World Fashion edição 158

Paulo Delegá é diretor da Vendere, agência digital de criação para sites, redes sociais e marketing de conteúdo. www.vendere.com.br O N L I N E Por Paulo Delegá Ovelho (e bom) e-mail Mesmo nestes tempos de alta das redes sociais o e-mail pode ser uma boa ferramenta para seu marketing O ELEFANTE NO MEIODA SALA Para falarmos de e-mail como ferra- menta de marketing, temos que men- cionar logo o óbvio: eu, você e o resto da humanidade detestamos receber e-mails de marketing não solicitados, o infame spam . Você chega ao escritório na segunda-feira pela manhã e, ao abrir sua caixa postal, é aquela fila de bizarri- ces e ofertas que não interessam: limpe seu nome no Serasa; veja fórmula infalí- vel para ganhar na Mega-Sena; conheça o plano de saúde de apenas R$ 29,99 por mês, etc. Por mais que você calibre os filtros do seu programa de correio ele- trônico, há sempre alguns indesejados que conseguem passar. Mas se as pessoas rejeitam spam , por que os spammers continuam envian- do-os? Acontece que é quase de gra- ça mandar quantidades gigantes de e-mail. Então, mesmo que a taxa de aceitação seja baixíssima, pode haver retorno para quem os envia. Por exem- plo, para o fabricante da fórmula que faz você emagrecer sem sentir fome e sem fazer exercício, mandar um milhão de e-mails é muito barato e mesmo que apenas, digamos, 0,01% caiam na con- versa e abram o e-mail, são 100 pessoas. E dado que elas já mostraram um pri- meiro interesse no assunto ao abrir o e-mail, se a lábia comercial for razoável, pode-se esperar que, dessas 100 pes- soas, pelo menos umas dez comprem e paguem, com lucro, o projeto. É fácil perceber que apesar da possibi- lidade de algum lucro, a prática de sair mandando e-mails indiscriminada- mente é contraproducente para qual- quer empresa preocupada com sua reputação, porque em troca de um mí- nimo retorno vai incomodar um nú- mero enorme de pessoas. Além de ser questionável eticamente, pode até ser ilegal em alguns casos. Mas, infeliz- mente, isso não detém o perpetrador que não está preocupado em queimar seu nome no mercado: ele quer algum faturamento de curto prazo e depois na próxima ação usa outro nome, ou ata- ca uma lista diferente de destinatários. PROCURAR SARNA PRA SE COÇAR Mas, se existe esse risco do envio de e-mails de marketing ser malvisto, ser considerado spam , por que você deve- ria se preocupar em incluir o e-mail no seu portfólio de comunicação? Porque é uma mídia barata e universal demais, para ser simplesmente ignorada. Talvez seja a mídia mais universal da Internet. Apesar do crescimento de ferramen- tas de chat e mensagens de texto como Whatsapp e Snapchat, estima-se que em 2016 havia cerca de 2,7 bilhões de usuários de e-mail no mundo e que até 2020 esse número chegue a 3 bilhões. Um motivo para isso é que o e-mail é a principal forma de comunicação empre- sarial, interna e entre empresas. Outro motivo é que o e-mail também é uma fundamental ferramenta de notifica- ções entre vendedores e consumidores no comércio eletrônico, levando reci- bos, faturas, conhecimentos de trans- portadora e documentos similares. Além disso, o endereço de e-mail fun- ciona, em muitas relações na Internet, como um documento de identidade, ha- bilitando o acesso da pessoa a sites e aplicações, como nas redes sociais, por exemplo: para entrar você precisa ca- dastrar um e-mail e uma senha. Então, por maior que seja o crescimen- to de outras mídias, esse importante pa- pel na comunicação formal das pessoas (emprego e empresa, transações de co- mércio eletrônico e identidade na Inter- net) faz com que todo mundo mantenha e use suas contas de e-mail e vá conti- nuar assim por muito tempo. A ESPADA DE ALEXANDRE O nó górdio que todo marqueteiro digi- tal enfrenta então é que seus clientes, atuais e potenciais, certamente têm e usam e-mail regularmente, mas de- testam receber e-mails de marketing não solicitados. O que fazer? A respos- ta está nas palavras chave “não solici- tados”. As pessoas se incomodam com uma coisa que tenta se impor a elas, que elas não pediram, mas ninguém se incomoda de receber uma coisa que pediu. Pelo contrário, fica satisfeita por ter tido seu pedido atendido. O primei- ro passo, então, para usar e-mail como ferramenta de marketing é conseguir que o público peça para receber seus e-mails; que voluntariamente se cadas- tre para recebê-los. Depois, para hon- rar essa confiança, é importante esta- belecer uma relação honesta, ética com esse público: sempre corresponder o tí- tulo do e-mail ao conteúdo, enviar só o conteúdo prometido/aceito pela pes- soa, ter sempre um link no e-mail para a pessoa desistir de receber a qualquer hora e jamais usar o endereço de e-mail para qualquer outra coisa, que não para o envio dos e-mails que a pessoa autori- zou. Além de total cuidado com o sigilo e privacidade destes endereços. Assim, um possível projeto para usar e-mail na sua comunicação de marke- ting pode ser simplificado para três etapas: 1) Descobrir qual seria o con- teúdo que seus clientes atuais e po- tenciais poderiam gostar de receber por e-mail. Notícias? Dicas de espe- cialistas? Tutoriais? Cupons de des- conto e promoções? A partir daí criar uma newsletter – “jornalzinho eletrô- nico” periódico – com esse conteúdo. 2) Usar os seus outros meios de comu- nicação para oferecer ao público se cadastrar na sua lista de envio. 3) En- viar periodicamente por e-mail a ne- wsletter para a lista de cadastrados. Newsletters bem feitas podem obter ótimos resultados na conversão, fide- lização e satisfação de clientes, mas não quero dar ao leitor a falsa impres- são que a implementação de uma ne- wsletter eficaz seja fácil. Como para quase tudo na vida, executar o plano demora mais, dá mais trabalho e custa mais caro do que foi previsto. Porém, se você for ético, honesto e trabalhar duro, também como para quase tudo na vida, você terá sucesso. 37 158

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