No último dia, Dragão Fashion fecha com chave de ouro
admin • 30/04/10, 18:49No último dia de desfiles do Dragão Fashion Brasil, o estilista Melk Zda impressionou com a coleção que explorou o universo da carpintaria como argumento para o resgate de técnicas artesanais e laboratoriais. As mesmas foram desenvolvidas pelo próprio estilista no seu ateliê e aplicadas com maestria no vestuário.
Telas estruturadas, porém maleáveis, criadas a partir da folha de madeira, foram utilizadas para a construção de jaquetas femininas diáfanas. Até mesmo os pregos de madeira e as dobradiças de metal das portas foram referência, ora decorativa ora funcional. Técnicas da marchetaria apareceram reinterpretadas na modelagem geométrica, ao mesmo tempo anatômica. Tecidos tecnológicos de aspecto empapelado e plastificado foram misturados aos naturais como a seda rústica e a lã, ambas processadas e modificadas pelo estilista. Porém, a surpresa maior ficou por conta da versatilidade das peças que se multiplicavam e possibilitavam diversas aplicações, como o casaco que virava vestido e a saia que revelava seu avesso.
O Glam Rock dominou a coleção da marca cearense Dona Florinda que abusou do brilho metálico e trouxe um glamour sublimado, reforçado pela presença da modelo/VJ Mary Moon. Ícones deste estilo apareceram repaginados como a clássica jaqueta Perfecto, que veio desconstruída e usada como referência para coletes e blazers boyfriend. Microssaias e hot pants, usadas como sobreposições, acompanhavam a modelagem colada ao corpo das leggings, skinnys e jeggings. Na parte de cima, a silhueta solta e fluida chamava atenção para decotes e mangas. O tema principal continuou reforçado na estampa com tablóides de celebridades e na imagem do personagem Ziggy Stardust, aplicada em maxi-camisetas. Ainda assim, a alfaiataria trouxe ruídos fora do contexto, como as inspirações militares e as padronagens tweed e pied-de-poule. O Glam brilhou de verdade nos efeitos dos tacheados, molhados, paetizados e serigrafados.
O estilista Ronaldo Silvestre apresentou uma coleção confusa na mistura aleatória de referências da moda ainda que bem trabalhadas na modelagem e na alfaiataria. Formas femininas como o godê, o tomara-que-caia, as mangas princesas e os babados construídos no tule, além dos brocados, estampas florais, rendados, perolados e transparências foram trabalhados na improvável parceria com a camisaria masculina e culminaram em sobreposições, ora interessante ora desestabilizadoras. Chamou atenção o efeito tromp l’oeil do abotoamento enviesado de algumas peças, assim como a assimetria e a incompatibilidade dos lados desiguais da mesma roupa. Curiosas, ainda, as calças e bermudas masculinas de modelagem desconstruída, que davam a impressão de sair uma de dentro da outra.
O último dia do evento, que abriu com a apresentação dos novos talentos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (SP), Universidade Federal do Ceará (CE), esta última vencedora do concurso novos talentos, trouxe ainda os desfiles dos estilistas Cristiane Gomes, Gustavo Silvestre e fechou com chave de ouro com o apoteótico Lino Vilaventura. Astrid Façanha
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