeto mais lindo, mais cheio de significados”, acrescentou.

Parceira da Assintecal na realização do projeto, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), estava presente com o seu presidente, Jorge Viana. Natural do Acre, Viana se disse emocionado com o Respira Acre e prometeu o levar para a Cop30, que acontece em Belém/PA em novembro. “Também destaco o Projeto Comprador, realizado pela Assintecal e ApexBrasil, que proporcionou a vinda de 23 grupos internacionais para realizarem negócios no salão”, comentou.

Participaram também da abertura do INSPIRAMAIS, o coordenador do Núcleo de Design e Pesquisa da Assintecal, Walter Rodrigues, dirigentes do Sebrae Nacional, do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entidades parceiras na realização do salão.

Na ocasião, o coordenador do projeto e consultor do Núcleo de Design e Pesquisa da Assintecal, Marnei Carminatti, entregou o livro resultante da iniciativa para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. Emocionado, Viana, natural do Acre, destacou a excelência do trabalho proposto pela agência à Assintecal, que resultou na identificação de 18 biomateriais que podem ser aplicados nos setores de calçados e acessórios. “O trabalho realizado tem alma e, por isso, emociona. É preciso conhecer o potencial da floresta para preservá-la e também gerar renda para toda uma comunidade de povos originários envolvida no processo”, disse.

Carminatti, por sua vez, apresentou o projeto que identificou biomateriais como fibras naturais de buriti, bananeira e carrapicho, além de uma grande diversidade de aplicações com sementes de açaí, jarina e tucumã, bem como a extração sustentável do látex. “Aprendemos muito, na floresta todos nós somos analfabetos. Existe um paraíso para criativos, cheio de texturas, cores e design ancestral”, comentou.

O projeto Respira Acre com exposição no INSPIRAMAIS, os visitantes puderam conhecer - e até mesmo comprar - alguns dos produtos desenvolvidos pelas comunidades do Acre.

PESQUISA BURNOUT  - INSPIRAMAIS 2026_I

O INSPIRAMAIS também foi palco para a tradicional apresentação da pesquisa Burnout, que orientou o desenvolvimento dos milhares de materiais expostos no salão de moda. Segundo o coordenador da pesquisa, Walter Rodrigues, o Burnout, traz um cenário “brutalista” que reflete um mundo de guerras, ódio, discórdia e fadiga. “Parece surreal falarmos de moda nesse ambiente, mas a moda precisa resistir e precisamos de força para sair desse estado”, disse. Ressaltando a estranheza e o tom underground da temática, o estilista destacou a influência da estética do modelista internacional Rick Owens, que apresenta uma instabilidade no sistema e como a “fadiga” chegar ao consumidor final.

No contexto do Burnout, Rodrigues ressaltou a estética “boneca quebrada”, que apresenta um quadro depressivo e artificial em uma sociedade fechada e com papel preponderante da Inteligência Artificial. Nos materiais, percebem-se muitas em amarrações, saltos alongados e pontiagudos, acabamentos com muito brilho e fivelas e zíperes . Na cartela de cores, Rodrigues destacou os tons mais escuros como azul marinho e berinjela.

PRÊMIO PRIMUS

Considerado o principal prêmio da indústria de componentes para couro e calçados do Brasil, o Prêmio Primus destacou, na noite do último dia 21, 13 cases de empresas do setor nas áreas de sustentabilidade, exportação, inovação tecnológica e design. A entrega da premiação fez parte da programação do INSPIRAMAIS, salão que lança materiais para as indústrias da moda na FIERGS, em Porto Alegre/RS.

Na oportunidade, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Gerson Berwanger, ressaltou a relevância da geração de cases positivos que se tornem referências para o desenvolvimento setorial. “A Assintecal, como entidade representativa de uma cadeia que gera riqueza e empregos para mais de 1 milhão de pessoas no Brasil, tem como missão primordial seguir desenvolvendo a nossa atividade em consonância com os anseios do mercado. O Prêmio Primus, há quase 20 anos, é uma ferramenta fundamental de desenvolvimento e competitividade”, comenta o dirigente, ao agradecer todos os presentes, expositores, visitantes, associados, imprensa e, sobretudo, os apoiadores. “Sem o apoio dos nossos parceiros, nada disso seria possível”, acrescenta.

Realizado pela Assintecal, o Prêmio Primus teve o apoio da os patrocinadores são FIMEC, Traduzca, Transduarte, Biason, Eurolatina, Tiart e Grupo Sinos.

Vencedores Prêmio Primus:

Origem Sustentável - Governança - Média e Grande Empresa (MGE) - Lev Termoplásticos

Origem Sustentável - Social - Micro e Pequena Empresa (MPE) - RR Componentes

Origem Sustentável - Social - MGE - Karina Termoplásticos

Origem Sustentável - Ambiental - MGE - ITM Têxtil

Exportação - Novos exportadores - WS Metais

Exportação - Exportação Consolidada - Polako

Inovação Tecnológica - Inovação Aberta - MGE - Ambiente Verde

Inovação Tecnológica - Projeto no Plano - MPE - Martine Digital

Inovação Tecnológica - Projeto no Plano - MGE - Jotaclass

Inovação Tecnológica - Projeto em Andamento - MGE - Cipatex

Design - MGE - JR Dublagens

Design INSPIRAMAIS - Couros e peles exóticas - Curtume Mats

Design INSPIRAMAIS - Tecidos Bertex.

ORIGEM SUSTENTÁVEL

Criado pela Assintecal em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em 2013, o Origem Sustentável é baseado nas melhores práticas internacionais de sustentabilidade, seguindo a diretriz de 104 indicadores distribuídos em cinco dimensões: econômica, ambiental, social, cultural e gestão da sustentabilidade. As categorias certificadas são: Diamante (+80% dos indicadores alcançados); Ouro (+60%); Prata (+40%) e Bronze (+20%). As auditorias são realizadas por órgãos independentes como SENAI, SGS, ABNT, Intertek, Bureau Veritas e DNV. Atualmente, mais de 100 empresas da cadeia produtiva do calçado são certificadas ou estão em processo de certificação. As renovações acontecem a cada dois anos. Mais informações no site www.origemsustentavel.org.br.

O único programa do mundo a certificar práticas ESG em empresas da cadeia produtiva do calçado no mundo, recertificou oito fornecedores de materiais durante a 31ª edição do INSPIRAMAIS.

Na oportunidade, a superintendente da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Silvana Dilly, destacou a importância da certificação como uma ferramenta de competitividade para a atividade, já que é um diferencial frente à concorrência internacional. “Nós temos um forte compromisso com o desenvolvimento do setor e muito nos orgulha que tenhamos cada vez mais empresas certificadas no Origem Sustentável e utilizando essa certificação para o incremento de sua competitividade no mercado nacional e internacional”, disse.

Foram recertificadas, na ocasião, as empresas Cofrag (upgrade de Ouro para Diamante), RR Componentes (Diamante), Lev Termoplásticos (Diamante), M3 Tingimentos (Prata), Wolfstore (Prata), Pégasus (Prata), Palmiarte (Prata) e CB Injetados (Prata).

A  32ª edição do INSPIRAMAIS será  nos dias 15 e 16  de julho no espaço PRO MAGNO em São Paulo.

da redação com informações da DCR - Assessoria de Imprensa

ARTIGO - O SISTEMA DE MODA

worldfashion • 20/01/25, 08:59

BY OLIVIA MERQUIOR

Moda não é uma roupa, não é vestuário, nem indumentária. Moda é um sistema.

Como desvelar o sistema? O que a moda pode aprender com o filme “Ainda Estou Aqui”?

Aletheia é um conceito da filosofia da arte que tenta explicar o momento em que nos deparamos com obras ou situações que rompem uma percepção do mundo.

A palavra vem do grego antigo, onde a- (negação) e lēthē (ocultação ou esquecimento) se juntam para expressar esse registro tão potente e transformador que nunca mais será esquecido.

Na década de 30, o polêmico filósofo Martin Heidegger trouxe Aletheia para o mundo moderno. Em suas conferências, ele defende que a arte pode revelar a verdade por meio de um processo de desocultação. O interessante é a separação que ele faz entre a experiência de criação e o objeto que permanece no mundo.

Quando li “A Origem da Obra de Arte”, fiquei bastante perturbada. Para Heidegger, o ser-arte acontece no momento de construção da obra, em um chronos suspenso em que “o artista posta-se diante da obra como algo indiferente, quase como uma passagem que se autoaniquila para a produção da obra, no ato de criar”. O artista como corpo e a arte como objeto se fundem em Aletheia. Quando chega ao museu, a obra vira objeto e, segundo ele, sua potência de desvelamento (ser-arte) não está mais ali. Aletheia instala um mundo.

Não apenas obras de arte (no conceito tradicional) têm o poder de desvelar coisas que estão diante de nós, mas que, por uma busca de conformidade ou conveniência, não enxergamos. O olhar do artista é aquele que, ao se deparar com um alvorecer, é arrebatado pela grandiosidade do gradiente de cores que se desmancham no infinito. A Aletheia, porém, essa rachadura nas nossas certezas, pode acontecer de forma menos agradável.

Diante de um acidente, o olhar desinteressado de um artista pode ser exposto à estranheza de um crânio esmagado. Até aquele momento, uma cabeça era parte íntegra de um corpo, e nada se pensava sobre as texturas de seu interior. Ao vê-la espatifada como porcelana derramando seu conteúdo vermelho, alaranjado, viscoso, mole, o artista nunca mais olhará para uma cabeça em pleno funcionamento da mesma forma.

Diferente de um médico, ensinado a compreender a cabeça por suas funções e utilidade, no olhar desinteressado do artista, o arrebatamento do crânio esmagado pode desvelar uma verdade que reorienta totalmente seu estar-no-mundo.

Uma pintura que desvela (aletheia) um mundo inteiro. Heidegger menciona esta obra específica de Van Gogh (Par de Sapatos, 1895)

Aquilo que nos olha e aquilo que queremos ver

Esse conceito de busca pela verdade, não por meio de fatos, mas por uma compreensão transformadora do mundo, está presente na poesia delicadamente violenta do roteiro de Ainda Estou Aqui.

Porém, o que mais me interessa nesse artigo é traçar uma analogia entre o olhar convenientemente preservado sobre o fazer cultural, tanto no cinema quanto na moda, no mundo de hoje.

Para que uma obra de arte seja capaz de gerar o arrebatamento de um alvorecer ou de um crânio esmagado — seja em filme ou em um objeto vestível —, ela precisa carregar um “ser”, algo difícil de explicar.

Não à toa, a maioria das obras filosóficas não são leituras fáceis de enfrentar, e não por acaso, definir o que é uma obra de arte permanece uma tarefa polêmica.

Eu não fui arrebatada pelo filme. Chorei, me maravilhei com a qualidade cinematográfica, com os detalhes da direção de arte, e sou fascinada pela inteligência dramática de Fernanda Torres. O momento Aletheia não chegou para mim naquela sala de cinema, mas aplaudi o fato de estar diante de uma obra que, sim, considero capaz de vencer o mercado internacional. Afinal, o mercado de prêmios é menos movido por Aletheias e mais por uma visão desvelada de como o sistema funciona.

Quando aplaudimos Fernanda Torres pelo seu merecido globo, a sensação é de que o país venceu junto com ela. Quando vemos jovens estilistas nacionais serem indicados a louros no exterior, também sentimos isso. É uma sensação de alívio, como se nem tudo estivesse perdido. No mundo das redes sociais, rapidamente surgem fios que começam a se multiplicar, proclamando que este é “o ano do(a) [escolha sua área] brasileiro(a)”.

A moda, principalmente, tem esse impulso motivador. Apesar de não haver premiações nacionais, da principal semana de moda do país (e da América Latina) estar desvalorizada, da mídia não especializada ignorar a moda como cultura e das políticas de fomento praticamente inexistirem para o setor, nas redes sociais, no fim do ano passado, só se falava do grande momento da moda nacional.

Roberto Jatahy, CEO do Grupo Soma — responsável pela expansão da FARM —, alertou, no palco do Iguatemi Talks, que a reputação do Brasil estava muito ruim, o que dificultava todo o trabalho de internacionalização da marca. Uma grande rede social me confidenciou que os investimentos na área de moda para o Brasil haviam sido suspensos por falta de movimentos interessantes. Embaixadas relataram que seus países não estavam priorizando relações com a moda brasileira no momento. Mesmo assim, nas redes sociais, eu continuava sendo impactada pelo otimismo em torno do suposto grande momento da moda nacional.

Para mais artigos de Olivia Merquior: https://substack.com/@oliviamerquior

ABIT - BALANÇO 2024

worldfashion • 17/01/25, 16:25

O perfil do setor em 2024 evidenciou sua importância na economia nacional. Com faturamento de R$ 203,9 bilhões em 2023 e estimativa de R$ 215 bilhões em 2024, a indústria têxtil e de confecção compreende 25,3 mil empresas com mais de cinco funcionários, gerando 1,3 milhão de empregos diretos e contribuindo com R$ 32,9 bilhões em salários e remunerações. Além disso, recolheu R$ 24,4 bilhões em impostos e taxas. Os dados ratificam a posição da indústria têxtil e de confecção brasileira como a quinta maior do mundo.

Em termos de empregos, o setor também apresentou resultados positivos. De janeiro a outubro de 2024, foram criados 30,7 mil postos de trabalho, sendo 14,2 mil no segmento têxtil e 16,5 mil no de confecção. No período de dezembro de 2023 a novembro de 2024, o saldo positivo do setor como um todo foi de 7,1 mil vagas. O setor segue como âncora da inflação, uma vez que, com margens muito estreitas e competição com produtos importados, acaba por absorver custos sem repassar ao consumidor.

No tocante à produção, o segmento têxtil registrou crescimento de 4% entre janeiro e novembro de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, enquanto o vestuário avançou 3,8%.

Também cabe enfatizar o lançamento pela Abit, em 2024, da Liga de Descarbonização, um passo significativo no percurso do setor em sua jornada rumo à produção e consumo sustentáveis. Tal movimento apresenta um cenário promissor para o futuro da moda e alinha a atividade às exigências globais de redução de emissões de gases de efeito estufa.

COMÉRCIO EXTERIOR

No comércio exterior, as exportações de produtos têxteis e de confecção em 2024 totalizaram US$ 908 milhões, enquanto as importações chegaram a US$ 6,6 bilhões, resultando em um saldo negativo de US$ 5,7 bilhões. Em relação ao ano anterior, o volume das importações aumentou 20,8% e das exportações diminuiu em 3,8%. As compras externas de roupas tiveram expansão de 21,4%, sendo a maior parcela advinda da China.

Apesar do déficit na balança comercial, o setor busca fortalecer sua competitividade no mercado internacional. Nesse sentido, o programa Texbrasil, realizado por meio de parceria entre a Abit e a Apex, apoiou 181 empresas em 20 feiras e eventos internacionais em 2024. A iniciativa gerou negócios imediatos de US$ 16 milhões e uma expectativa de mais de US$ 122 milhões em vendas futuras.

Outro programa da Abit, o Vista Brasil, numa promoção conjunta com o Sebrae e voltado ao fomento de micro e pequenas empresas, apoiou 15 delas em duas feiras nacionais. Os negócios realizados nos próprios eventos somaram R$ 1,33 milhão e expectativa de outros R$ 3,64 milhões nos próximos 12 meses.

EMPRESÁRIOS CONFIANTES

Para 2025, segundo levantamento feito pela Abit com empresários do setor, as perspectivas são otimistas. Dentre os entrevistados, 45% preveem crescimento moderado do mercado interno, entre 2,1% e 4%, e 8% acreditam em um aumento significativo das exportações. Investimentos também estão no horizonte, com 42% das empresas planejando aportar recursos moderadamente, priorizando maquinário, tecnologia e automação, e 31% focando na expansão da capacidade produtiva.

O avanço dos programas Nova Indústria Brasil (NIB), Depreciação Acelerada e Brasil + Produtivo é considerado estratégico pela Abit em 2025. Os principais desafios para este ano incluem a escassez de mão de obra qualificada, custos de produção e a necessidade de adaptação às novas tecnologias.

Algo que poderá impulsionar de modo expressivo o setor é o acordo entre Mercosul e União Europeia, concluído no final de 2024, mas que precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países signatários. A Abit foi uma das entidades pioneiras nas negociações dos parâmetros mercadológicos, num trabalho consistente de diplomacia econômica realizado em conjunto com a European Apparel and Textile Confederation (Euratex).

Apesar das dificuldades, dentre elas o desequilíbrio fiscal do Estado, que gera incertezas, a indústria têxtil e de confecção mantém o foco em inovação, sustentabilidade, crescimento e maior participação no mercado global. Os dados referentes a 2024 reiteram o papel estratégico do setor na economia brasileira.

da redação com informações da Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação

ABICALÇADOS

worldfashion • 13/01/25, 14:55

Nos dados elaborados pela ABICALÇADOS - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, somente no mês de dezembro 2024, entraram no Brasil mais de 3,2 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 42,65 milhões. Os registros apontam para altas de 75% em volume e de 46,5% em receita no comparativo com o mesmo mês de 2023.

No acumulado de todo o ano passado, as importações alcançaram 35,8 milhões de pares e US$ 477,72 milhões, incrementos de 26,3% e 7,9%, respectivamente, ante 2023.

As principais origens das importações seguem sendo os países asiáticos China, Vietnã e Indonésia, que responderam por mais de 80% dos calçados que entraram no Brasil ao longo do ano. O Vietnã, no último mês de 2024, exportou para o Brasil 887,8 mil pares de calçados por US$ 16,68 milhões, altas de 56% em volume e de 42,2% em receita na relação com o mesmo mês de 2023. No acumulado de 2024, as importações de calçados oriundos do Vietnã somaram 11,9 milhões de pares e US$ 224 milhões, altas tanto em volume (25%) quanto em receita (5,2%) em relação a 2023.

Em dezembro, foram importados da China 860 mil pares de calçados por US$ 3,9 milhões, incrementos de 105,8% em volume e de 48% em receita no comparativo com o mesmo período de 2023. No acumulado do ano, as importações de calçados da China somaram 9,8 milhões de pares e US$ 40,2 milhões, alta de 4% em volume e queda de 16% em receita em relação a 2023. O preço médio ficou em US$ 4,06, queda de 19% ante 2023, um indicativo de preços artificialmente abaixo dos praticados no mercado (dumping).

Fechando o ranking das principais origens das importações apareceu a Indonésia, que em dezembro embarcou para o Brasil 846,74 mil pares por US$ 13 milhões, incrementos de 105,8% em volume e de 48% em receita na relação com o último mês de 2023. No acumulado de 2024, as importações da Indonésia registraram 6,8 milhões de pares e US$ 110,26 milhões, altas tanto em pares (52%) quanto em receita (26%) em relação a 2023.

NOVOS PLAYERS

Além do aumento das importações, que tiram espaço dos calçados brasileiros nas prateleiras das lojas, preocupam a Abicalçados os novos entrantes no mercado das importações. Em 2024, apareceram players asiáticos como Camboja, Índia, Mianmar e Bangladesh, que juntos exportaram para o Brasil mais de 2,5 milhões de pares, 56% mais do que em 2023. “Existe uma mudança na produção intra-Ásia em busca de menores custos com mão de obra. E, no caso das exportações para o Brasil, também para driblar a tarifa de antidumping aplicada contra o calçado chinês (hoje em US$ 10,22 por par, além da tarifa de importação)”, explica o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. Segundo ele, o alerta foi realizado para o Governo Federal, que ficou de analisar o caso com base nos dados fornecidos.

EXPORTAÇÕES CAIRAM

Diferentemente das importações, as exportações do setor caíram em 2024. Dados elaborados pela Abicalçados apontam que, em dezembro, foram embarcados 7,83 milhões de pares por US$ 72,4 milhões, incremento de 5,4% em volume e queda de 1,4% em receita na relação com o último mês de 2023. No acumulado do ano, as exportações brasileiras somaram 97,45 milhões de pares e US$ 976 milhões, quedas tanto em volume (-17,7%) quanto em receita (-16,4%) em relação a 2023.

As principais origens das exportações de 2024 foram o Rio Grande do Sul (32,28 milhões de pares e US$ 485,36 milhões, quedas de 8,6% e 10,9%, respectivamente, ante 2023); Ceará (30,2 milhões de pares e US$ 199,3 milhões, quedas de 17,5% e 25%); e São Paulo (5,84 milhões de pares e US$ 91,26 milhões, quedas de 23% e 16,7%).

DESTINOS

O principal destino dos embarques brasileiros ao longo de 2024 foi os Estados Unidos, para onde foram embarcados 10,28 milhões de pares por US$ 216,3 milhões, quedas tanto em volume (-3,3%) quanto em receita (-4,8%) em relação a 2023. Na sequência, aparecem a Argentina (12,6 milhões de pares e US$ 201,54 milhões, quedas de 10,5% e 10%, respectivamente) e Paraguai (8,34 milhões de pares e US$ 42,7 milhões, quedas de 20,6% e 13,5%, respectivamente).

Confira as tabelas completas no link https://bit.ly/40wMtFu

Novo endereço da Abicalçados - Rua Júlio de Castilhos, 561 - Centro Novo Hamburgo, RS 93510-130 Brasil - Telefone: (51) 3594.7011.

da redação com informações do assessor de imprensa Diego Rosinha

ARTIGO - Brasil precisa acelerar o ritmo das agendas prioritárias muito antes do Carnaval chegar

worldfashion • 09/01/25, 09:12

Por Fernando Valente Pimentel*

No entanto, o horizonte de 2025 apresenta alguns pontos de atenção. A sustentabilidade fiscal permanece como fonte de preocupação para os mercados, refletindo-se na valorização do dólar e na manutenção de taxas de juros elevadas. As projeções indicam uma desaceleração do aumento do PIB e uma redução no ritmo dos investimentos, sinalizando a necessidade de ações corretivas imediatas.

Nesse contexto, a agenda da Nova Indústria Brasil (NIB) emerge como pauta fundamental para o crescimento sustentável. O fortalecimento da base manufatureira, de modo a aumentar a participação mundial do Brasil no comércio de bens e produtos de maior valor agregado, é essencial para gerar empregos qualificados e reduzir vulnerabilidades externas. A transição energética e a economia verde apresentam oportunidades únicas para o País recuperar seu protagonismo no setor, aproveitando nossas vantagens competitivas em energia limpa e biodiversidade.

Um desafio particularmente grave e urgente é o combate ao crime organizado, que tem demonstrado crescente ousadia e capacidade de articulação. As facções não apenas causam perdas irreparáveis de vidas humanas, mas também geram impactos econômicos substanciais, afetando o comércio, o turismo e os investimentos em diversas regiões. A sensação de insegurança e os custos diretos e indiretos da violência representam um pesado fardo para o desenvolvimento nacional, exigindo resposta coordenada e efetiva do Estado em todas as suas esferas.

O cenário internacional adiciona ingredientes de complexidade e incerteza para 2025. Os conflitos mais visíveis entre Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio arrastam-se sem perspectiva clara de resolução e continuam impactando as cadeias globais de suprimentos e os preços das commodities. Em paralelo, as crescentes tensões entre China e Estados Unidos - especialmente no campo tecnológico e comercial - geram instabilidade nos mercados internacionais e exigem um delicado exercício de equilíbrio diplomático dos demais países.

A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos é uma nova variável na equação geopolítica global. As incertezas quanto ao posicionamento norte-americano em questões cruciais - desde acordos comerciais até compromissos climáticos - podem afetar significativamente o ambiente do comércio exterior e exigir readequações nas estratégias diplomáticas e comerciais do Brasil. Tal cenário reforça ainda mais a importância de fortalecermos nossa base industrial e reduzirmos dependências externas estratégicas. Ademais, esse quadro, com potencial aumento expressivo do imposto de importação sobre os produtos chineses por parte dos EUA, levará a desvios de comércio, e o Brasil será um dos estuários desse redirecionamento, com o setor têxtil e de confecção sendo especialmente afetado. Em 2024, por exemplo, a importação de produtos têxteis e confeccionados cresceu seis vezes mais do que a produção e o consumo locais.

O ano de 2025 é decisivo, demandando ação coordenada e determinada em diversas frentes. O desequilíbrio fiscal, a trajetória ascendente da dívida pública e a necessidade de fortalecer a política industrial moderna e competitiva são desafios que precisam ser enfrentados com eficácia e pragmatismo. Não há espaço para procrastinação ou soluções paliativas. O momento exige reformas estruturantes, como a administrativa, que seguiu adormecida em 2024, e medidas efetivas de equilíbrio e bom senso na dosimetria dos juros e política fiscal.

No âmbito político-institucional, enfrentaremos uma agenda intensa no Congresso Nacional e no Poder Judiciário. As decisões tomadas nessas esferas terão impacto direto na capacidade do Brasil de endereçar seus problemas mais urgentes, desde a segurança pública até a manutenção de uma trajetória de crescimento sustentado e sustentável, passando pela criação de um ambiente favorável aos investimentos produtivos e à inovação tecnológica.

Em paralelo, 2025 coloca o País em posição destacada no cenário internacional. A presidência do BRICS oferece oportunidade única para exercermos liderança em questões globais estratégicas, especialmente em um momento de realinhamento das forças geopolíticas mundiais. Ademais, a realização da COP 30 em Belém do Pará, em novembro, reforça o protagonismo brasileiro nas discussões sobre sustentabilidade e mudanças climáticas, tema que ganha ainda mais relevância diante das incertezas sobre o comprometimento das grandes potências com as metas ambientais do planeta e que pode catalisar nossa reindustrialização verde.

O questionável estigma popular de que o ano brasileiro só começa após o Carnaval precisa ser deixado de lado. Os desafios e oportunidades que se apresentam não podem esperar. É imperativo iniciar 2025 a pleno vapor, com senso de urgência e determinação, mobilizando todos os setores da sociedade e do poder público em torno de uma agenda comum de desenvolvimento e segurança. O País não pode, como consta em conhecido verso de Chico Buarque de Holanda, ficar “se guardando para quando o Carnaval chegar”. É hora de manter a sintonia, a afinação, o ritmo e a harmonia no âmbito das agendas prioritárias.

É premente arregaçar as mangas e trabalhar pela construção do futuro que o Brasil merece, tendo em vista não apenas os desafios domésticos, mas também seu papel em um mundo cada vez mais complexo e interconectado. Um país mais forte industrialmente e em outros segmentos da economia será mais resiliente e capaz de garantir bem-estar e vida melhor para sua população.

*Fernando Valente Pimentel é o diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

31ª EDIÇÃO INSPIRAMAIS

worldfashion • 06/01/25, 10:39

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira 21 de Janeiro de 2025 11h às 12h

Coletiva de imprensa - será apresentada uma avaliação do ano de 2024, e as expectativas projetadas para 2025, pelas entidades promotoras do evento - Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel). Além dos dirigentes das entidades listadas, participam da coletiva representantes dos apoiadores do salão, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

13h30 às 14h

Palestras de Inspirações 2026_I - Burnout

Conheça as Etapas 10, 30 e 60% da Metodologia da Pirâmide de Produtos.

Com Walter Rodrigues, Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design do INSPIRAMAIS, falará sobre a metodologia da pesquisa e em especial sobre o tema deste ano, o Burnout e ressalta que a temática da “estética boneca quebrada”, apresenta um quadro depressivo e artificial que reflete na moda, no mix dos estilos vitoriano, com o fetiche de uma sociedade fechada e da ficção científica e da alta tecnologia, com papel preponderante da Inteligência Artificial. Nos materiais, a estética refletiu em amarrações, saltos alongados e pontiagudos, acabamentos com muito brilho e fivelas e zíperes que concedem um aspecto pesado. A temática da pesquisa que deu origem aos mais de mil materiais apresentados no espaço Conexão INSPIRAMAIS, logo na entrada do evento.

14h15 às 14h45

Núcleo de Pesquisa Marca Mateos Quadros

Com Mateos Quadros e Gui Fontana da Designers Mateos Quadros

15h às 15h30

Indústria Têxtil 2030 e 2050 Transformações Urgentes para o Futuro da Moda

Com Priscila Faiad - Consultora e Engenheira Têxtil, Especialista em Qualidade Têxtil e Fornecedores

15h45 às 16:15

Apresentação de materiais produzidos por artesãos na Missão Acre

Com Marnei Carminatti - Consultor do Núcleo de Design e Pesquisa da Assintecal

16h30 às 17h

Moda circular e empreendedorismo vestir, sobre o futuro da indústria têxtil no mundo.

Com Carol Abumrad - CEO e Founder da Trendbox

17h15 às 17h45

Case Lojas Aduana Tradição + Contemporaneidade

Com Felipe Hemb - Diretor lojas Aduana

18h

Origem Sustentável Certificações e Recertificações de empresas de componentes no Programa Assintecal e Abicalçados

Serão conhecidas as mais novas empresas certificadas pelo Origem Sustentável, único programa de certificação de práticas ESG para empresas da cadeia produtiva do calçado do mundo. As entregas acontecem à partir das 18 horas.

Quarta-feira 22 de Janeiro de 2025

10h30 às 11h15

Case da Central Única das Favelas (CUFA)

Organização reconhecida nacional e internacionalmente pela sua atuação nos âmbitos político, social, esportivo e cultural e que busca trazer dignidade para as diversas comunidades do País, com destaque para o projeto ESG - Favela Holding - uma das palestras mais aguardadas da edição.

Com Pablo Dalavera - Coordenador Municipal da CUFA em São Leopoldo e Novo Hamburgo, Eduardo Pereira Cardoso - Coordenador da CUFA em Esteio e Diretor Executivo dos Complexos de Oportunidades e Josemar Denech Analista Senior SEBRAE RS

11h15 às 12h

Case Suntex “Inovabilidade em Foco”

Biomateriais como potencializadores da transformalçao da indústria de componentes da cadeia de valor de laminados biobased.

Com Cenira Verona  Pesquisadora de Inovabilidade,  Márcio Schardong Gerente Comercial da Suntex e Astor Staudt da Nedel Bolas Profissionais.

13h15 às 14h

Talk Tapeçaria Automotiva Tapeçaria Automotiva

Uma apresentação sobre tapeçaria automotiva, o painel será conduzido por Rafael Bonvicine (Cipatex) e terá como convidados Gustavo Araújo (GV Bancos), Leandro Roberto (Leandro Capotaria), Nicole Malagueta (influencer) e Kairon Oliveira (Kairon Race). Na oportunidade, os especialistas falarão sobre aplicações de materiais apresentados no salão no setor automotivo.

14h15 às 14h45

Preview 2026_II - Human Human

Com Walter Rodrigues, Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design do INSPIRAMAIS

15h às 15h40

Preview do Couro 2026_II - Human Human

Com Walter Rodrigues, Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Design do Inspiramais, Marnei Carminatti, Coordenador do Projeto e Consultor do INSPIRAMAIS e Ramom Oliveira Consultor em Gestão de Design do INSPIRAMAIS

16h15 às 16h45 H

ub Conexão Criativa Tecnologias digitais para os desafios mais urgentes na Moda e no Design.

Com Flávia Vanelli, Curadora do Projeto e Consultora em Gestão de Design no Núcleo de Pesquisa e Design do INSPIRAMAIS

O salão é promovido pela Assintecal em parceria com o CICB, Abit e Abimóvel, o INSPIRAMAIS tem a realização do Brazilian Materials e a parceria do Sebrae Nacional.

O evento acontece no Centro de Eventos FIERGS, em Porto Alegre/RS, nos dias 21 e 22 de janeiro de 2025 e as inscrições para o credenciamento estão abertas: https://bit.ly/3DKam3A

da redação com informações da DCR - Assessoria de Imprensa

LEI DO BEM

worldfashion • 13/12/24, 15:56

19 Anos da Lei do Bem: avanços, desafios e o futuro da inovação no Brasil

Por Rafael Costa *

Completando 19 anos de existência neste mês de novembro, a Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005) firmou-se como o principal mecanismo de estímulo à inovação no Brasil, impulsionando a competitividade e o avanço tecnológico nas empresas. Voltada para companhias tributadas pelo regime de Lucro Real, essa legislação oferece incentivos fiscais estratégicos, permitindo a dedução ampliada de despesas com Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Para se ter uma dimensão de seu impacto, dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) revelam que, entre 2014 e 2022, 18.171 projetos foram submetidos à Lei do Bem por 5.588 empresas. Esses números evidenciam como essa legislação tem sido relevante para viabilizar e impulsionar investimentos em inovação no cenário empresarial brasileiro. Contudo, após quase duas décadas de sua sanção, algumas reflexões se fazem necessárias, como quais avanços concretos foram alcançados, quais desafios ainda limitam seu potencial e, principalmente, quais são as perspectivas de evolução dessa política para enfrentar as demandas de um mercado em constante transformação?

Principais marcos e desafios

Do ponto de vista legal, não houve avanços significativos em relação à Lei do Bem, embora alguns Projetos de Lei (PLs) que propõem melhorias tenham sido apresentados. Uma das mudanças mais relevantes na regulamentação, no entanto, foi a exigência de que o MCTI emita um parecer técnico para todas as empresas que solicitam os benefícios fiscais, independentemente de aprovação. Essa medida trouxe mais transparência e previsibilidade ao processo de análise, incentivando a adesão de novas companhias.

Ainda assim, a Lei do Bem enfrenta barreiras que limitam seu alcance. Um dos principais entraves é a exigência de lucro fiscal, que exclui do programa empresas que não apresentam resultados positivos ao final do exercício. Por outro lado, outros programas de incentivo à inovação têm adotado abordagens mais inclusivas.

A Lei de Informática, por exemplo, foi atualizada para conceder créditos financeiros proporcionais aos investimentos em PD&I, independentemente do lucro fiscal. Da mesma forma, o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) também segue essa lógica, permitindo a geração de créditos tributários com base nos gastos em PD&I, sem considerar a variável do lucro fiscal. Essas alternativas demonstram que políticas mais flexíveis têm potencial para engajar um maior número de empresas no ecossistema de inovação.

A adesão regional à Lei do Bem: um panorama desigual

Os dados do MCTI indicam uma distribuição desproporcional no que diz respeito a adesão à Lei do Bem entre as regiões brasileiras. Considerando o período entre 2014 e 2022, o Sudeste liderou com 10.823 submissões, seguido pelo Sul com 5.309. Esse contexto pode ser explicado pela alta concentração de indústrias no Sudeste, que abriga o principal polo econômico do país, além da infraestrutura avançada e a presença de hubs de tecnologia na região Sul, fortalecendo sua capacidade de inovação e desenvolvimento tecnológico.

Em contraste, o Nordeste (849 candidaturas), Centro-Oeste (741) e Norte (449) apresentaram adesão significativamente menor. No caso do Nordeste, os desafios estão relacionados, especialmente, na escassez de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

No Centro-Oeste, apesar da força do agronegócio como principal base econômica, a menor diversificação industrial resulta em uma demanda reduzida por inovações tecnológicas. Já a região Norte enfrenta barreiras ainda mais acentuadas, especialmente no que diz respeito à infraestrutura e à logística. Com uma economia focada no extrativismo, há atualmente uma menor presença de indústrias e centros de pesquisa.

Setores da economia: potencial inexplorado

A adesão setorial à Lei do Bem também varia. Entre 2014 e 2022, os setores com menor participação foram a Agroindústria (1,2%), Construção Civil (1,2%), Papel e Celulose (1,2%), Têxtil (0,9%) e Telecomunicações (0,8%), segundo o MCTI.

Entretanto, embora apresentem baixa adesão, esses setores possuem um enorme potencial de inovação. A Agroindústria, por exemplo, apresenta vastas oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias que aumentem a produtividade, promovam práticas mais sustentáveis e reduzam impactos ambientais.

A Construção Civil, por sua vez, é um campo promissor para o avanço de técnicas construtivas inovadoras e materiais sustentáveis, alinhados às tendências de eficiência energética. Já o setor de Papel e Celulose, poderia aproveitar os benefícios da Lei para aprimorar a eficiência dos processos produtivos e otimizar o uso de recursos naturais, contribuindo para a competitividade e sustentabilidade da indústria.

Na indústria Têxtil, a crescente demanda por soluções de moda sustentável e a necessidade de mitigar impactos ambientais abrem espaço para inovações em processos de produção, materiais ecológicos e tecnologias de economia circular. Por fim, o setor de Telecomunicações, peça-chave na transformação digital e na conectividade global, encontra na Lei do Bem uma oportunidade para desenvolver redes 5G, aplicações de Internet das Coisas (IoT) e soluções de Inteligência Artificial (IA).

Perspectivas para o futuro: a Lei do Bem como vetor estratégico

A cultura de investimento em inovação no Brasil ainda é incipiente, limitando a plena utilização dos benefícios previstos na Lei do Bem. Em muitos casos, as empresas enxergam o incentivo apenas como um meio para o fim e não um fim para o meio, ou seja, não se trata de uma mera forma de recuperar impostos, mas sim um importante catalisador de transformação tecnológica e competitiva.

Nesse sentido, as consultorias especializadas têm desempenhado um papel estratégico, ajudando empresas a navegar pelo processo de adesão à Lei do Bem com eficiência e segurança jurídica. Para além do compliance, é fundamental que as organizações integrem a inovação em suas estratégias centrais, rastreiem seus projetos de forma sistemática e tratem a Lei do Bem como um instrumento para alcançar sustentabilidade e vantagem competitiva.

No âmbito governamental, avanços estruturais, como revisão da exigência de lucro fiscal, podem ampliar o alcance da Lei. É igualmente relevante que o incentivo seja inserido no contexto da reforma tributária, considerando potenciais impactos decorrentes da reestruturação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).

O fato é que a inovação se tornou um pilar estratégico para o fortalecimento da nova indústria brasileira e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico do país. Enquanto as entidades governamentais buscam equilibrar prioridades emergenciais, a expectativa é que a Lei do Bem receba atenção renovada, sendo aprimorada como parte de uma agenda ampla de incentivo à inovação. Empresas e governo, juntos, precisam enxergar a inovação não apenas como um custo, mas como um investimento prioritário para alavancar o desenvolvimento do futuro do Brasil.

*Rafael Costa é Director Latam Hub do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financiamento à Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).